Mesmo com a vitória do Tribunal, por causa da noite horrível, a aparição da minha mãe e da comemoração fracassada não consegui pregar os olhos nem um minuto. Parecia que tudo havia desmoronado novamente. Queríamos uma noite tranquila, mas acabou com o desânimo no ar. Devido à bebida, Amberly apagou do meu lado. Chegamos em casa em silêncio e no silêncio nos deitamos. Ela não queria conversar, eu não queria incomodar.
Agora, pela manhã, avisei a Amberly que iria dar uma saída pra ver Tyler e ela se prontificou a buscar Daya no abrigo.
- Mel? Aconteceu alguma coisa? - Tyler pergunta quando abre a porta me dando passagem para entrar.
- Aconteceu. - respondo olhando a sala bem organizada.
- Fala logo, menina. Quem morreu? - olho pra Tyler dando risada.
- Por que acha que alguém morreu?
- Essa cara de enterro só pode ser.
- Não, seu bobo - dou um tapinha no seu braço e Tyler da uma risada leve - A audiência acabou. Fui poupada.
Tyler nem sequer deu tempo de me deixar respirar, simplesmente me pegou e girou no colo como se eu fosse uma boneca de pano. E quando me colocou de volta no chão ficamos abraçados como das vezes que eu sempre precisava de consolo e só de Tyler me abraçar já era suficiente.
- É tão bom saber disso. - ele diz depois de uns minutos. - Eu já estava roendo as unhas de preocupação. E olha que nem tenho onde roer mais.
- Roa as do pé - digo e Tyler faz uma cara de nojo que me faz rir - Eu tentei te ligar ontem - o olho - Mas só caiu na caixa postal.
- Meus irmãos vieram me visitar. - Tyler me puxa para sentar ao seu lado no sofá - Aquelas pestes não largam do meu pé ainda.
- Chama de peste, mas me ama. - um garoto sai de um dos quartos com uma caixa cheia de tralha na mão. - Não sabia que você tinha arrumado outra namorada. Mui bela.
- Eu não sou--
- Desculpe, eu sou o Antony. - o garoto me interrompe e estende a mão, a seguro e ele dá um beijo nas costas da minha mão. Olho para Tyler que está até sem cor agora. - Foi mal interromper qualquer.. Coisa que esteja acontecendo ai. Vou jogar essas tralhas fora.
Antony sai do apartamento tão rápido que não deu nem tempo de falar nada. Ainda por cima, seu jeito desengonçado não parece nada com o de Tyler que é mais centrado e menos extrovertido.
- Foi mal por isso.
- Tudo bem. - dou uma risada fraca - Quando você me contou do Antony eu imaginava eles pequenos.
- Estão maiores do que eu. - Tyler ri - E não tão pequenos porque Henry é dois anos mais velho que você. Quer tomar café comigo? Ainda não comi nada.
- Nem eu e estou morrendo de fome. - nos levantamos e vamos para a cozinha. Como tenho mais intimidade com Tyler, abro as portas dos armários para procurar a farinha pra fazermos panquecas. - Como eles estão?
- Bem, na verdade. - Tyler responde enquanto mistura a massa - Henry acabou de se formar em engenharia. Bruce daquele jeito que você sabe.
- Sei.
Fico um tempo olhando para Tyler, seu semblante está mais relaxado, mas é perceptível como está cansado. Olheiras visíveis só que não tão fundas. Ele também tem um passado que sei que hoje em dia se arrepende todo dia, toda hora. Prova disso é que sempre que Tyler tem contato com seus irmãos é assim que ele fica: cabisbaixo. Principalmente por causa de seu outro irmão, Bruce. Olho o porta retrato na mesinha de centro, um bebê lindo, moreninho e cabelos encaracolados castanhos. Olhos cor de mel como de Tyler e um sorriso gostoso no rosto.
- Devia tentar falar com ela. - digo, fazendo-o parar de mexer a massa sem me olhar.
- Quem?
- Você sabe de quem estou falando. - me apoio na bancada olhando-o. - Tem o endereço dela, não tem?
Tyler volta a misturar a massa e não responde. Acho que acabei tocando em uma ferida não tão boa de lembrar. Prefiro então deixá-lo quieto enquanto termina de fazer a panqueca e pego os pratos pra nos servirmos.
- Eu tenho o endereço dela, ok? - Tyler diz finalmente depois de fritar as panquecas - Mas ela está incomunicável. - ele me olha - Foi meu acordo.
- Já acabou, Ty. Não tem o que prender os dois mais. - dou uma risada fraca - O que pode machucá-la agora?
- Amelie.. - me ajeito desconfortável porque ele nunca me chama assim só quando não gosta de alguma coisa, que é raro. - Eu te contei o que aconteceu, mas você não sabe todos os fatos. Podemos mudar de assunto, por favor?
- Claro. - concordo sem graça.
Sentamo-nos na mesa, sirvo para os dois um copo de suco de morango que achei na geladeira e Tyler coloca as panquecas no centro da mesa. Prefiro comer em silêncio depois desse vexame. Tyler ficou incomodado e eu sei como é difícil pra ele quando alguém cutuca na sua vida passada.
Quando vi Tyler à primeira vez foi no mesmo dia que comecei a trabalhar na loja. Ele estava lá andando verificando se tudo ia de acordo. Não prestei muita atenção porque eu tentava entender tudo que Mateo me explicava sobre o caixa. A garota de quem falávamos trabalhava lá como vendedora, era nova também. Lembro-me dos dois conversando e depois no que deu essa conversa. Ela é uma boa garota que também o ajudou a lidar com tudo que aconteceu.
- Desculpe. - Tyler diz depois de estarmos no último pedaço de panqueca.
- Não, tudo bem. A culpa foi minha.
- Não, não foi. - Tyler respira fundo - Só.. Mel tem muita coisa que eu não te contei. Eu não me orgulho da decisão que tomei de.. - ele faz uma pausa como se estivesse procurando as palavras certas - De ter a deixado ir. Mas isso já tá feito, não posso ir atrás dela.
- Eu entendo. - digo - Desculpe, não foi minha intenção me intrometer. É que é tão estranho te ver sozinho. Aonde você ia, ela estava junto e.. Era feliz. Tinha o Charlie com vocês. Agora você está tão..
- Desanimado.
- É.
- A nossa vida mudou, Mel - Tyler diz cutucando o último pedaço de morango - A sua mudou, a minha mudou, dos meninos mudou e dela também. Por mais que eu tenha a amado muito, a pior coisa que fiz foi tê-la envolvido naquilo. E mesmo que agora tudo acabou e eu estou aqui sossegado ela está melhor onde está.
- Ainda a ama, não é? - dou um sorriso fraco e Tyler me olha.
- Meu coração só tem lugar pra duas mulheres. - ele se levanta - Ela e você. - Tyler passa por mim não sem antes dar um beijo em minha cabeça - Ainda sou apaixonado na medrosa.
- Que contraste - me levanto com os pratos na mão - Ela toda corajosa e eu toda cagona. Você sabe mesmo como variar. - Tyler dá risada enquanto lava a louça. - Brincadeira. - fico do seu lado com um pano de prato na mão pra secar as coisas - Eu também te amo. Ainda é meu anjo da guarda, não se esquece disso.
- Não vou. - Tyler me olha.
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SURVIVE - 2 TEMPORADA (CONCLUÍDO)
Fanfiction𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐎𝐒 𝐃𝐈𝐑𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐃𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐎𝐁𝐑𝐀 𝐄𝐒𝐓Ã𝐎 𝐑𝐄𝐒𝐄𝐑𝐕𝐀𝐃𝐎𝐒. 𝐏𝐋Á𝐆𝐈𝐎 É 𝐂𝐑𝐈𝐌𝐄! 𝖠𝗀𝗈𝗋𝖺, 𝗇𝖾𝗌𝗌𝖺 𝗌𝖾𝗀𝗎𝗇𝖽𝖺 𝗍𝖾𝗆𝗉𝗈𝗋𝖺𝖽𝖺, 𝖼𝗈𝗆 𝖺 𝗃𝗎𝗌𝗍𝗂ç𝖺 𝗉𝖾𝗌𝖺𝗇𝖽𝗈 𝖾𝗆 𝗌𝗎𝖺𝗌 𝖼𝗈𝗌𝗍𝖺𝗌, 𝖠𝗆𝖾𝗅𝗂𝖾...