Capítulo 25.

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Mariana.

Depois de falar com o doutor eu me desesperei mais ainda, ele não falou o que eu queria ter ouvido.

Saímos da sala dele e eu pedi pra minha mãe esperar por mim no carro enquanto eu ia pro banheiro.

A maldita vontade de chorar veio de novo, por estar longe da minha mãe eu deixei que algumas lágrimas rolassem, mas logo joguei uma água no rosto e me recompus do jeito que deu.

Fui pro estacionamento, vendo a minha mãe com a cabeça apoiada no vidro do carro e ajudei ela a entrar.

Era tão doloroso ver ela desse jeito, eu tava tirando forças da puta que pariu pra me manter forte diante dessa situação, a pior sensação desse mundo é querer chorar e ter que ficar segurando pro outro não se desesperar mais ainda.

Depois de chegar em casa ela foi deitar na cama dela, eu queria correr pra um lugar longe e gritar até ficar sem voz, chorar até o nível de água no meu corpo acabar.

Lúcia: Deita aqui comigo, filha.-Pediu dando dois tapinhas no espaço vazio do lado dela na cama. Engoli o choro e fui deitar com ela.

-Você vai sair dessa, eu juro pra você mãe.-Entrelacei os nossos dedos e beijei as costas da mão dela.

Falei isso mais pra mim do que pra ela, eu preciso de ouvir isso, eu preciso de acreditar nisso.

Ela concordou com a cabeça e fechou os olhos. Eu fiquei olhando ela dormir, com medo de acontecer algo. Toda hora eu checava se o coração dela tava batendo, se ela tava respirando direito...

Quando ela acordou a noite já tinha caído. Ela foi pra cozinha eu já fui atrás.

Lúcia: Filha.-Pegou nas minhas mãos.-Não precisa ficar me seguindo pra todo lado que eu vou, você precisa ir descansar.

-É, você tem razão.-Suspirei.-Eu vou apanhar um ar, tô precisando mais do que tudo.

Peguei a chave de casa na mesa de centro e abri a porta, saindo. Tava uma noite fria, o céu tava bem escuro.

Fui pra pracinha e me sentei em um dos bancos, passando a mão na cabeça. Coloquei os meus pés em cima do banco e abracei os meus joelhos, sentindo os meus olhos marejarem.

Olhei o Lucca passar com uns homens na calçada que fica de frente pra pracinha e ele recuou, olhando pra mim. Falou algo pros caras e depois veio.

Lucca: Tá fazendo o quê aqui sozinha uma hora dessas?-Perguntou.

-Precisava respirar.

Lucca: Tá tudo bem?-Se abaixou na minha frente, analisando o meu rosto.

Foi só ele fazer essa maldita pergunta que eu desabei, cobri o meu rosto com as mãos enquanto balançava a cabeça em negação e chorava tudo que eu acumulei hoje.

Lucca: Ou, preta.-Tirou a minha mão do meu rosto e eu voltei a cobrir, respirando com dificuldade por conta das lágrimas.-O que aconteceu? Fala comigo, pô.-Acariciou o meu braço.

-A minha mãe tá doente.-Falei baixinho e ele levantou e sentou do meu lado.-Ela tem um tumor no cérebro, eu não quero que ela morra, Lucca.-Ele me abraçou e eu apertei a camiseta dele com toda força que eu tinha.

Lucca: E ela não vai.-Massageou o meu couro cabeludo com a ponta dos dedos e eu fui me acalmando.-Caralho...-Falou me soltando.-E esse bagulho não sai com cirurgia?

-O doutor falou que por ser inicial dá pra operar, porém vai ser oito ou oitenta. Cinquenta por cento de chance dela sobreviver e cinquenta por cento de chance dela morrer.-Falei sentindo um nó na minha garganta.

Lucca: Pô, sei nem o que falar. Eu sinto muito.-Falou limpando as minhas lágrimas e eu fechei os olhos.

Meu estômago fez um barulho estranho, até abri o olho.

Lucca: Cê já comeu?

-Ontem eu almocei.

Lucca: Quê isso, preta. Tu tá chapando? Pode ficar fazendo isso não. Bora.-Levantou e eu olhei pra ele sem entender.-Vem comigo pô.

Levantei também e fui andando atrás dele que parou na frente de um Range Rover pretão com os vidro tudo escuro, ele tirou a chave do bolso da bermuda dele e destravou as portas do carro, entrando no banco do motorista.

Abri a porta do banco do carona e sentei, colocando o cinto.

-Pra onde a gente vai?-Perguntei vendo ele colocar a glock dele debaixo do banco.

Lucca: Te alimentar.-Respondeu abrindo o porta-luvas e tirou de lá um boné, que ele colocou na cabeça, e uns óculos de sol, que ele ajeitou no rosto.

Dei de ombros, e ele começou a dirigir pra saída da favela. Quando pegamos a estrada ele colocou uma música que eu ouvi esses dias e fiquei apaixonada.

-Diz pra mim que hoje não dá pé, que as nuvens não dormem enquanto eu me afago em você.-Cantei, é incrível como escutar uma música q tu curte já levanta o teu astral.-Eu amo essa música, cara.

Lucca: Jean Tassy é brabão mermo.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora