✗Capitulo 32 | Im Changkyun

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Yoo Kihyun é um filho da puta teimoso.

Eu sabia que ele seria uma dor de cabeça desde o primeiro momento em que encontrei aqueles olhos determinados. Uma coisinha barulhenta, teimosa, impulsiva, obstinada e forte de mais para alguém em um corpo tão ferido e debilitado.

Kihyun tinha mais cicatrizes do que carregava em seu corpo, não era preciso muito para ver, ainda assim, era capaz de sorrir de forma tão bonita e genuína que me intrigou completamente. Seu senso de autopreservaçåo era quase nulo quando sabia pelo que estava lutando e, antes que eu pudesse me dar conta, a baita dor de cabeça havia despertado meu instinto de proteção.

Porque ele era alguém que valia a pena manter a salvo.

Embora esta se mostrasse uma tarefa, no mínimo, ardua, na maior parte de tempo.

Lutar contra aquela cabeça dura era inútil, eu já devia saber disso. Ele estava disposto a se colocar em perigo em toda maldita oportunidade que aparecia em seu caminho. Entretanto, dessa vez, eu não estava confiante de que seria capaz de protege-lo, e eu não me referia apenas a sua integridade física.

Como protege-lo do que estava dentro dele?

Kihyun parecia afundar em um poço cada vez mais fundo dos próprios demônios e eu já não sabia mais como segura-lo. Não sabia o que ele esperava encontrar nos destroços do que havia restado de Daegu, mas o teimoso parecia se recusar a seguir em frente enquanto não tentasse.

Acontece que, muitas vezes, nossas lembranças eram mais destrutivas do que podíamos imaginar. Eu sabia bem. Algumas memórias devem se manter trancadas dentro de nós, numa parte escura e distante para que não pudessem nos alcançar tão facilmente. E era fato que o passado dele estava repleto delas, cercando-o constantemente como malditos fantasmas, por isso eu temia que, o que quer que o caos daquela cidade o trouxesse, acabasse ferindo não apenas o seu corpo, mas o seu espírito. Não podia impedi-lo, no entanto, de correr atrás do que buscava. Tudo o que me restava fazer era me manter ao seu lado, mesmo se precisasse encarar os meus próprios demônios para isso.

Despertei com o som alto de algo pesado se arrastando, a luz do sol disparou subtamente em meu rosto e o peso de algo foi lançado sobre a minha barriga, me levando a me colocar sentado em um pulo desorientado.

— Acordou, princesa? — Jooheon me sorria do outro lado da porta de correr da van e minha mente demorou para processar que deveria xinga-lo.

— Que horas são? — perguntei, minha voz rouca de sono.

— Seis e quarenta.

Joguei a mochila que ele tinha largado sobre mim na sua cara, mas Jooheon a segurou no ar antes que o acertasse.

— Seu filho da puta.

Eu tinha passado a noite inteira checando e testando os automóveis que iríamos usar, me certificando de que nenhum deles seria responsável por qualquer contratempo em nosso caminho, embora eu soubesse que precisava dormir o mínimo necessário, desde que uma daquelas direções seria minha.

— Sem moleza pra você, meu amigo, — ele lançou a mochila de volta para mim, rodou seu taco de baseball no ar e o apoiou no ombro — Yongsun quer a segurança reforçada e os carros carregados até o meio dia.

Porra.

Kim Yongsun tinha me transformado em seu lacaio favorito desde que fui o primeiro a me voluntáriar para a sua operação suicída. Mecânico, rastreador, burro de carga e a melhor opção quando a diaba precisava jogar alguém para um bando de detentos putos da vida. Ela não era a pessoa mais flexível quando se tratava de receber um "não" como resposta e a simples energia que exalava nos lembrava constantemente disso. Por isso, e por outras mil razões, eu sempre preferiria me reportar a Hyunwoo.

Thriller | Changki Apocalypse!ficOnde histórias criam vida. Descubra agora