Eu ajustei a alça da mochila em meu ombro, respirando pesadamente pelo cansaço da longa caminhada. Ainda não havia anoitecido completamente, o azul clarinho sendo tomado aos poucos pelo escuro, os poucos resquícios do sol no horizonte já não sendo mais vistos de onde estávamos e as copas cheias das árvores já projetavam uma escuridão sombria em tudo sob elas.
Ao meu lado, Jooheon cantarolava e vez ou outra se movia no ritmo, como fazia para espantar o tédio quando estávamos no carro. Eu me lembrava perfeitamente dele ameaçar estourar os meus miolos pouco depois de nos conhecermos, mas já não me parecia mais tão assustador, assim como Hyungwon e, principalmente, Changkyun. Mais a frente, Hyunwoo e Hoseok conversavam entre si, enquanto Minhyuk, Hyungwon e Changkyun caminhavam silenciosamente logo atrás de nós.
— Vamos parar ali. — Hyunwoo falou e eu busquei com os olhos para onde ele indicava. Há poucos metros de nós, havia um lago cercado por pedras grandes. Enquanto caminhavamos até lá, ele explicou que, se tivéssemos problemas, seria um lugar de difícil locomoção para os mortos, além de ser uma área mais aberta quanto as árvores, consequentemente com mais visibilidade para qualquer coisa que se aproximasse — Quem conseguiu dormir durante a viagem, pode pegar o primeiro turno de vigia
— Pode deixar. — Hyungwon confirmou, largando a mochila que carregava ao pé de uma árvore antes de se sentar com as costas apoiadas no tronco, puxar a garrafinha da bolso e beber um longo gole. Eu fiz o mesmo, me sentando com as costas apoiadas numa pedra próximo a margem.
Eu ouvi o banque de uma das mochilas contra o chão e voltei a minha atenção para os outros, vendo Jooheon se livrar apressadamente dos próprios sapatos e das meias em seus pés, logo tirando o seu casaco e puxando a camisa pela cabeça, ao mesmo tempo que caminhava em direção ao lago.
— Joo, a água deve tá congelando. — Minhyuk o alertou com um ar risonho, recolhendo o que o outro havia deixado jogado pelo chão.
— Eu passei quase meia hora arrastando carne podre que pesavam o dobro do meu tamanho do meio daquela estrada, tente me impedir. — ele rebateu, totalmente decidido.
Eu ri, virando a cara rapidamente para não vê o que não deveria quando ele começou a tirar a calça sem cerimônias. Ouvi o som do seu corpo se chocando contra a água e algumas gotículas frias pularam em minha pele. Jooheon emergiu dois segundos depois, lamentando com palavroes, barulhos estranhos e gemidos.
Hyungwon e Changkyun gargalharam e Hoseok gritou para ele sair antes que pegasse um resfriado. Eu tinha certeza de que haviamos quebrado a regra de sermos silenciosos, mas eles não pareceram se importar nem um pouco no momento.
Todos se acomodaram pelo chão, enquanto Shownu, que era o que parecia ter mais energia depois da caminhada, montava uma fogueira. Eu fui me sentar mais próximo ao fogo enquanto ele ainda fazia-o crescer, assoprando e pondo mais gravetos, abracei as minhas pernas e tombei a cabeça para trás, observando o manto escuro repleto de pontinhos brilhantes sobre mim por tempo de mais.
— Essa é uma das poucas vantagens do apocalipse. — eu só notei que Hoseok havia se aproximado e se sentava ao meu lado quando ouvi a sua voz, atraindo finalmente a minha atenção para si — Sem toda a luz artificial na terra, o céu brilha mais. — ele abriu o enlatado de salsichas que trazia consigo com um canivete e o estendeu para mim. — Eu não te vi comer desde que pegamos a estrada.
— Obrigado. — eu aceitei, cruzando as pernas e começando a comer com a mão mesmo — E quais seriam as outras vantagens? — eu perguntei, me referindo ao seu primeiro comentario.
Ele se ajeitou melhor ao meu lado e olhou para o céu que eu admirava anteriormente
— Acho que as pessoas começaram a dar mais valor as outras... Sabe, grande parte da população não só está morta, como está tentando devorar os que sobraram, ficar sozinho não é a melhor opção. — ele deu de ombros e voltou sua atenção para os que estavam do outro lado da fogueira, logo abrindo um pequeno sorriso.
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Thriller | Changki Apocalypse!fic
Fiksi PenggemarKihyun acorda num mundo pós-apocalíptico sem qualquer memória do seu passado. Sem conhecimento de nada sobre si além de um nome e um número gravado em sua pele, ele vai buscar preencher as lacunas em branco da sua mente, enquanto tenta sobreviver ao...