Capítulo 42.

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Mariana.

Fui abrindo os olhos devagar e me assustei ao ver que estava em um local desconhecido.

Tentei me levantar, sem sucesso pois minhas mãos e meus pés estavam amarrados à cadeira na qual eu não tinha percebido estar sentada.

Me mexi, tentando me soltar e o máximo que consegui foi ficar mais desconfortável ainda. As amarrações estavam bem firmes, o que me fazia sentir uma ardência na pele toda vez que me mexia.

Suspirei frustrada e varri o lugar com os olhos. Era tudo rústico aqui, parecia uma cabana e pelo barulho de pássaros lá fora já dava pra ter certeza de que na cidade eu não tava.

Olhei pra janelinha pequena, vendo a lua brilhando lá no céu, o que significa que já é de noite.

Continuei olhando pro lugar e meu olhar foi pra uma mesa cheia de papelada em cima, esforcei as minhas vistas e franzi as sobrancelhas ao ver meu passaporte e uns documentos meus lá.

Escutei uma porta se batendo e olhei pro lado, vendo o Pedro sair com uma bandeja cheia de comida e água em cima.

Pedro: Finalmente você acordou.-Deixou a bandeja sobre um banquinho de madeira e sorriu enquanto caminhava até mim.-Você me deu um susto, mais de cinco horas dormindo.-Fez menção de tocar no meu rosto e eu desviei rapidamente.

-O que é tudo isso, Pedro?-Apontei pros papéis por cima da mesa com o queixo e ele olhou pra lá sorrindo orgulhoso.

Pedro: O primeiro passo para alcançar a nossa felicidade.-Puxou uma cadeira e sentou na minha frente, quando ele tirou a cadeira de lá eu vi uma mala aberta cheia de roupas minhas dentro.

-Dá pra ser mais específico, cara?-Tentei não demonstrar o nervosismo que comecei a sentir.

Pedro: A gente vai embora, só nós dois.-Falou e o meu coração já começou a palpitar.-A gente vai sumir no mundo, esse lugar aqui fez mal pro nosso relacionamento. Vamos recomeçar longe de tudo e todos, porque o amor é assim mesmo, tem altos e baixos. Eu te amo, nunca quis fazer mal pra ti.

-NUNCA QUIS FAZER MAL PRA MIM?-Gritei.-Olha pra mim, Pedro.-Não consegui conter as lágrimas.-Eu tô amarrada, sendo mantida em cativeiro, quase fui afogada e você não quis fazer mal pra mim?-Neguei com a cabeça, fungando.

Ele abaixou a cabeça e coçou a nuca, olhando pro chão. É homem pra fazer todas essas merda, mas pra me encarar que é bom, nada!

Pedro: O cara que tentou te afogar já deve estar servindo de comida pros bichos uma hora dessas.-Deu risada.

-O que deu em você?-Abri a boca, em choque.-Meu Deus, tu não era assim.-Esse não é o Pedro que eu namorei e cogitei casar, ou ele é um psicopata ou sempre foi bom ator.

Pedro: Você me fez ficar assim.-Chegou mais perto, fazendo o hálito dele bater na minha cara.-Por você eu me tornei isso.-Respondeu antes de se afastar.-Tá com fome? sede?-Pegou um copo com água na bandeja e pegou no meu rosto, me fazendo beber.

Acumulei a água até a minha boca ficar cheia e cuspi em seu rosto, fazendo ele bufar de raiva enquanto limpava o rosto com o braço.

Escutei umas vozes lá fora e já comecei a berrar.

-SOCORRO, ME AJUDEM, SOCORROOO!-Gritei a plenos pulmões enquanto me remexia na cadeira e a porta da cabana foi aberta, fechei os olhos aliviada e quando abri foi só ladeira abaixo.

Eram os policiais que me abordaram no outro dia.

Alves: Cala a porcaria da boca ou eu venho te fazer calar por mal.-Apontou o dedo na minha direção e o Pedro deu um tapa na mão dele.

Pedro: Sai fora, tu não fala assim com ela na minha frente não maluco.-Empurrou eles pra fora e bateu a porta com força.

-Em que tu foi se meter Pedro? O que eles estão fazendo aqui?-Não conseguia entender nada nessa merda.

Pedro: A gente tá trabalhando junto pra pegar o bandido do teu ex, graças à internet eles me acharam nas fotos da inauguração da tua clínica e ligaram os pontos, apesar das nossas divergências nós resolvemos fechar em prol de um bem maior; a morte do LC.

-Cês acham que ele é burro?-Coitados!

Pedro: Burro eu não sei, mas, por mais que me custe admitir, ele é apaixonado por ti e faria de tudo pra te salvar, mal sabe ele que amanhã de noite a gente já vai estar bem longe, as únicas pessoas que ele vai achar aqui serão o Alves e o outro lá.-Deu risada, passando a mão na barba por fazer.

Fechei os olhos e pedi a Deus pra proteger o meu amor de toda essa maldade.

-Sai daqui, não aguento mais olhar pra ti seu asqueroso.

Pedro: Eu vou sair sim, mas é só porque tenho que dar uma passada em casa.-Pegou no meu rosto e me deu um selinho à força.-Gw vem controlar ela.-Abriu a porta saindo depois de me mandar um beijo e o tal do Gw entrou.

Abri a boca chocada ao reconhecer ele, era um dos soldados da cdd, aquele que quase me matou no dia que eu fui pra favela depois que eu voltei dos Estados Unidos.

-Como assim mano?-Pensei alto.

Gw: Que foi paty, tá achando que eu ia ficar de boa depois de ter sido torturado pelo LC por tua culpa?-Se jogou na cama que havia ali.

-Isso não é motivo pra se virar contra alguém que tanto te ajudou, e outra, cê mereceu.-Lucca faz demais pelos homens dele, não castiga por pouca coisa.

Gw: É SIM PORRA!-Gritou.-O LC na mesma proporção que é bom, ele é mau.-Negou com a cabeça.-Me juntei com os cana mermo e já era. Além de fuder com a vida dele ainda vou ganhar uma grana da hora.

-Eu tava me perguntando mesmo como os policiais sabiam sobre mim e o Lucca, sendo que a gente é bem cuidadoso fora da favela.

Gw: Mas dentro tinha eu né?-Deu de ombros.-Informava tudo sobre vocês, foi aí que eles descobriram que tu é o ponto fraco dele.

Dei risada e ele me olhou com indignação.

-E depois de ganhar dinheiro tu vai fazer o quê?-Continuei rindo, dando asas à imaginação dele.

Gw: Pegar o comando da cdd, filhona.

Aí que eu gargalhei de vez, saiu até lágrima do meu olho de tanto que eu tava rindo.

-Até eu que não sou envolvida sei que x9 não vai longe, acorda pra vida mano. Quanto mais alto tu sonhar, maior vai ser a queda, hein?-Continuei rindo e ele fechou a cara.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora