Nunca fui muito de usar vestidos, principalmente depois que comecei a trabalhar para Leonard. Sempre tive vergonha de mostrar minhas cicatrizes fundas dos braços e pernas. Mas como é uma.. Ocasião especial, não me importei com isso. Então, optei por um vestido de alcinha vermelho que bate até o joelho. Ele é justo nos seios e cintura, mas soltinho na parte da saia. Confortável até.
— Estou pronta. – digo me virando pra Amberly, que puxa as mangas do terno. — Você fica bem de terno.
Amby optou por um terno preto, que tenho quase certeza que faz tempo que ela não usava. Mas o estilo 'desarrumado' só a deixa mais atraente ou em outras palavras.. Mais gostosa.
— Vamos?
Amberly segura minha mão e saímos do apartamento. O clima está bem agradável hoje. Não venta muito, então é possível andar sem um casaco. Mas ainda sim aquele ventinho de chuva é predominante no ar. Em pouco tempo chegamos num restaurante chique. Já havia ido num desses uma vez a trabalho, então raramente eu comia. Só ficava negociando.
— Deixei reservado pra gente. – Amberly diz quando entramos.
Um dos garçons indica nossa mesa reservada e nos acomodamos. De início, fico meio sem jeito por causa das roupas elegantes que as mulheres usam, bem maquiadas e com os penteados deslumbrantes. Olho o cardápio a minha frente e vejo pratos que nunca havia comido na vida, então para não correr o risco de não gostar de algo, peço um prato de strogonoff de carne e Amberly pede o vinho pra acompanhar.
— Pode atender – digo, quando o telefone de Amberly toca, mas ela ignora. — Trabalho?
— Família.
— Irmão?
— Uhum, mas o papo sempre termina na mesma discussão – Amberly fala sem ânimo — Eu o chamo de mimadinho, ele me chama de teimosa egoísta e continuamos. – balanço a cabeça e bebo um pouco de vinho — Ele não sabe que estou com você. Não pretendo contar tão cedo.
Sinto-me um pouco desconfortável com isso. Seria legal conhecer a família dela, dá impressão que nosso relacionamento é até mais forte com isso, mas eu pretendo não insistir muito nessa questão.
— Aqui é onde eu quero recomeçar a minha vida – Amberly segura minha mão.
— Eu também – digo, dando um sorriso fraco — No fim, foi bom você achar que eu queria dinheiro.
— E eu só estava indo encher a cara – Amberly sorri e levanto uma sobrancelha — Uma pessoa sem propósito não se preocupa em se destruir. Mas ai você apareceu e mudou tudo, para o melhor, mesmo que tenhamos passado por situações bem bizarras.
Amberly e eu ficamos bebendo nosso vinho e aproveitando a companhia uma da outra, com piadas ruins e lembranças até que uma voz conhecida surge na mesa da frente. Tenho vontade de correr quando vejo minha mãe se sentando na outra mesa. Amberly percebe meu estado e olha pra Megan que acena e se levanta vindo em nossa direção.
— Oi – ela nos cumprimenta animada.
— Algum problema? – Amberly se levanta.
— Claro que não – Megan nem se importa e dá o melhor sorriso do mundo pra mim — Como você está?
— Estamos conversando.
— E é um encontro – digo – Poderia ir embora?
— Mel, querida. – ela diz e no fundo meu coração me trai pra pular no colo dela e esperar aquele carinho que ela sempre me deu — Precisamos conversar.
— Vocês não vão conversar. – Amberly entra na minha frente — Vou chamar o segurança.
— Não vai não – Megan se senta ao meu lado e por instinto encolho um pouco minhas pernas. — Eu sinto muito pelo bebê.
Uma pontada de tristeza e culpa tomam conta de mim ao lembrar do bebê que nem cheguei, a saber. Ao mesmo tempo, a dúvida começa a surgir.
— Como sabe disso? Só nós duas sabíamos. – digo e Amberly se senta.
— Sou sua mãe. – Megan responde na maior calma do mundo — Eu sei como se sente. – balanço minha cabeça negando — Eu estava lá, eu sei.
— Você não sabe – Amberly se levanta aumentando o tom da voz, o que fez com que todos nos olhassem — Se soubesse, teria ido confortá-la. – Amberly a puxa pra levantá-la — Eu estava lá. Você não. Agora vai embora.
— Eu não preciso de você – digo — Nunca precisei. – me levanto e Megan coloca meu cabelo atrás da orelha.
— Claro que precisou. – ela dá um sorriso de canto — Lembra quando era pequena? Era em mim que você corria primeiro.
— Ela era uma criança – Amberly responde na minha frente. — Uma criança sempre vai correr para os pais quando tem medo.
— Olha.. – digo – Vai embora, por favor.
— Não pode fugir dessa conversa pra sempre, Mel.
– Claro que posso. Será que eu posso jantar com a Amberly em paz?
— Claro – Megan se dá por vencida — Bom apetite.
Ela se retira voltando para sua mesa, e nós duas voltamos a nos acomodar, mesmo que o clima não esteja lá tão bom agora. Na verdade péssimo. Amberly não quis comer então ficou só bebendo do vinho, já eu, perdi completamente minha fome, mas ainda sim não iria desperdiçar a comida. Parece que o restaurante ficou até desconfortável.
Megan continuou a jantar e conversar com uma mulher de vestido. As duas riam e em alguns momentos ela me olhava com olhos ternos. Eu precisava sair daqui o mais rápido possível, então nem mastiguei a comida direito.
De dentro do restaurante era possível sentir a brisa do clima entrar pelas janelas. O céu fica claro com um relâmpago. Sem prévio aviso, seguro a mão de Amberly e me levanto chamando-a para um passeio. Amberly paga a conta e saímos. Assim que colocamos o pé pra fora do restaurante, pingos finos de chuva começam a cair e corremos para o parque vazio caindo na gargalhada e rindo como duas idiotas.
— Sempre tive curiosidade pra dançar na chuva – digo parando de correr.
Amberly pega minha mão esquerda colocando em seu ombro e segura minha cintura. Começamos a nos mover devagar, mas comigo seguindo seus passos: direita, pra trás, esquerda e pra frente. Pra não correr o risco de pisar em seu pé, acompanho olhando diretamente para seus pés, mas ela levanta meu queixo.
— Pra mim. – Amberly diz — Tá indo bem – ambas sorrimos.
O tempo que ficamos dançando não sei, mas perdi um pouco a concentração quando Amberly finge me deixar cair e me segura, dando um beijo em mim logo em seguida. Não me lembro de muito bem de ter cenas como essas em contos de fadas, ou filmes românticos, mas estou estreando isso pela primeira vez e é ótimo.
Perdendo um pouco a timidez, dou um leve beijo no pescoço de Amberly e nós duas esquecemos completamente que estamos em público, porque Amberly me deita no chão molhado e sujo ficando por cima de mim.
— Acho que vou ter que lavar essa roupa depois.
— Vai – digo dando risada — Já estamos ensopadas mesmo.
— Mais uma desculpa pra você entrar no chuveiro comigo – Amberly da uma risada gostosa.
— Eu vou entrar mesmo – dou um beijo nela e a prendo com as pernas — Mas acho que devíamos voltar para o apartamento e aproveitar que Daya vai dormir fora. – faço uma pausa — E também porque estamos debaixo de chuva.
— Achei que você gostasse – ela ri.
— Eu gosto. – aperto mais as pernas envolta dela trazendo-a mais perto.
— Mas podemos ir também – Amberly da um sorriso de canto e me beija.
— Mais confortável.
Pisco pra ela e nos levantamos. Certificamos primeiro que ninguém viu essa.. Quase transa no meio da rua e vamos embora. Pego a chave do seu bolso e abro a porta do apartamento, dando de cara com nossas coisas reviradas e algumas quebradas.
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SURVIVE - 2 TEMPORADA (CONCLUÍDO)
Fanfiction𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐎𝐒 𝐃𝐈𝐑𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐃𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐎𝐁𝐑𝐀 𝐄𝐒𝐓Ã𝐎 𝐑𝐄𝐒𝐄𝐑𝐕𝐀𝐃𝐎𝐒. 𝐏𝐋Á𝐆𝐈𝐎 É 𝐂𝐑𝐈𝐌𝐄! 𝖠𝗀𝗈𝗋𝖺, 𝗇𝖾𝗌𝗌𝖺 𝗌𝖾𝗀𝗎𝗇𝖽𝖺 𝗍𝖾𝗆𝗉𝗈𝗋𝖺𝖽𝖺, 𝖼𝗈𝗆 𝖺 𝗃𝗎𝗌𝗍𝗂ç𝖺 𝗉𝖾𝗌𝖺𝗇𝖽𝗈 𝖾𝗆 𝗌𝗎𝖺𝗌 𝖼𝗈𝗌𝗍𝖺𝗌, 𝖠𝗆𝖾𝗅𝗂𝖾...