Capítulo 18.

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Mariana.

Passei a mão no meu vestido, apaixonada enquanto olhava a minha perna exposta pela fenda lateral dele e parei de enrolar, indo fazer a minha make rapidão porque já tava atrasada.

É hoje que vai rolar o batismo mais disfuncional de sempre. Eu não sei que caralhos a Drika fez pra convencer o padre da igreja católica lá da favela.

Aí cês me perguntam, qual o problema? Bom, o pai e o padrinho da criança são traficantes, os pais não são casados, e a madrinha, eu no caso, não recebeu todos os sacramentos apesar de ser batizada na igreja católica.

Peguei o presente que comprei pro Henri e coloquei na minha bolsa antes de sair do quarto e ir pro meu carro.

Conectei o meu celular no bluetooth do carro e já coloquei a músicaWhole Lotta Money, da BIA pra tocar no último volume. Abri o porta-luvas e tirei de lá os meus óculos de sol da Versace que eu comprei ontem, coloquei no rosto e abri o teto solar pegando a estrada.

Cheguei rápido até, achei que fosse demorar pelo trânsito. Já tinha muita gente conhecida, a minha mãe, a Dri, o Ht, a mãe dele, a dona Paula, a Ana e os filhos dela... Tirando a Drika e o Ht que tavam desejando boas vindas pras pessoas que chegavam, todo mundo já tava sentado.

Chamei o Pedro pra vir comigo e a princípio ele até aceitou, mas foi só falar que ia ser aqui na favela que logo surgiram imensas coisas de trabalho pra fazer.

Falei com todos meio por cima e depois fui pro cômodo afastado onde os padres descansam e tal. Tava só o Henri e o Lucca que tava ajudando ele a fechar o terno.

Os dois tavam a coisa mais linda, o Lucca tava vestindo uma bermuda cargo branca e uma camisa social de manga curta também branca. Quê isso, Brasil?

Respirei fundo, fechando a porta atrás de mim, e o olhar do Lucca foi subindo das minhas pernas até o meu rosto, por ele estar abaixado.

Lembrei da minha pequena recaída no outro dia com a foto dele e já fiquei cheia de vergonha, mesmo sem ele saber. Desviei o olhar, porra se eu fosse branca já teria corado.

-Oi.-Falei só por educação mesmo.

Lucca: Cê tá linda pra carai.-Falou se levantando e eu só sorri, balançando a cabeça.

Fui na direção do Henri que tava mexendo no próprio cabelo.

-Oi meu amor.-Me abaxei na frente dele, ficando de costas pro Lucca e já senti o olhar dele queimando nas minhas costas.

Henri: Oi dinda, tô lindão né? Pode falar.-Falou todo todo, se achando.

-Cê tá sim meu amor, você é lindo.-Falei e abri a minha bolsa, tirando de lá a corrente de ouro com crucifixo que eu comprei pra ele.

Henri: Nunca foi sorte, sempre foi Deus.-Juntou as mãos, dando uma de crente e eu dei risada, colocando a corrente no pescoço dele.

Lucca: Mais palhaço que o Ht, só tu mermo.-Negou com a cabeça e o Henri riu.

Escutamos umas batidas na porta e em seguida ela foi aberta revelando uma moça que, pelo jeito que tava vestida, eu deduzi ser uma acólita.

-Licença.-Entrou.-O padre mandou informar que a cerimônia já vai começar.

-Beleza.-Falei e ela olhou pra mim, o olhar dela parou na fenda do meu vestido.

-Não é muito ético esse tipo de vestuário aqui na igreja, moça. Se quiser eu empresto algo pra se cobrir.

-Ah...-Falei querendo cavar um buraco aqui mesmo pra me enfiar lá dentro, de tanta vergonha.

Levar esporro de crente é outro nível, fico com medo de responder e acabar aumentando a minha sentença lá no inferno.

Lucca: Porra, bandido tá sendo padrinho e o que te preocupa é a roupa dela? Vamo agilizar nega, tenho b.o pra resolver.-Ela só concordou com a cabeça e foi saindo.

Assim que ela saiu o Ht e a Dri já vieram chamar a gente pra ir se posicionar lá na frente. O Lucca pegou o Henri no colo com um braço só e fomos esperar o momento da entrada.

Henri: Que horas isso vai terminar?-Perguntou pra Drika enquanto brincava com o piercing no natiz do Lucca.-Eu tô com fome mãe.

Drika: Logo logo, meu amor.-Se aproximou e deu um beijo na bochecha dele que fez biquinho.-Coisa mais linda da mãe.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora