✗Capítulo 22

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O soar constante das sirenes enchia os meus ouvidos, enquanto eu corrida pelos becos escuros e pútridos da cidade, aumentando o desespero em cada célula do meu corpo conforme se distanciava.

Eu precisava alcança-las, a qualquer custo.

Minha respiração estava ofegante e meu corpo exausto, não apenas fisicamente, sentia como se houvesse um peso em minha mente me empurrando para baixo com todo o seu afinco. Sentia minhas mãos trêmulas e molhadas, mas não era apenas suor, as manchas em vermelho carmesim me alertavam disso toda vez que meus olhos caíam sobre elas.

Era sangue.

E não era meu, sabia disso.

Ouvi o som repentino de algo sendo derrubado no chão pelo caminho atrás de mim e soube que alguém estava perto de me alcançar, me desesperando com a cerca de arames que surgiu em meu caminho. Precisei me arrastar pelo chão para passar por um buraco feito nela e gritei ao sentir uma mão agarrar a minha perna e tentar me puxar de volta.

Não conseguia vê-lo, sua imagem não estava clara para mim, o que só tornava sua presença mais aterrorizante.

O chutei com a perna livre e finalmente consegui faze-lo me largar, apenas para me erguer do outro lado e voltar a correr.

Entretanto, quando olhei para frente, o beco parecia já não ter mais fim, se tornando um caminho infinito para lugar algum.

Então eu fui pego.

Braços me prendendo como amarras contra um corpo grande atrás de mim.

- Não! Me deixe ir! - gritei e me debati, incansavelmente, mas não tive chance. O som das sirenes se perdeu na noite como um último suspiro de esperança e meu pescoço foi preso pelo seu braço e apertado ate eu afundar na escuridão.

Eu despertei em um sobressalto, a respiração rápida me sufocando e meu coração parecendo querer saltar do meu peito. Olhei em volta, para o quarto vazio e escuro, e apertei o tecido que cobria a cama entre meus dedos.

Sem conseguir pensar em nada além de que eu precisava sair dali, chutei o cobertor para longe do meu corpo e me arrastei para fora da cama, atravessando o quarto de forma afobada em direção a porta, abrido-a num puxão e finalmente me encontrando no corredor.

Ainda vazio e escuro.

Eu apoiei as minhas costas na parede e fechei os olhos, tentando retomar o controle da minha respiração, mas o bater de passos pesados em minha mente, como se algo ainda me perseguisse dentro dela, tornou esta uma tarefa impossível.

Angustiado, não pensei duas vezes antes de socar uma das portas fechadas. Pareceu levar uma eternidade, mas Minhyuk surgiu do outro lado. Ele me olhou assustado, mas não me perguntou o que houve, antes de qualquer coisa, apenas me guiou para me sentar na beira da sua cama, alertando Jooheon que ainda estava deitado nela, e se agachou na minha frente, segurando as minhas mãos entre as suas.

- Ei, calma, 'tá tudo bem. Olhe para mim e inspire pelo nariz, está bem? - eu tentei fazer o que pedia, apertando as suas mãos enquanto puxava o ar pelo nariz, acompanhando a forma que ele me mostrava - Comigo. Assim, muito bem.

Foi apenas um pesadelo.

Só um pesadelo.

Gradativamente, consegui me acalmar o bastante para conseguir pensar com clareza, além de todo o medo que eu havia sentido. Eu só precisava que alguém me puxasse definitivamente para a realidade. Sozinho, estava sentindo que seria engolido de volta para o meu pesadelo a qualquer momento.

Thriller | Changki Apocalypse!ficOnde histórias criam vida. Descubra agora