Six

322 56 53
                                    


Capítulo: O inferno de Kanawut.

O príncipe sentia-se afadigado.

As aulas com seu preceptor eram tão maçantes a ponto de chegar a lhe causar cólera. Esforçava-se para se concentrar nas palavras que seu orientador lhe dizia, mas era impossível quando sua mente divagava, e ele se deixava levar pela letargia do tédio.

Quando não conseguia fugir de suas responsabilidades e se via obrigado a cumprir com suas tarefas, seu dia começava mal e terminava mal.

A voz do Homem soava em seus tímpanos como um zumbido, e ele pegava-se derivando por entre a nébula da lucidez e da inconsciência.

Sentia-se como dantes, mas, diferente do escritor que (segundo o próprio relatou em seus livros/sonetos) 'havia visitado o inferno e terminou no paraíso' Kanawut estava estagnado no seu próprio inferno. E sabe se lá quando poderia gozar do paraíso.

Não é que ele não gostasse de adquirir mais conhecimento, não, nada disso. Mas convenhamos; Passar mais de três horas ininterruptas ouvindo sobre as 'Teorias do Absolutismo' e sobre como Jacques Bossuet associou o regime ao poder de Deus, definitivamente não era o tipo de assunto que de fato lhe interessava.

Tinha muito apreço pelo professor Nicolau, mas sua ideologia era completamente divergente a dele.

No seu subconsciente, perguntava-se se o tal inferno do qual dantes relatou em suas obras realmente existia, e se existia, em quais círculos seu professor se encaixaria?

Por Deus! Kanawut! você diz adorar seu professor, mas se questiona em qual círculo do inferno ele se adequaria?

Totalmente perdido em seu monólogo interior, via-se submerso em um balanço ritmado, divagando em seu universo particular.

***

Mais tarde, com o término de suas atividades enfadonhas, Gulf rumou para um dos quartos do palácio, tendo a visão ampla de todo seu estúdio de pintura. Que fora montado por ele mesmo (E, claro, o Rei não tinha ideia da existência daquele lugar.)

Bom, muito provavelmente ele jamais descobriria. Havia tantos quartos naquele palácio que não se pode contar.

Com às telas expostas, algumas já com sua arte retratada, outras em branco apenas esperando sua benévola solicitude para dar início a sua atividade criadora. Acompanhado por seu avental visivelmente desgastado, Kanawut aproxima-se de uma das telas e puxa o tecido de proteção que a protegia, deixando-a exposta à sua frente.

Junto com sua paleta de madeira em uma de suas mãos e o pincel noutra, o príncipe combina suas tintas com tons quentes e frios, dando início a sua pintura.

Ao longo dos anos, Gulf foi capaz de desenvolver e aperfeiçoar o seu próprio estilo.

Com seus dedos cautelosos, o seu olhar avaliativo deslizava sob a tela, acompanhados de traços extremamente firmes e delicados que expressava com excelência seus sentimentos e emoções através da arte.

Ora ou outra, fechava seus olhos e acionava seu repertório de lembranças, tendo a imagem 'dele' tão clara quanto um cristal em sua mente.

O príncipe estava realmente satisfeito com o que via conforme sua pintura ia ganhado forma e textura. Embora ainda não completamente finalizada, já era possível identificar e distinguir; a textura tão suave quanto uma pluma e tão lisa quanto a escultura de uma pedra polida.

Seu momento de paz fora arruinado quando ouviu um 'rugir' como a fúria de uma tempestade ressoar nas dependências do castelo.

SweetHeart - O Príncipe e o Duque| MewGulfOnde histórias criam vida. Descubra agora