Capítulo 57.

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LC.

-É quinhentos mil em dinheiro vivo ou nada, pô.-Acendi um baseado e deixei o isqueiro de lado, tragando.

Barão: Caralho, isso é muito LC.-Negou com a cabeça.

-Tá achando que a minha quebrada é qualquer coisa, mermão?-Dei risada vendo ele bufar.

Barão: Pô, mas a tua goma vai estar incluída?-Já neguei com a cabeça, soltando a fumaça no ar.

-Nem ia vender a goma, mas se tu quiser eu faço um preço maneirin.

Barão: Maneirin, sei.-Riu dando um gole na bebida dele.-Quanto ficaria a favela junto com a casa? Tu nem vai morar mais lá, ajuda o parça aqui pô.

-Um milhão.-Ele arregalou o olho.-É isso ou nada, mano.-Engoli o fumo e soltei pelo nariz.-Tô sendo generoso até.

Barão: Caralho, imagina se não estivesse.-Riu.-Tua mente é impenetrável, fechou então.-Fez um toque comigo e abriu uma porta, que até então eu não tinha reparado que havia aqui no escritório, depois de se levantar.

Ele entrou lá e voltou com duas maletas grandonas de cor cinza, meu olho até brilhou quando ele botou na minha frente.

Joguei a bituca do baseado na lixeira e ajeitei a minha postura, abrindo uma maleta seguida da outra.

-Aí sim, hein.-Sorri olhando pro dinheiro e contei antes de voltar a fechar as maleta.-Não sei por que tu fica falando à beça, sendo que tem grana pra dar e vender.

Barão: Não é por ter que eu quero gastar, pô.

-Tendeu.-Me levantei e fiz um toque com ele.-A partir de agora tu é o de frente da cidade de Deus, mas ô, só vendi o comando pra tu porque sei da tua essência e pá, não é pra tu deixar o poder subir na tua mente e fuder com a vida dos moradores não porque aí o bagulho vai dar pro torto entre a gente, sacas?

Barão: Saco, pô. Sou responsa irmão, sou disso não.-Balançou a cabeça em negação e me acompanhou até no meu carro depois que eu peguei as maletas.

Os seguranças da casa dele abriram o portão pra mim e eu avancei com o carro, metendo o pé pra fora desse condomínio.

Barão é um playba com alma de favelado, pô. Sangue bom pra caralho, irmão do meu advogado. Quando comentei que tava querendo meter o pé dessa vida mas não sabia pra quem deixar o comando ele já se prontificou.

Deixaria com o Ht de boa, porém o meu mano disse que vai meter o pé junto. Com esse dinheirão que eu recebi e outros setecentos mil que ele tem guardado a gente vai viver de boa até saber o que fazer da vida.

Cheguei numa rua antes da favela e avistei uma viatura da pm. Quando eu ia recuar veio outra por trás, me fazendo ficar entre elas.

Um cana saiu da viatura da frente, ele apontou a arma na minha direção e exigiu que eu destravasse as portas do carro.

Destravei e ele abriu, ergui os braços em forma de redinção e ele me puxou, me jogando no chão logo seguida.

Policial: Lucca Pinheiro você tá preso por associação ao tráfico de drogas, porte ilegal de armas, homicídios e roubos qualificados.-Senti o pé dele nas minhas costas e um bagulho gelado sendo colocado no meu pulso.-Você tem o direito de permanecer calado, tudo o que você disser pode e será usado contra você num tribunal.

Veio mais dois e eles me ergueram do chão, me jogando dentro da viatura em seguida.

O carro começou a andar e eu só pensava que não falei com a minha mulher hoje.

Depois de quase uma hora de viagem a viatura parou na frente da penitenciária Laércio da Costa Peregrino, mais conhecida como Bangu 1, eles abriram a porta e me puxaram pra fora na força do ódio.

{...}

Acordei no mó susto com o barulho da cacetada que o desgraçado do guarda deu na porta da minha cela e fechei a cara legal pra ele que tava olhando pra mim através da mini janela que tem na porta.

Guarda: Atrapalhei o teu soninho de princesa?-Riu debochado e quando eu levantei ele já se afastou.

-Chega mais perto pô, vou mostrar pra tu quem de nós dois é a princesa.-Calado estava e calado ficou.

Aqui é assim, se tu não peitar eles te desrespeita pra caralho.

Guarda: Cê tem visita, bora.-Abriu a portona de metal da minha cela e colocou as algemas no meu pulso.

Caminhamos até o pátio e depois ele apontou pra uma mesa, olhei e vi uma mulher sentada de costas lá. Pelo cabelão e as tatuagens eu já soube que era a Drika.

Dei a volta na mesa e sentei na frente dela, vendo a cara de brava que ela não fez questão de esconder.

Drika: Caralho Lucca, só não te dou um socão porque não posso tocar em você.-Bufou jogado o cabelo pra trás.

-Sabia que tu é linda?

Drika: Linda seria a minha mão na tua cara, mané.-Negou com a cabeça e eu continuei na mó paz.-Caralho, palmito. Como tu foi dar mole assim?

-Aconteceu, pô.-Dei de ombros.

Drika: Mariana já ligou pra mim perguntando por que cê não atende a porra do teu celular.-Bateu as unhas na mesa, fazendo um barulho irritante pra caralho.-O que eu vou falar pra ela?

-Nada, pô. Ela não pode saber que eu rodei, não quero que ela passe nervoso. Eu dou um jeito de arrumar um celular pra falar com ela.

Drika: E quando chegar o dia do parto, Lucca? Tu vai participar por ligação também?-Riu de nervoso.

-Eu dou um jeito.

Drika: Como tu pode estar nessa calmaria? Eu vou ligar pro teu advogado e ver o que ele pode fazer.

-Não.-Neguei com a cabeça.-Eu vou cumprir a minha pena.

Drika: Cê tá chapando?-Me olhou como se eu tivesse louco.-Mais de trinta anos, um absurdo.

-É não.-Falei olhando o guarda vindo na nossa reta.-Confia no processo, pô.-Respondi enquanto era puxado pelo mesmo.

Drika: Te amo palmito!-Gritou e os mano que estavam em volta deram risada.

-Te amo, truta.-Falei pra irritar mermo, ela que começou.-Eu sei andar sozinho nessa porra.-Me soltei do aperto do guarda e fui andando.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora