Eu fui o primeiro a saltar para fora da van quando Changkyun a parou próxima ao meio-fio, me certificando de que o caminho estava livre para Yongsun e Hyunwoo levarem Chaeyoung para dentro da casa. Passei na garagem para buscar a lanterna que havia encontrado mais cedo e, quando voltei para segui-los, vi que Changkyun ainda estava na van.
— Você não vai entrar? — eu perguntei. Não haviamos trocado uma palavra desde que ele me deixou sozinho na floresta com os três estranhos, no meio tempo em que voltou com a van e Hyunwoo e nos levou até ali.
— Eu vou ficar de vigia. — respondeu apenas.
Eu assenti, seguindo de forma menos apressada do que estava antes para dentro da casa. Talvez, assim como eu, ele também só precisasse de mais um tempo para pensar sozinho.
Uma vez cercado pelas paredes azuis da sala, eu entreguei a lanterna a Yongguk ao que Hyunwoo e Yongsun acomodavam Chaeyoung no pequeno sofá vermelho para que o enfermeiro pudesse cuidar dela e me afastei, disposto a checar se não havia mesmo nenhum morto — ou pior, aquele tipo de vivos — em algum lugar da casa.
Dando uma rápida olhada pelo andar de baixo, eu então segui para o de cima, checando o banheiro e cada um dos quartos. No último, no entanto, eu acabei sendo atraído para a janela, me apoiando ao lado dela ao avistar Changkyun ainda lá embaixo, agora fora da van, de pé com as costas apoiadas nela e as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans.
Ele era tão bonito...
Minhas paranóias deviam estar certas, eu não era completamente imune a mordida, ela devia mesmo ter me afetado de outra forma. A febre não me matou, mas fritou os meus miolos e eu perdi a capacidade de pensar racionalmente, não havia outra explicação.
Ou eu podia tentar ser mais honesto... Ao menos comigo mesmo.
Ele vinha sendo tão cuidadoso comigo, escondido atrás das suas reclamações e carranca na maior parte do tempo, mas era algo que eu não precisava de muito para enxergar, e salvou a minha vida tantas vezes... Talvez eu estivesse apenas confundindo as coisas, ainda perdido de mais no mundo em que fui jogado tão bruscamente, mas havia algo em seus olhos que continuava me puxando em sua direção, algo no seu toque que fazia eu me sentir seguro e me dava uma certeza inexplicável de que tudo ficaria bem, ao mesmo tempo que criava uma bagunça dentro de mim.
Me arrepiei ao me lembrar do seu aperto em minha cintura e engoli em seco, sabendo que não tinha como voltar atrás. Eu teria que lidar com cada uma das novas sensações que ele me proporcionava.
— Kihyun?
— O que? — eu me surpreendi com a presença de Hyunwoo no quarto em que eu estava, não tendo notado ele entrar.
— Eu perguntei se você está bem. — ele falou, no seu tom sempre controlado.
— Oh, sim! Sim, eu estou... Estou bem.
— Preciso trocar seus curativos.
— E Chaeyoung?
— Eu já terminei com ela, vai ficar bem.
Eu assenti e o acompanhei para sentarmos na beira da pequena cama de solteiro no canto do cômodo. Levantei a minha camisa, apenas o bastante para mostrar o costela onde havia sido a mordida
— Tem certeza de que está bem? — ele voltou a perguntar —Nenhuma tontura, dor de cabeça, alucinação ou sinal de febre?
— Tontura e dor de cabeça, as vezes, mas nada da febre até agora... Também não me lembro de ter tido alucinações em momento algum. — eu me lembrava apenas de ter sonhado, mas qualquer imagem em minha cabeça deixou de ser clara no instante em que eu acordei, sendo aos poucos coberta por uma névoa e levada para longe a essa altura. — Eu sei que é estranho... — comentei um tanto inseguro, sobre o fato de ser possivelmente imune a mordida que devia poder matar todos eles.
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Thriller | Changki Apocalypse!fic
FanficKihyun acorda num mundo pós-apocalíptico sem qualquer memória do seu passado. Sem conhecimento de nada sobre si além de um nome e um número gravado em sua pele, ele vai buscar preencher as lacunas em branco da sua mente, enquanto tenta sobreviver ao...