Capítulo 14.

7K 583 166
                                    

Mariana.

Diminuí o volume da televisão pra não acordar o Pedro que tava dormindo do meu lado e coloquei no canal da Globo pra ver a minha entrevista.

Correu lindamente, me senti super confortável com todo papo que rolou e melhor, a entrevista ainda me trouxe mais clientes.

Tava tudo bom demais pra ser verdade, que medo de alguma merda acontecer do nada na minha vida.

Desliguei a tv quando terminou a entrevista e fui fazer as minhas higienes, a Dri me chamou pra conhecer a agência de Marketing dela e eu nunca conseguia arrumar tempo com todos esses eventos rolando, agora que a minha agenda tá mais flexível eu vou.

Avisei pro Pedro que tava saindo depois de me vestir e peguei a minha bolsa, saindo do quarto.

Peguei uma sanduíche no refeitório pra comer no caminho e fui pro estacionamento daqui do hotel, andando na direção do Land Rover Discovery cinza. Chegando lá, dei algumas batidinhas no vidro e a Drika destravou as portas. Abri a do carona e me sentei no banco, já colocando o cinto.

-Que carro maravilhoso, Drika.-Era lindo real.

Drika: Maravilhoso é esse teu perfume, amiga. Também quero.-Falou jogando o cabelo pra trás e ligou o carro, saindo dali.

-Amiga, tu não sabe como eu tô precisando de curtir um rolê urgente!-Falei após soltar um longo suspiro.

Drika: Como assim mulher, cê não saiu com o Pedro e com a tia Lúcia há três dias?-Perguntou pegando a estrada.

-Sim, mas aquele tipo de ambiente não é a minha vibe. A gente foi num restaurante com comida chata, bebida chata, e gente chata que só sabia falar de dinheiro.

Drika: Credo.-Riu alto.-Nem música pra melhorar o clima tinha?

-Piano amiga, tinha uns cara tocando piano.-Falei e ela abriu o olho mais que tudo, me fazendo rir.

Drika: Orra, Deus me free!-Fez o sinal da cruz rápido enquanto estávamos paradas no trânsito e rimos.-Vamo resolver isso rápido, sexta feira vai rolar aquele bailão de lei lá na favela, só vai terminar domingo.

-Tô mais do que dentro, saudade de balançar essa minha raba de verdade.

Drika: Pra isso existe a foda né.

-Amiga, desde que cheguei só dei umas duas vezes, juro.

Drika: Que absurdo, MARIANA.-Abriu a boca, chocada.-Explica isso aí, nega.

-Ah, eu ando muito atarefada desde que cheguei, tem o corre da clínica, tem o corre do apê, tem o corre das marcas com quem eu trabalho.-Expliquei.-Quando deito na cama meus olhos fecham automaticamente de tão cansada que eu fico e quando acordo já é outro dia.

Drika: Te entendo, nossa, mas o Pedro é bem compreensivo né?-Olhou pra mim e depois pra estrada novamente.-Muitos caras já teriam largado.

-Ele é, amiga. Sempre fala que tá de boa.

▪︎

LUCCA.

Acendi o meu baseado, e a Larissa continuou sentando forte enquanto eu tragava.

Ela fez menção de tocar no meu rosto, só que eu desviei e continuei tragando. Ela suspirou de frustação mas continuou sentando.

Larissa: Ai.-Gemeu manhosa no meu ouvido e quis deitar a cabeça dela no meu ombro, afastei logo.-Essa sua indiferença me faz broxar, sério.-Falou se levantando e eu subi a minha calça rápido depois de jogar a camisinha no caixote de lixo.

-Qual indiferença?-Soltei a fumaça, encarando ela.

Larissa: Você me trata como se eu fosse aquelas puta que tu come na esquina, não demonstra afeto nenhum e quando eu tento tu já vem cortando a minha vibe.

-Alguma vez eu te prometi algum bagulho, Larissa?-Perguntei e ela negou com a cabeça.-Ah bom, tu resolveu dar pra mim mermo sabendo que disso não ia passar e agora tá nessas...

Larissa: Mas eu pensei que com o tempo isso ia mudar, só que é o contrário, cê só fica mais e mais distante.

-Para de pensar então, loira. Esse não é o teu forte.

Quando ela ia falar, a porta da boca foi aberta, revelando o Ht.

Ht: Tô precisando trocar uma idéia contigo.-Falou olhando pra mim.-Sozinho, pô.-Falou, dessa vez olhando pra Larissa e ela saiu.

-Solta o verbo, rapá.-Peguei a garrafa de conhaque e despejei o líquido no copo, vendo ele se jogar no sofá.

Ht: Quê?-Passou os braços por baixo da cabeça e eu olhei pra ele confuso.

-Tu não queria trocar uma idéia?

Ht: Ata, só queria aquela mina fora daqui mermo, pô.-Riu.-Não gosto dela, não sinto verdade nela, acho ela incoerente, ela está onde lhe convém e aqueles bagulho tudo que a mina do bbb20 falou que eu não lembro.-Abriu mó bocão, bocejando.

-Ninguém te perguntou.

Ht: Não é comendo essa loira sem sal que tu vai esquecer uma preta cheia de tempero como a Marimari.-Falou e fez o símbolo da cerquilha com os dedos.-Hashtag falei, tô leve.

-Ih, carai.-Dei um gole na bebida.-Quem falou que o bagulho tem a ver com a Mariana?

Ht: E por que caralhos você estaria aqui e não lambendo o chão onde a ela pisa?

-Mariana não quer saber de mim, Ht. Já era, filhão.-Virei o resto da bebida, que desceu rasgando na minha garganta.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora