Jooheon não estava contente quando foi deixado no carro com Hyungwon. Ele estava cansado e rabugento e com saudade de Minhyuk, mas Changkyun lhe deu apenas um aperto no ombro em forma de apoio antes de sair.
Nós caminhamos pela orla da praia até achar as escadas de pedra que levavam até a areia. O caminho foi silenciosos, sem grunhidos ou conversa, apenas o bater das nossas botas e a agitação das ondas.
A maré estava baixa quando chegamos até ela, após atravessar uma longa faixa de areia, era possível ver as pedras escuras que em algum momento estiveram submersas pelo mar espalhadas por toda parte. A lua era uma esfera de luz imensa no céu, projetando seu reflexo no oceano, e a brisa era intensa, carregando minúsculos pingos d´água consigo.
— O que exatamente você queria ver aqui? — Changkyun perguntou, a luz da sua lanterna correndo pela areia.
— Chaeyoung me contou que morava em uma cidade litorânea... Busan. — eu lembrei da história da minha amiga, lamentando por um momento que ela não estivesse ali — Ela me disse que o pai dela a levava para observar as ondas e sentir a areia entre os dedos sempre que ela tinha uma prova importante. — fechei os olhos por um instante, sentindo a brisa fria tocar meu rosto — Ela me disse que depois disso, naquela época, os problemas já não pareciam mais tão importantes.
Changkyun me observou em silêncio por um instante.
— Nós temos problemas de mais — ele falou então —, não acho que pisar na areia seja o bastante para esquecê-los.
Eu voltei meu olhar para o oceano, os rastros das ondas correndo pela areia até voltarem ao mar, deixando pequenas bolhinhas de espuma para trás. Não havia qualquer marca por ali além das nossas botas. Foi quando eu me abaixei para puxar uma delas do meu pé, sem parar para pensar muito sobre aquilo.
— Não faça isso. — seu pedido saiu em um tom resignado e eu apertei os olhos em uma careta quando ele disparou a luz da sua lanterna no meu rosto. Eu o ignorei solenemente até tirar minha última meia. No mesmo instante, a onda que correu pela areia finalmente me alcançou, varrendo o meu corpo em um arrepio congelante apenas por cobrir a sola dos meus pés.
— Está tão frio. — sibilei, apertando a primeira coisa que consegui alcançar - seu braço - em um pedido de socorro.
— É, eu imagino. Coloque as botas de volta.
— Não dá, meus pés estão molhados agora. — lamentei, ouvindo o leve soprar e seu corpo se mover em pequenos pulinhos sob o meu toque — Pare de rir!
A luz da sua lanterna me cegou novamente, por apenas um momento, antes de eu sentir um dos seus braços em torno da minha cintura. De um instante para outro, eu estava de cabeça para baixo. Fui jogado sobre seu ombro e carregado como um saco de batatas até ser colocado sentado em uma pedra.
— Lamento frustrar os seus planos — ele começou, se colocando de joelhos na minha frente ao mesmo tempo que tirava o próprio casaco das suas costas —, mas nós só vamos para a praia pra apreciar a vista no inverno. Mantenha suas meias no lugar.
— Você podia ter dito isso cinco segundos atrás, sabe... — eu vi a sombra do seu sorriso enquanto ele usava seu casaco para enxugar os meus pés
— Você teria me ouvido? — Changkyun rebateu então, em um tom leve, e eu apertei os lábios — Nós devemos voltar, está realmente frio aqui. Antes que você decida por outra- — Ele parou quando segurei o seu rosto entre minhas mãos, focando sua atenção em mim. A lanterna tinha sido esquecida na areia, mas a luz dela, junto a da lua, era o bastante para que pudesse ler a indagação em sua expressão. Eu então o beijei, apenas um pressionar de lábios que não durou mais do que cinco segundos. Me afastei de vagar, apenas o bastante para voltar a encontrar os seus olhos.
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Thriller | Changki Apocalypse!fic
FanficKihyun acorda num mundo pós-apocalíptico sem qualquer memória do seu passado. Sem conhecimento de nada sobre si além de um nome e um número gravado em sua pele, ele vai buscar preencher as lacunas em branco da sua mente, enquanto tenta sobreviver ao...