Nosso Reinício. ‐ Livro II

Capítulo 23.

LC.

Mariana: Oxi, e quem disse que eu vim falar contigo?-Meteu a Kátia mermo.

-E o que mais tu ia vim fazer aqui?-Cruzei os braços e apoiei no poste de luz.

Mariana: Sai daí, maluco.-Pegou no meu braço e me puxou.-Tem medo de morrer não? É perigoso encostar nesses negócio de energia.

-Tá preocupada comigo, preta?-Sorri de lado e ela revirou os olhos e deu de ombros como quem não liga, mas deu um sorriso de canto rápido que eu vi.

Mariana: Já tô arrependida de ter vindo.

-Fica não, bora pra um lugar menos movimentado.-Falei começando a andar.

Mariana: Quê? Fazer o quê? A gente vai ficar sozinho? Como assim?-Fez um montão de pergunta enquanto vinha atrás de mim.

-Conversar, tá achando que é pra fazer o quê?

Mariana: Ah, sim.-Riu.-Claro, vamo.

Preta quando quer ficar sinistra consegue, papo reto mermo. Do nada esse nervosismo todo sem motivo.

Mariana: Eu falei com a minha mãe.-Falou sentando no meio-fio da calçada quando chegamos em uma rua menos movimentada.

-E?-Sentei também depois de ajeitar a glock no coldre.

Mariana: Você não mentiu pra mim.-Ela falou e soltou um suspiro alto.-Mas eu não vou te pedir desculpa, porque isso não anula o que você falou.

-Foi necessário, pô.

Mariana: Isso eu já entendi, Lucca.-Jogou as tranças pra trás e olhou pra mim.-O problema é que você não parece estar arrependido.

-E eu não tô, sabe por quê? Porque foram aquelas palavras que impediram que você cometesse o maior erro da tua vida.-Bufei, passando a mão no cabelo.-E quer saber mais?-Perguntei e ela continuou me olhando com atenção.-Se eu pudesse voltar no tempo eu faria tudo igual, quantas vezes fossem necessárias só pra ver você correndo atrás do teu sonho.

Mariana: Aquilo que você fez comigo foi tudo, menos demonstração de amor. Tinha tanta maneira de me convencer a ir...-Falou baixinho.

-Ah, qual é, Mariana? Cê tá ligada que não tinha, pô. Tá só se iludindo no bagulho. Mas se tu não acredita nos sentimentos que eu tive eu já não posso fazer mais nada. Só eu...-Bati no meu peito.-Só eu sei o que senti por você, Mariana. Foi a coisa mais pura dessa vida, você me fez aprender que amar é sobre pensar no que é melhor pro outro ao invés de pensar no que é melhor pra nós mermo, pô. Colocar a felicidade do outro antes da sua.-Ela abaixou a cabeça e eu peguei o rosto dela entre as minhas mãos, fazendo ela me olhar.-Você pode ficar afastada de mim até quando quiser, eu vou continuar não me arrependendo da minha decisão. Porque o orgulho que eu sinto ao ver você conquistando tudo que sempre quis sempre vai ser mais importante do que a minha própria felicidade.-Falei, e passei o polegar em seu rosto, limpando a lágrima que escorreu.-Toda vez que eu vejo você conquistando mais e mais eu penso que a dor que eu senti ao te ver partir valeu a pena.

Ela fechou os olhos, fungando alto e eu encostei a minha testa na dela ainda com seu rosto entre as minhas mãos. Ela suspirou, se aproximando mais e encostou o nariz no meu, roçando.

Encostei mais o meu rosto no dela, fechando também os olhos e dei um beijo no canto da sua boca. Abri os olhos e roçei os meus lábios nos dela, ela franziu a testa antes de se soltar do meu toque e se afastar com os olhos cheios de lágrimas.

Mariana: Eu...-Limpou a lágrima que escorreu.-Eu não posso, Lucca.-Falou com a voz trêmula, chorando baixinho.

-Chora mais não, preta.-Me aproximei de novo e beijei o ombro dela.-Porra, eu não aguento te ver sofrendo.-Limpei as lágrimas dela.

Mariana: Eu tô noiva, Lucca.-Falou e eu travei. Do jeito que tava, fiquei.-Eu não posso, me desculpa.-Se levantou e eu passei a mão na cabeça.

Gostei de ouvir isso não, mas não podia cobrar parada nenhuma dela. Fui o único causador disso tudo, vou ter que lidar com as consequências das minhas ações.

-Você...-Suspirei, sentindo o meu olho começar a arder.-Você tem certeza de que quer se casar?

Mariana: Não dá pra voltar atrás, Lucca. Eu não posso fazer isso com ele.

-Essa não foi a minha pergunta.-Passei a mão no rosto, desacreditado.

Mariana: Eu-eu tenho.-Falou vacilando, mas eu nem vou insistir no bagulho.

-Jaé, felicidades então.-Me levantei.

Mariana: Tchau, Lucca.-Secou o rosto com a mão e saiu andando.

-Tchau, Mariana.-Respondi vendo ela indo embora dali.