✗Capítulo 20

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Consegui me desvencilhar dos braços do rapaz e o afastar com as mãos em seus ombros. Ele era poucos centímetros mais alto do que eu, os cabelos eram loiros e levemente longos, a parte de cima amarrada para trás, como Minhyuk costumava usar, ele também não parecia ter muito mais do que vinte anos. Sentia que deveria ser cauteloso, ao invés de simplesmente empurra-lo e sair correndo, por mais que fosse isso que a situação estivesse me pedindo para fazer.

— Quem é você?

O loiro riu da minha pergunta, parecia ainda está se recuperando de uma surpresa e demorou processar a seriedade e confusão mantida em minha expressão. Conforme conseguia, o seu sorriso foi murchando.

— Está falando sério? — ele arqueou as sobrancelhas, incrédulo — Jeonghan — apontou para si mesmo, falando num tom óbvio — Yoon Jeonghan. Qual é, fazem só três anos, eu não mudei tanto!

— Três anos? — eu soltei os seus ombros e recuei um passo, estudando o seu rosto por um momento. Tentei pescar em minha mente qualquer resquício de si que pudesse o tornar minimamente famíliar aos meus olhos, mas não havia nada ali. Não era possível que estivesse surgindo uma luz no fim do túnel àquela altura do campeonato, quando eu já estava quase abandonando qualquer esperança de obter respostas. Senti a ansiedade socar o meu estômago e quase saltei para agarra-lo pelos ombros novamente — Você me conhece? De verdade, sabe quem eu sou?

Ele inclinou o corpo levemente para trás e estreitou os olhos.

— O que há com você?

— Os quartos! — Yongguk berrou de repente — Vocês ainda não viram os quartos, precisam se acomodar e guardar logo suas coisas, vamos. — ele começou a arrastar os outros para longe dali, certamente na intenção de nos dar privacidade, assumindo que precisariamos dela pelo rumo da conversa.

— Você vai ficar bem? — Minhyuk indagou para mim, lançando um olhar desconfiado para o estranho.

Jeonghan.

Quem diabos ele fosse.

Eu apenas assenti rapidamente e observei as suas costas enquanto se afastava quando ele se virou para seguir os outros. Quando voltei minha atenção para Jeonghan, ainda pude encontrar o estranho brilho de emoção em seus olhos, mas ele me olhava como se tivesse surgido um terceiro olho em minha testa.

Certo, eu deveria explica-lo.

Suspirei e me afastei um pouco, tirando as mãos dos seus ombros, contendo o ímpeto de disparar mil perguntas em sua direção.

— Escuta, você pode não entender ou acreditar facilmente, mas... Eu perdi as minhas memórias, todas elas. — tentei explicar num tom brando — Então me desculpe se não posso te reconhecer, mas você precisa me dizer exatamente quem você é e me contar tudo o que sabe sobre mim.

Ele absorveu a informação devagar, esbugalhando levemente os olhos e ficando agitado.

— Você... Perdeu as memórias?! Como naqueles dramas exageradamente dramáticos? Como? Por quê?

— Bom, isso... Está entre as coisas que eu perdi, não há muito o que possa explicar. Será que não há um lugar mais reservado onde possamos conversar? — pedi, olhando para toda a movimentação pelo gramado.

Ele confirmou com um aceno e pediu que eu o seguisse. Nós fomos para dentro do hotel e precisamos apenas atravessar a recepção até o que parecia ser um salão de festas, um cômodo grande com papel de parede florido em tons de marrom, um grande piano preto de cauda num canto, dois sofás em outro e um belo lustre de cristal pendurado no teto. As janelas eram todas de vidro, então não precisaram ser abertas para manterem o lugar iluminado quando o loiro fechou as portas duplas de madeira atrás de nós.

Thriller | Changki Apocalypse!ficOnde histórias criam vida. Descubra agora