Capítulo 13.

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Mariana.

Me debruçei com os braços apoiados no guarda-corpo da varanda daqui da minha cobertura duplex e fechei os olhos, sentindo uma lufada de ar fresco vir na minha cara.

Abri os olhos, olhando o mar lá embaixo e peguei o meu celular pra tirar uma foto do dia lindo que tá hoje. Esse cantinho se tornou o meu ponto de paz real, não vejo a hora de me mudar logo. Os operários falaram pra mim que até o fim da próxima semana já vou poder.

Postei a foto no whats e a Doja Cat respondeu o meus status no mesmo segundo, ela falou que logo tem que vir pro Brasil ver essa vista pessoalmente, óbvio que eu incentivei super ela a vir.

Nunca na minha vida eu, Mariana Andrade, achei que fosse ser amiga da Doja, ela pra mim era tipo o tipo de famosa que nunca vai te notar. Mas tava errada, conheci ela em um evento lá em LA e desde então ficamos próximas.

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Meu Status

Meu lugar de paz

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Meu lugar de paz.🧚🏾‍♀️

👁97.

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Coloquei a mão na água da piscina pra ver a temperatura e tava morninha. Com muita dor no coração saí dali e fui pra clínica trabalhar.

Falando em clínica, tá BOMBANDO! Tá sendo o novo surto desse Rio, eu fui muito inteligente em comprar o lote do ladinho do VillageMall, tá sendo muito frequentada por gente que nada em grana, da classe alta.

Só faz uma semana desde que rolou a inauguração e já faturamos vinte mil reais, sem tirar e nem pôr. Imagina se continuar nesse ritmo até o fim do mês? Logo menos vou poder sair por aí gritando "Sou ricaaa."

Passei pela recepção quando cheguei e fui cumprimentar as meninas e os médicos que estavam trabalhando aqui hoje, antes de pegar um café lá na máquina e vir pro meu escritório.

Dei um gole no café, me sentando na minha cadeira e escutei batidas na porta.

-Pode entrar!-Falei ligando o iMac.

Evelyn: Licença, gata.-Entrou e fechou a porta atrás dela.

-Senta aí.-Convidei e ela sentou.

Evelyn: Trouxe uma papelada pra você ler e assinar.-Colocou uma pasta de documentos cheia de papéis na minha mesa secretária.

-Obrigada.

Evelyn: Ah.-Deu um tapa na própria testa.-Já ia me esquecendo, a TV Globo mandou um e-mail perguntando se você teria interesse e disponibilidade pra dar uma entrevista falando sobre a sua história e fazendo um tour pela clínica.

Se eu não estivesse sentada eu teria caído! Minhas pernas não teriam aguentado esse baque não.

-Como que você ainda pergunta, confirma e depois me passa o horário mulher!!-Quê isso, Globo é outro patamar.

Evelyn: Beleza.-Riu, se levantando e saiu.

"Você pode tudo princesa, o que Deus tá reservando pra você é grandioso."

Lembrei do que o meu pai falou pra mim uma vez quando eu voltei pra casa chorando, por ter ouvido da boca da minha professora que pra ser alguém eu teria que nascer de novo, de preferência branca.

ME MAMA, PROFESSORA GLEIDI!!

Dei risada de mim mesma e resolvi parar de enrolar porque tenho pretensão de sair mais cedo hoje pra jantar com o Pedro e com a minha mãe no novo restaurante que o amigo dele abriu.

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O restaurante em si era lindo, o ambiente era agradável, mas sabe quando você não se sente pertencente de um lugar? Então, era eu e a minha mãe, parecíamos uns peixes fora de água com aqueles pratos todos chiques, sem falar nas bebidas...

Apesar de ter tido uma puta evolução financeira, minha vibe ainda é coca e podrão. Meu paladar se recusa a ficar refinado, com fome fui pro restaurante e com fome tava voltando.

Vou me entupir de pizza e coca quando chegar no hotel, e tá tudo bem!

Abracei a minha mãe quando chegamos no portão da casa dela e voltei pro carro depois de ver ela entrando.

Pedro: Até quando a sua mãe vai morar aqui, amor?-Perguntou colocando aquelas músicas clássicas chatas que ele gosta.

O Pedro é negro só na cor de pele mesmo, de vivência ele é tipo aqueles brancos engravatados.

-Ela gosta, então creio que pra sempre né.-Dei de ombros, descendo a ladeira.

Pedro: Como assim pra sempre?-Riu de nervoso e eu olhei pra ele de rabo de olho.-É sério?-Perguntou de novo, quando viu que eu não tava brincando.

-É.

Pedro: Que absurdo.-Negou com a cabeça e eu arqueei a sobrancelha, intercalando o olhar entre ele e a rua.

-Por que absurdo?

Pedro: Olha pra esse lugar amor, se é que pode se chamar de lugar...-Falou mais baixo, numa tentativa claramente falha de tentar impedir que eu ouvisse.-Cê agora é uma mulher importante, amor, é aqui que cê vai trazer os jornalistas quando quiserem conhecer a sua mãe? É aqui que os nossos filhos virão quando quiserem ver a vó?

-Sim, porra!-Falei um pouco alto.-Qual o problema, se esse foi o lugar onde a mãe deles morou?-Perguntei passando pela barreira.

Pedro: Isso não é ambiente pra filho de pessoas como nós, nem por cima do meu cadáver meus filhos vão pisar aqui.

-A gente passa por baixo então nego, dá em nada não.

Pedro: Olha o que esse lugar tá fazendo com você, tá até falando e agindo como uma fav...

-Favelada?-Interrompi ele, rindo.-Eu sou amor, SURPRESAA!-Gritei sem paciência e desviei rápido de um carro que tava na nossa frente e eu quase bati.

Pedro: Você precisa se acalmar, ou a gente vai acabar sofrendo um acidente. Me desculpa, tá? Esquece esse assunto.-Fez menção de tocar em mim e eu desviei rápido.

-Ok, Pedro.-Suspirei também cansada dessa conversa.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora