✗Capitulo 30

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Eu sentia a névoa cinzenta mesclada aos flashes vermelhos nublando cada um dos meus sentidos.

Corpos me cercavam, muitos deles. Apenas vultos movendo-se como se controlados pelo torpor das batidas lentas que reverberam como uma energia pulsante da minha mente para todo o meu corpo. Vozes distintas, todas falando ao mesmo tempo, sob risadas altas de mais. Som de vidro batendo, se quebrando, objetos caindo, ruídos longos de metal se arrastando no chão...

Quis gritar, algo dentro de mim repelindo cada sensação que parecia querer explodir dentro de mim, mas a minha voz não saia, meu corpo não se movia. Então um flash de letras neon brilhou de repente diante dos meus olhos, antes que eu pudesse finalmente conseguir fecha-los.

Quando os abri novamente, havia afundado subitamente no vazio sufocante da escuridão e do silêncio.

Ele também não era acolhedor.

— Eu quero esse. — a voz feminina, suave e aveludada, me vem de forma distante. Lábios vermelhos me sorriem e sinto a ponta de unhas afiadas em meu queixo — Há alguém para dar falta dele?

Reconheço o cheiro de cigarro e de algo amargo infestando os meus sentidos de forma nauseante, mas é a voz áspera que me alcança em seguida que leva um revirar desconfortável ao meu estômago.

Talvez alguns drogados e os vira-latas do bairro.

O que acha de dar o fora daqui, querido?Ao contrario do seu tom, os olhos verdes não eram amigáveis. Buscavam ser, sob uma fachada dissimulada, mas havia uma promessa ali que não podia ser mascarada quando eles caíam sobre mim.

A promessa de que estavam prestes a me arrastar para o inferno.

Eu acordei com o corpo gelado. Juraria ainda está imerso no pesadelo se não fosse pela brisa fria que tocou a minha pele, me forçando a despertar com o arrepio que se propagou por todo o meu corpo

Blue flower...— o nome em letras neon pulou na minha mente, trazendo um gosto amargo ao meu paladar ao ser pronunciado.

Era a primeira informação clara que eu tinha em muito tempo, mas ainda me sentia vagando por um beco sem saída. Me sentia patético temendo sombras, vozes e vultos, precisava de algo concreto a que pudesse me agarrar e lutar contra com tudo o que eu tinha.

Precisava ir a Daegu.

Eu soltei o ar pela boca e esfreguei o rosto, frustrado. Já haviam se passado duas longas semanas de planejamento e eu não havia vacilado na minha decisão por um único instante, embora Changkyun não tivesse desistido de tentar nas poucas vezes em que estava presente.

Pouquíssimas vezes...

Olhei para o espaço vazio ao meu lado e suspirei demoradamente. Tinha me autosabotado, eu sabia disso. Desde que Yongsun descobriu o quão útil o caçador podia ser, Changkyun era escalado para toda busca pelo necessário para a missão em Daegu. Três dias desde sua última saída e nada de voltarem... Eu estava começando a me preocupar.

Irritado por estar pensando de mais em plena madrugada e desperto de mais para ser capaz voltar a dormir, eu empurrei os lençóis de cima de mim e me coloquei para fora da cama, buscando pelas minhas roupas e botas pelo quarto e as vestindo antes de apanhar o meu canivete.

O relogio em cima da cômoda marcava três e meia da madrugada quando eu saí do quarto, caminhando silenciosamente pelos corredores para descer as escadas até a recepção. Jooheon cochilava lá em baixo, roncando com o corpo largado sobre a cadeira e as pernas sobre o balcão, abraçando uma espingarda que esperava nunca precisar usar.

Thriller | Changki Apocalypse!ficOnde histórias criam vida. Descubra agora