✗Capítulo 7

398 63 41
                                    

Changkyun parecia saber exatamente para onde estava indo quando, há pouco mais de dez minutos de caminhada de onde estivemos, um pequeno chalé surgiu em nosso caminho. Ele me deixou de pé na entrada, para checar se o lugar estava ocupado ou se havia algum cadáver vagando por ali. Abracei meu próprio corpo, tremendo de frio sob as roupas molhadas até ele surgir de volta pelo corredor.

— Vá trocar essa roupa — ele falou, tirando o seu boné e a jaqueta e os jogando sobre o sofá, ela havia impedido que a sua camisa ficasse completamente encharcada e ele não parecia se incomodar tanto com o frio —, deve haver algo que sirva em você em um dos quartos.

— Nós vamos ficar aqui?

— O caminho para a outra casa é mais longo, não tem porquê faze-lo a essa hora debaixo dessa chuva, voltamos pela manhã.

Eu apenas assenti e segui em direção ao corredor de onde Changkyun acabara de sair. Haviam três portas ali, dois quartos e um banheiro. Adentrei o primeiro, encostando a porta atrás de mim enquanto meus olhos vagavam brevemente por todo o cômodo. A única luz era a natural vinda do lado de fora, através da janela de vidro nublada pela umidade e pelas gotas de chuva, mas era o bastante para que eu pudesse me localizar uma vez que meus olhos já haviam se habituado.

Eu tirei o moletom molhado do meu corpo e o deixei sobre a pequena cama de solteiro antes de ir até o guarda-roupa e abrir as portas, vasculhando as gavetas em busca de qualquer coisa quente que coubesse em mim, tentando não pensar sobre a quem aquelas roupas deveriam ter pertencido. Encontrei um conjunto de moletom cinza, um tanto largo em meu corpo, mas ajustando aqui e ali acabou servindo. Me livrei também dos tênis ensopados, ficando descalço mesmo ao constatar que o piso só estava um pouquinho empoeirado.

Quando voltei para a sala, Changkyun acendia a lareira. Eu deixei as roupas e os tênis molhados pendurados numa cadeira próximo a ela, esperando que secassem até amanhã, e fui me sentar no tapete felpudo que se estendia pelo piso de taco, apoiando as minhas costas no sofá e cruzando as pernas, logo sentindo o calor das chamas me alcançar.

— Eu reforcei as portas e janelas e vou ficar de vigia — ele falou ao se sentar ao meu lado —, você pode dormir.

— Eu não consigo dormir, posso ficar de vigia no seu lugar.

Ele franziu a testa e fez menção a falar algo, provavelmente sobre não confiar em mim ou sobre o meu estado acabado - não que o seu estivesse muito melhor -, mas seu olhar logo caiu para as minhas mãos sobre o meu colo.

— O que foi isso?

Eu olhei para a que ele se referia e comprimi os lábios com a lembrança.

— Um deles me atacou assim que sai. Eu consegui enfiar a faca na cabeça dele, mas acabei me cortando.

— E você vai simplesmente deixar sangrando?

Eu análisei o corte, o momento em que foi feito não me deu muito espaço para me concetrar na dor. A chuva havia lavado a maior parte do sangue, mas agora, seco, ele voltara a se mostrar abundante, mas não parecia tão grave.

Sem uma resposta, Changkyun suspirou.

— Espere aqui.

Ele se levantou e sumiu em algum lugar por trás do sofá. Quando voltou, trazia consigo uma caixa de cereais, alguns enlatados e uma garrafa de vidro verde, dando para ver claramente o líquido se movendo lá dentro.

— Achei nos armários. — ele voltou a se sentar ao meu lado, largou o cereal e os enlatados no chão, ficando apenas com a garrafa de vidro, se livrando da tampa dela ao apoia-la na borda da mesa de centro e bater — Me dê a sua mão.

Thriller | Changki Apocalypse!ficOnde histórias criam vida. Descubra agora