Capítulo: Iceberg
"Há algo em você que eu não consigo alcançar. Ainda que eu tente te ter inteiro, estou ciente de que está em pedaços. Nessas linhas, e em todos meus traços, tento montar seus cacos. - Mew Suppasit."
***
Mew gostava e prezava por sua atitude de sempre seguir com seus princípios éticos. Mesmo quando, na maioria das vezes, se via em situações difíceis que colocava em sérios riscos a prática de suas principais virtudes. Para o duque, não importava a circunstância, ele jamais iria declinar com seus valores morais.
No entanto, diante dos últimos acontecimentos, passou a questionar-se sobre isso com certa frequência.
Tudo por causa daquela maldita carta. E, claro, aquele maldito envelope não era nem a ponta do iceberg.
Honestamente, o herdeiro do ducado pensou por vários momentos que, se aquele momento de sua vida fosse uma embarcação a deriva em alto mar e o tal iceberg fosse seu único e maior inimigo, indagou para si próprio qual porcentagem de chance de sobrevivência teria, caso viesse a enfrentar aquela grande montanha gelada, e tentasse um desvio arriscado e mal calculado.
Parando para pensar racionalmente, como qualquer ser humano centrado pensaria, os números eram incertos e arriscar de forma imprudente colocaria, não só sua vida em risco, como também a de seus tripulantes.
Não. Enfrentar ou tentar um desvio incerto definitivamente não era a melhor opção, tampouco a decisão mais inteligente.
Ponderou.
Novamente, leu atentamente a carta que seria enviada para William, datada em 22/01 do ano de 1770. Mew se pegou relendo e olhando para aquele papel pardo e gasto em suas mãos por inúmeras vezes desde que tomara conhecimento do conteúdo.
A primeira vez em que a leu, fora quando estava na montanha adjacente ao reino de Goldenwood. O choque foi tão grande, que ele não conseguiu sequer abrir a outra carta cujo remetente se chamava Alex, este que tinha um nome que lhe era estranhamente familiar.
Ao fim da leitura, sua decisão havia sido tomada. Então, ele optou por diminuir a velocidade da sua embarcação, calculou bem sua próxima ação e concluiu que faria um desvio seguro.
Pois estava ciente de que agir igual ao inimigo só serviria para lhe dar armas e munições para que o rei pudesse usar contra ele num futuro próximo.
- Mantenha seu inimigo por perto, Mew Suppasit. - Soprou para si próprio internamente.
Tul, que estava sentado a uma curta distância no escritório do duque, o fitava com genuína incredulidade. Claro, a essa altura, Mew havia lhe contado muito superficialmente algumas coisas. Inclusive, sobre sua visita ao reino de Goldenwood e sobre como ele não parava de pensar no comportamento estranho do príncipe durante a luta.
- Parece um pouco aéreo. Na verdade, eu diria que você está quase que completamente desligado de seu corpo e se encontra em algum tipo de coma consciente. Qual das três de suas recentes preocupações o aflige, vossa graça? - O marquês questiona ao que observa Mew com seus olhos lívidos e congelados fixados àquela carta. - Ir ao reino inimigo foi um ato de coragem, mas se William sequer desconfiar, ou essa informação vier a vazar, sabes das consequências, certo?
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SweetHeart - O Príncipe e o Duque| MewGulf
FanfictionSweetheart lhes contará uma história de amor proibido; Gulf Kanawut, o jovem Príncipe de Morpork, vivendo no ano de 1800, tendo suas várias responsabilidades como herdeiro ao trono, guarda um segredo. Mew Suppasit, filho do Duque e futuro herdeiro...