Capitulo 24: Sinceridade

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Parece que o universo conspira contra mim. Quando a voz de Mateo alcança meus ouvidos meu corpo reage automaticamente contra.

- O que está fazendo aqui? - pergunto.

- Eu como aqui. - Mateo responde com seu tom debochado.

- Vamos, Amelie. - Matt me chama se levantando, acompanho-o deixando o dinheiro do café na mesa.

Matt coloca a mão nas minhas costas e seguimos direto pra calçada. Andamos a passos rápidos pra sair o mais depressa possível. O que menos quero é me envolver numa briga agora na frente de todo mundo. O pior é que Mateo nos segue mais afastado.

Mateo não tinha dado mais sinal de vida depois do sequestro. Achei até que houvesse acontecido algo. Mesmo Guimarães o citando na minha ideia ele estaria longe. Estava mais do que enganada.

Agora que Mateo apareceu sinto que está mais do que na hora de contar a alguém sobre Guimarães. Matt não mora dentro da minha casa, como disse a ele, não faz parte da minha vida 24h. Isso o faz ser a pessoa certa pra quem posso contar.

- Seu coração está acelerado. - Matt diz - O que aconteceu, Mel?

Olho pra trás para ver algum sinal de Mateo. Nada! Ele sumiu de repente. Matt segura minha mão e me leva para um lugar mais afastado. É um armazém com coisas velhas, cheiro de mofo, com uma cadeira. Rastros e marcas de sangue visíveis no chão e nas paredes. Deve ser algum lugar que Matt usa pra interrogar os bandidos ou algo assim.

- Que lugar é esse?

- Um lugar que podemos conversar sem nos atrapalharem - Matt fecha a porta de aço colocando uma tranca. - Eu percebo que tem algo errado desde os últimos dias de audiência. - Matt pega outra cadeira e nos sentamos - Você ficava alterada quando Guimarães estava perto no tribunal, podia disfarçar, mas não conseguia. Ele fez alguma coisa com você? Mel, eu preciso que seja sincera.

Aperto minhas mãos várias vezes sentindo-as soar sem parar. Não por medo de contar ao Matt, e sim de descobrirem que abri o bico e fazerem alguma coisa.

- Ele me encurralou numa sala - digo, olhando pras mãos - Guimarães trabalha.. - mordo meus lábios, respiro fundo e olho pra Matt - Trabalha para o Leonard. Foi.. Ele que ordenou o sequestro com o Mateo.

- Por que não contou antes?

- Porque ele garantiu que ia atrás da Daya. - digo - Atrás de todo mundo que eu conheço. A organização não morreu Matt. Tem nova liderança e estão me caçando.

- Devia ter dito mesmo assim.

- Eu fiquei com medo, Matt. - me levanto - Me observam todos os dias. Toda hora. Tudo o que eu faço e um deslize, uma palavra que eu disser, vai tudo buraco abaixo. - minha voz da uma fraquejada - Guimarães queria que eu desse a guarda da Daya para o Conselho Tutelar porque lá seria mais fácil do Mateo a pegar sem desconfiarem. Eu nunca vou ter paz, Matt. Não importa o que a justiça faça. Leonard tem pau mandado em toda parte. Todo canto. O promotor é um deles. Os guardas do fórum. O único em quem confio naquele lugar é o Kellerman.

Coloco a mão sobre meu peito sentindo algo apertar, o coração parece que vai pular pra fora de tanto que acelera a cada minuto. Mesmo respirando fundo, nada adianta.

- Aquele dia que Guimarães apareceu machucado.. - Matt me olha - Foi você?

- Foi - balanço minha cabeça - Não sei o que faço Matt. Eu estou encurralada. Isso nunca vai parar. Eu não tenho poder pra fazer parar. Estou tão cansada, tão cansada que não sei se aguento mais alguma coisa. Mesmo se eu pegar um avião e sumir do mapa vão me achar.

- Não pode desistir.

- De que adianta lutar? Só vai fazer as pessoas se machucarem.

- Venceu duas vezes - Matt se levanta - Pode vencer a terceira.

- São fantasmas, Matt. Estou lutando com fantasmas. - limpo minha bochecha - Não tenho capacidade de matar todos, são muitos. O novo chefe é invisível, nem sei quem é. Não faz como Leonard que aparecia. Ele só manda. Isso o torna mais letal. Você mesmo sabe disso, quando Fisk só mandava sem aparecer ele causou mais estragos do que quando saiu das sombras.

- Eu entendo.

Ficamos em silêncio depois disso. Milhões de coisas passam na minha cabeça. Matt apenas andando em círculos pensando no que talvez poderia ser feito.

Flashback

- O que você faria senão estivesse aqui? - Tyler pergunta.

Terminamos uma missão complicada que tínhamos começado no início da semana. Tivemos que ir atrás de um mafioso que devia dinheiro pra organização. Foi mais difícil do que esperávamos. Seis dos nossos homens morreram e vários ficaram feridos. Tyler e eu escapamos, ainda sim com vários ferimentos, mas nada que nos fizesse ficar deitados numa maca de enfermaria.

- Não sei. - me deito ao seu lado na cama do seu apartamento. Quando não tenho aonde ir, venho pra cá. Principalmente depois de uma missão difícil. - Talvez tivesse estudado e feito jornalismo.

Tyler está distante depois dos últimos acontecimentos. Sei que tem sido difícil pra ele lidar com tudo. Não é só minha vida que é complicada. A dele consegue ser até mais.

- Você está bem? - pergunto apoiando a cabeça na minha mão e o olhando - Tá distante. Bem distante.

- Eu sei. Desculpe. - ele me olha e dou um sorriso fraco ajeitando seu cabelo.

- Não se desculpe. - brinco com a gola da sua camiseta. - Vem.

Abro meus braços recebendo Tyler que deixa o rosto enterrado no meu pescoço enquanto passo os dedos entre seus cabelos. Ele não anda muito bem ultimamente muito menos animado. Meu aniversário de 19 anos foi a duas semanas e deixei de comemorá-lo pra ficar com ele. Meu pai insistiu pra que comemorasse, mas no fim ele entendeu. Passei o fim de semana todo na casa do Tyler pra tentar anima-lo um pouco.

Flashback

- Vamos resolver isso. - Matt diz depois de um tempo - Vamos juntar o pessoal e você vai contar pra eles.

- Amberly não está.

- Tem Peter e Tyler. - Matt diz. - Precisamos contar pra eles pelo menos. Depois você se entende com Amberly.

SURVIVE - 2 TEMPORADA (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora