Capitulo 3: Aniversário

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Uma semana depois

Amanhã já é o dia da audiência. Passou tão rápido que nem reparei. Continuei pela minha busca num emprego, mas nada realmente deu certo. Parece que não é isso que o destino quer pra mim, ou talvez ele esteja preparando algo bom. Difícil dizer.

— Daya! – chamo quando a vejo indo para o ônibus.

— Até amanhã. – ela sorri pras coleguinhas e vem em minha direção. — Não sabia que ia vir me buscar.

— Hoje é seu aniversário.

— Eu sei. – ela arruma a mochila e anda — Mas não achei que você se importasse.

— Ei. – seguro seu ombro — Eu sempre me importei. – me abaixo pra ficar na sua altura — Daya, nada mudou. Eu continuo a mesma, se eu escondi de você, foi pra te proteger. Mas sabe o quanto eu sempre me importei com o seu aniversário. – digo e ela suspira olhando para o outro lado. — Não precisa me chamar de mãe senão quiser, eu entendo. Mas coloca na sua cabecinha que eu sempre vou me importar com você.

— Tá bom. – ela me olha dando um sorriso fraco.

— Agora, vamos comprar um bolo bem gostoso pra comemorarmos, o que acha?

— É uma boa ideia – ela sorri.

Seguro sua mão e vamos a primeira confeitaria que achamos. Escolhemos um bolo de Floresta Negra decorado com cerejas e levamos pra casa. Daya chegou, tomou banho enquanto eu arrumava a mesa e esperava Amberly chegar.

— Gostou? – pergunto pra Daya quando coloco o bolo na mesa.

— Sim – ela sorri. — Oii – Daya cumprimenta Amberly com um sorriso de orelha a orelha — Olha, olha.

— Nossaaaa – Amberly diz — Quem fez?

— Amelie foi me buscar e comprou pra mim.

— É um bolo lindo. – Amberly sorri — Feliz aniversário – ela dá um beijo em sua testa e Daya a abraça sorrindo. — Você merece.

Cantamos o parabéns pra Daya que fica toda sem graça colocando as mãos no rosto, mas mesmo assim babando pelo bolo. Ela faz um pedido e assopra a vela, e nós batemos palmas pra ela.

— Parabéns, meu amor – digo beijando o topo de sua cabeça.

— Obrigada – ela sorri.

Parto o bolo em três pedaços generosos colocando cada um em um pratinho e dando a elas.

— Fiquem a vontade. – Amberly se afasta pegando um bolo de chaves indo direto para aquela porta trancada que tanto guarda segredo sobre ela. — Acho que você vai gostar disso. – ela volta me entrando uma câmera. — Mais tarde vamos sentir falta dela nesse tamanho. Então, vamos precisar recordar.

— Ok – sorrio — Juntem. – Amberly agacha perto de Daya que a abraça e as duas sorriem enquanto tiro três fotos. 2 Ficaram lindas.

Mostro as fotos pra elas e quando vou avançar mais um pouco, Amberly rapidamente tira a câmera da minha mão e a olho confusa.

— Sim, ficou boa. – ela olha — Vou comprar uma câmera melhor.

— Gostoso.

Escutamos Daya saboreando o bolo e nós aproveitamos para comer também. Depois de decidirmos o que iríamos fazer, Daya finalmente dá a ideia de vermos um filme. Ela fica no sofá escolhendo qual devemos assistir até escutamos uma batida na porta.

— Pois não? – Amberly pergunta quando abre a porta dando de cara com dois caras de terno e gravata.

— Amelie Parker? – o loiro pergunta já entrando no apartamento.

— Han.. Sim. – digo.

— Precisa vir conosco. – o moreno fala.

— Ela não vai a lugar algum. – Amberly intervém.

O homem loiro mostra a ela um mandato e abre uma pasta com uma ficha. Minha ficha.

— Você é filha de Lincoln Brown, correto? – ele pergunta e apenas assinto. — Ótimo, pode algemar.

— Ei! – digo quando o outro homem, agora de roupa de policial algema meus pulsos.

— Amelie Parker, está presa pelo assassinato de Lincoln Brown. – o homem moreno fala — Você tem o direito de permanecer calada. Tudo o que disser pode e será usado contra você no tribunal.

— Eu exijo um advogado. – Amberly diz.

— Ei, não podem levar ela. – Daya vai até nós — É o meu aniversário.

— Feliz aniversário.

Saio algemada com os dois caras ao meu lado e vamos direto para a delegacia. Não me arrisquei a falar nada, talvez só piorasse a situação. Então fiquei na minha até me colocarem numa sala fechada.

— Tem apenas alguns minutos. – ouço um guarda dizer quando abre a porta e Matt entra na sala.

— Matt? – me levanto e o abraço pegando ele de surpresa. — Por que me prenderam? Eu não fiz nada.

— Algumas coisas mudaram Mel. – ele retribui o abraço, mas somos interrompidos pelo coçar de garganta do guarda. O homem uniformizado nos deixa sozinhos e nos sentamos. — O que disseram pra você?

Por algum motivo, Matt conseguiu conquistar meu carinho. Em uma semana, nas poucas conversas sobre a audiência, criamos um grande vínculo de amizade. Matt me entende como se me conhecesse a mais tempo do que qualquer um, conversa como fôssemos amigos há anos, não me julga, escuta com atenção e me aconselha. Ele até me contou que quando era adolescente, foi salvar um velho que estava atravessando a rua no momento que um caminhão estava passando. Houve um acidente com o caminhão e ele foi atingido pelos materiais radioativos que estavam dentro, como consequência, Matt ficou cego.

— Que era pelo assassinato do meu pai. – abraço meus braços - Mas eu não entendo isso foi há dois meses e Leonard limpou todas as pistas, até o FBI parou de me procurar a mando dele. A única coisa que a polícia arquivou foi uma briga que caiu em cima de mim, mas não disso.

— Mel, você foi à sua casa, não foi?

— F-fui, mas foi só pra pegar uns pertences. – digo — Fui rápido, eu não queria deixar as coisas do meu pai lá.

— Meu Deus, Mel. Não podia ter feito isso. – Matt levanta. — O corpo apareceu – o olho confusa — Ele estava sendo preservado com formol e fenol. Quem quer que seja que desovou o corpo do seu pai no lago, só estava esperando o momento certo pra você cometer um deslize. – ele puxa uma cadeira e senta do meu lado — Depois que identificaram o corpo foram até a sua casa, acharam suas digitais e tudo joga contra você.

— Eu dei um tiro no próprio pé. 5 dou uma risada nervosa. — E o que vamos fazer?

— Não temos exames médicos pra comprovar que estava drogada, mas Tyler conseguiu recuperar os arquivos da 'loja'. – Matt diz. — O juiz vai considerar como provas.

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Matt foi embora e fui trazida a minha cela. Minha colega, uma mulher de cinquenta e poucos, cheia de tatuagens e fedida, estrangulou o próprio filho e ela conta isso numa tranquilidade assustadora. Por sorte, ela não encrencou comigo e nem nada.

Fico deitada no beliche pensando no que ocorreu hoje. Daya deve estar.. Assustada e com raiva talvez. Conheço-a suficiente pra saber que quando algo a atrapalha fica nervosa, assim como eu. Tento colocar esses pensamentos de lado e tento dormir.

SURVIVE - 2 TEMPORADA (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora