Capítulo 41.

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Lucca.

-Tio Lucca?-Escutei a voz da Luma me chamando e logo ela surgiu, passando pela porta de correr que separa a área da piscina e a sala.

-Fala tu, princesa.-Me virei na direção dela e ela levou a mão no rosto, esfregando os olhos.-Ih, qual foi?-Abaixei e peguei ela no colo antes de voltar a me levantar. Conheço a piveta, logo menos ia começar a chorar.

Dito e feito, ela deitou a cabeça no meu ombro e já senti as lágrimas dela molhando a minha camiseta.

-Quê que tá pegando? Diz pro tio.-Passei a mão nos cachos dela, e aos poucos ela foi se acalmando.

Luma: Eu não quero que a minha mãe morra.-Fungou.

-E quem disse que ela vai morrer? Por que cê tá pensando nisso?-Puxei uma cadeira de plástico e sentei, ajeitando ela na minha perna.

Luma: Ninguém disse e nem é preciso porque eu sei.-Fez biquinho. Essa piveta é a coisa mais linda, papo reto.-Ela já tá velha, será que ela não vai ver eu me casar?-Cruzou os bracinhos curtos.

Comecei a tossir só de pensar na possiblidade dela casar, ela se esticou e começou a dar umas batidinhas nas minhas costas.

-Porra...-Respirei fundo.-Não tá muito cedo pra tu pensar em casamento não?-Ela deu risada e negou com a cabeça, abrindo um sorriso de apaixona.-Olha as ideia, tá sorrindo assim por quê?

Luma: Porque eu já sei com quem vou me casar, vai ser com o yago quando eu ficar de maior.

-Ihhh, pode parando piveta.-Fechei a cara legal, mó nome de otário ainda.-Tu ainda nem saiu das fraldas direito, pô. Nem quando tu ficar de maior, só depois dos trinta e olhe lá.

Luma: Confia, bobinho.-Apertou o meu nariz e começou a rir alto.

O futuro do país aí, tamo tudo fudido nessa espelunca mané!

-Brinca muito.-Puxei o cacho dela e ela meteu o tapão na minha mão.-Bora lá pra dentro que eu tenho que tomar um banho pra sair.-Falei colocando ela no chão e peguei na mão pequena dela, entrando na sala.

Luma: Pra onde cê vai?-Arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços.

Ala, acha que é a minha dona. Todo ciúme que a Mariana não sente, a Luma sente por ela.

-Ver a Mariana, pô.-Falei e ela abriu mó sorrisão, perdendo a marra.

Adora a preta, ela. Vivem juntas pra cima e pra baixo quando ela vem pra favela, esquece até da minha existência quando o assunto é a Mariana, e quando a preta não tá ela vive controlando as mina que falam comigo pra depois contar pra Mariana.

Luma: Aí sim hein, gostei.-Fez um toque comigo e eu dei risada.-Manda beijo e fala que eu tô com saudade dela.

-Jaé princesa.-Beijei a testa dela que sorriu e foi correndo pra cozinha, onde a mãe dela tava.

Subi as escadas e fui pro meu quarto, tomei um banho rapidão e quando saí me trajei todo de lacoste, da cabeça ao pés naquele pique.

Espirrei o meu 212 VIP no pescoço e joguei umas correntes antes de ajeitar a glock na cintura e meter o pé pro meu carro.

-Tô saindo, quero atividade nessa porra.-Falei pros vapores na contenção ao passar pelo portão.-Depois que a dona Benê e a filha dela meterem o pé tranquem tudo direito.

P9: Jaé chefe, fé!

Abri o porta-luvas e tirei o boné, enterrando na minha cabeça, depois de tacar os óculos escuros no rosto e descer o morro a milhão.

Dei uma passada no food truck do seu João e comprei dois podrões e duas cocas, antes de ir pro condomínio onde a preta mora.

Entrei no hall do prédio com a sacola na mão e quando fui dar boa tarde pro porteiro, o lábio dele começou a tremer.

-Me desculpa.-Começou a chorar e eu arqueei a sobrancelha sem entender porra nenhuma.-Eles apontaram uma arma na minha cabeça, eu falei que preferia morrer e eles apelaram pra minha família.-Abaixou a cabeça e começou a chorar mais alto.

-Qual foi tio, tá falando do quê porra?-Encarei ele que tava chorando abaixado e ele levantou o olhar pra mim.

-Uns caras armados vieram aqui, eles me obrigaram a liberar a passagem deles pro andar da dona Mariana, tive que fa...

-CALA A PORRA DA TUA BOCA!-Apontei o dedo na cara dele.-Só não te meto os socão em respeito a tua idade.-Larguei a sacola no chão e fui pro elevador, apertando no andar da Mariana quando entrei.

Do corredor já dava pra ver que rolou uma confusão da porra aqui. Tinha gotas de sangue no chão, as havaianas da Mariana estavam longe uma longe da outra, tinha sacolas espalhadas no chão e quando entrei no apartamento, que já tava aberto, a situação não melhorou.

A parede branca por trás da porta tava com a marca da maçaneta nela, sinal de que tinham batido forte, e na cozinha tinha uma cafeteira jogada no chão.

-MERDA!-Gritei com todas as forças que eu tinha, fui pro elevador e desci passando que nem um furacão até o meu carro.

Soquei o volante, uma, duas, três, tantas vezes que já não sentia os meus dedos.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora