✗Capítulo 23

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O silenciador limitou o som do tiro a apenas um zumbido, curto e abafado. Eu abaixei a arma e abri o único olho que havia fechado, avaliando a rota da bala.

— Esse não foi tão mal. — Jooheon falou, parando ao meu lado no gramado, apoiava seu taco cercado de arames farpados no ombro e uma mão estava escondida no bolso da jaqueta de couro.

— Você 'tá brincando? Eu acerto qualquer canto, menos a maldita árvore em que eu 'tô mirando. — recareguei a arma, frustrado, mas nem um pouquinho disposto a desistir.

— É questão de prática. — ele disse, despreocupado, confortável de mais com suas próprias habilidades, e então questionou, enquanto eu mirava novamente: — Você quer ir mesmo? Pode ficar ajudando na cozinha e na enfermaria com o Hoseok, ele também não gosta de ter que ficar encarando os mortos. Um desperdício daquele monte de músculos, Yongsun disse, mas ele prefere bater em massa de pão.

Eu puxei o gatilho novamente e abaixei rapidamente a arma quando vi pequenos fragmentos do tronco voarem.

— Foi de raspão, você viu? — esbugalhei os olhos para Jooheon, apontando animado para a árvore. Ele sorriu pequeno. — Eu preciso ir. — respondi a sua pergunta — Preciso ser confiante em estar lá fora, pode não ser sempre que estaremos confortáveis aqui.

— Você está certo. — ele concordou, mas se tornou cauteloso de repente — É que... Você realmente nós assustou ontem a noite, tem certeza de que está bem?

Errei ridiculamente o novo tiro, por pura distração. Abaixei a arma com um suspiro.

— Eu te disse, foi só um pesadelo, nem me lembro mais sobre o que era. —  não acreditei ter soado convincente, mas ele não me questionou mais sobre.

Voltei o olhar na direção de Jooheon quando ouvi um assobio alto. O sol saia de trás do hotel, jogando seus raios em nossa direção, e eu tive que estreitar os olhos e fazer sombra com uma mão para enxergar de longe o pequeno grupo de busca que havia sido formado jogando as armas e mochilas numa caminhonete azul. O assobio havia sido de Yongsun, supus, quem gesticulava para nós dois avisando que era hora de ir.

Mas aqueles não eram os únicos do lado de fora. A minha atenção foi facilmente atraída para o pontinho vestido de preto em meio a todo o verde que atravessava plenamente o gramado em direção as árvores, parecendo pronto para se quebrar de novo.

— Na verdade, você tem razão, eu posso ajudar na cozinha por enquanto.

— Mudou de ideia? Assim, do nada? — Jooheon indagou ao voltar o olhar de onde estava Yongsun para mim.

— Há algo que eu preciso fazer. — apressado, eu entreguei a arma para ele — Se cuida, tá legal? — e não teve tempo de dizer mais nada, porque eu corri para longe.

Diminui o passo conforme me aproximava, para não ser notado tão facilmente, e esperei que Changkyun passasse pelo pequeno cercado de toras de madeira e sumisse entre os arbustos para me apressar novamente.

Alcancei o cercado e passei pelo vão entre uma madeira e outra, contemplando o conjunto de árvores e arbustos uma vez que estava do outro lado.

Não conseguia mais avista-lo.

Eu passei os olhos por todo lado, mas não havia qualquer sinal dele por ali. Por precaução, eu tirei o punhal que carregava no meu cinto, antes de finalmente me embrenhar na mata, ouvindo as folhas secas se quebrarem sob as minhas botas. Ele havia acabado de entrar, não podia estar longe.

— Você não pode seguir um caçador, amor. — eu me assustei com a conhecida voz profunda atrás de mim, me virando em um pulo, sentindo-me pego no flagra — Não sendo indiscreto como é.

Thriller | Changki Apocalypse!ficOnde histórias criam vida. Descubra agora