Eu fechei a porta do pequeno espaço atrás de mim, deixei a muda de roupas e a toalha sobre a tampa da privada e facilmente me livrei das únicas peças que cobriam o meu corpo.
Apesar das manchas de terra e todo o suor, o que realmente me incomodava era o cheiro estranho do lugar onde estive. Eu o sentia impregnado em cada pedacinho do meu corpo e não via a hora de me livrar dele. No entanto, parei no meio do caminho para a banheira, a minha própria imagem refletida num espelho rachado me chamou atenção.
Eu me aproximei, apoiando uma mão na borda da pia e usando a outra para limpar os resquícios de sujeira no vidro, revelando então a aparência pouco saudável com a qual eu já esperava me deparar.
Meus cabelos eram de um castanho clarinho e a franja quase cobria os meus olhos. Eu joguei os fios para trás, tocando com as pontas dos dedos a pele fria do meu próprio rosto. Eu tinha a aparência de alguém na faixa dos vinte anos, como todos que vi nessa casa até então. Meu corpo, por sua vez, estava magro e palido, com pequenas cicatrizes bastante suspeitas por toda parte. Eu deslizei a ponta dos dedos por uma delas, sentindo o relevo em minha pele.
O que fizeram comigo?
Engoli com força o bolo que se formou em minha garganta e balancei a cabeça para os lados, tentando afastar as diversas possibilidades que preencheram a minha mente num único segundo - nenhuma delas muito boa -, para enfim seguir para a banheira.
✗✗✗
Apesar de tudo, quando sai do banheiro, de banho tomado e vestindo apenas uma calça jeans e um moletom vermelho, eu realmente me sentia um tantinho mais leve, como se a água tivesse levado toneladas que pesavam sobre meu corpo.
Eu passei pelo corredor estreito, repleto de fotógrafias de rostos desconhecidos, e então desci as escadas, encontrando facilmente todos no andar de baixo.
Minhyuk estava de pé ao lado de uma das janelas, afastando a lona que a cobria de instante em instante, como se esperasse algo ou alguém. Hyungwon folheava um livrinho largado no sofá, enquanto Hoseok revirava algo na cozinha e Changkyun estava sentado no balcão que a separava da sala, comendo uma maçã e resmungando de boca cheia pra o maior algo que eu não era capaz de entender.
Eu queria fazer tantas perguntas... Mas não sabia por onde começar e havia me convencido de que aquelas pessoas não teriam todas as respostas.
— Ei! — Hoseok chamou quando me notou parado ao pé da escada — Venha comer.
Eu senti o vazio em meu estômago gritar no mesmo segundo, como se mandasse eu me apressar, apesar de eu não sentir qualquer vontade de comer. Segui para a cozinha e me sentei em um dos banquinhos do balcão em que Changkyun estava sentado, onde Hoseok dispôs uma tigela de sopa quente.
— O que é isso? — eu perguntei, já enchendo a colher e a enfiando na boca.
— Guisado de gambá. — Hoseok respondeu.
— Gambá? — a segunda colherada parou no meio do caminho.
— Seria um cervo, se não tivesse surgido uma donzela em perigo no meu caminho. Não reclama, não. — Changkyun disparou, mordendo a sua maçã.
Eu pensei seriamente em lembra-lo de que nao pedi ajuda alguma - embora realmente precisasse -. Chegou na ponta da língua, mas considerando que ele salvou a minha vida e eu quase o matei apenas minutos atrás, eu decidi que deveria me abster de confronta-lo.
— Pare de importuna-lo. — Hoseok repreendeu, batendo com as costas da mão no braço dele.
— Obrigado por me ajudar. — eu senti que deveria falar — e me desculpe... por... aquilo.
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Thriller | Changki Apocalypse!fic
Fiksi PenggemarKihyun acorda num mundo pós-apocalíptico sem qualquer memória do seu passado. Sem conhecimento de nada sobre si além de um nome e um número gravado em sua pele, ele vai buscar preencher as lacunas em branco da sua mente, enquanto tenta sobreviver ao...