Capítulo XIII

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Não pensaria que minha vida pudesse mudar para sempre. Imaginei que iria acabar dentro daquele buraco, cercada por pedras, ferrugem e completamente largada. Eu havia perdido toda a minha esperança... Até que ele caiu, literalmente.

Antes disso, eu apenas era uma garota da nobreza baixa, uma filha de baronete e uma plebeia. A nobreza baixa não possuía nada de sangue puro, portanto eu nascer não era algo ruim. Mas eu não esperava que a pessoa mais perto da nossa família iria nos trair, chamando-nos de 'rebeldes', 'hereges' e 'abusadores do poder'. Fomos expulsos da nobreza, sem muitas opções, acabei me prostituindo, sempre sentindo nojo daqueles nobres que pensavam em destruir minha família para tomar os espólios, como a 'Esfera da mana concentrada', que vale milhões em adamantite e aço mágico.

E depois disso, fui levada para ser um golem de aço mágico. Retirarão minha alma, só para colocar-me para fazer aquilo que eu já estava fazendo porém desta vez eu era espancada, socada, tinha partes do corpo arrancadas e estava sempre em reparos. Parei de sentir as dores e simplesmente perdi minha vontade de viver, presa dentro deste corpo metálico.

Depois, julgada como sem utilidade, fui jogada no poço. Já estava sem nenhuma esperança de recuperar minha vida antiga, sem a necessidade de viver e  sem os pacíficos dias que eu vivia quando tinha uma família. Minha tristeza era enorme, do tamanho do meu ódio e rancor.

Foi tendo esses pensamentos, que vi mais um golem caindo no buraco contudo, diferente de mim e dos demais que era simplesmente cinza, este era bem decorado, provavelmente era pertencente a nobreza. Me escondi, pensei em desmantelá-lo ou quebrar ao menos um braço dele. Mas ele me viu e, ao invés de me atacar, ele me acolheu, me remontou. Aquilo foi diferente para mim. Pela primeira vez em anos, esse ato me lembrou meu pai e minha mãe me protegendo dos problemas dos adultos. Essa acolhida de certa maneira familiar, me fez ficar com uma emoção que eu perdi durante meus anos no meu 'trabalho': paixão. Era oque eu senti por aquele que me consertou, me deu poderes mágicos, refez meu nome. Se for necessário, eu seguirei ele até  Acidissi, o país dos demônios.

Eu relembrava disso enquanto ele estava do meu lado, matando os representantes de Falburgor. Esse era o nosso plano: invadir a sala do trono, com a maior segurança possível. Pegamos as roupas e túnicas, usamos as magias de camuflagem para passarmos pelos representantes e fomos em direção ao palácio.

- Está com medo, Energy?

Olhei para o meu lorde, que estava ao meu lado, e me curvando rapidamente, lhe respondi:

- Meu senhor, não tenho medo desde que você esteja do meu lado.

Ele virou-se para mim e estendeu a sua mão em minha direção.

-Vamos. Você será aquela que estará no meu lado direito nesse mundo novo que iremos fazer nascer. Será uma escadaria para o céu.

Olhei para ele e não contive meu sorriso.

- Sim. Estarei junto de ti, meu lorde!

Segurei a mão dele e seguimos em direção ao local que mudaria o destino desta nação.

Chegamos no lugar e fomos apresentados ao salão dos nobres. O soldado abriu os portões.

- Por favor, entrem. Os nobres e o rei estão logo a frente.

Entramos na cova dos leões. Mudei minha postura diante de todos aqueles nobres paspalhos, na qual metade deles havia visitado o bordel em que eu trabalhava para se divertir e também para trair as esposas, como o barão Nurmenkhein ou o conde de Sardam. Todos eles estavam ali, empenhados em apenas cumprirem agendas e, nesse caso, o acordo de paz entre nções.

Rei Negro deu uma reverência ao imperador. Relutante, fiz o mesmo.

- Nós, embaixadores do reino de Faldurgor, damos ao imperador Loner van Babinar, nossas saudações e agradecimentos por concordar com um tratado de paz.

O imperador fez um gesto com a mão e levantamos. Notei que os soldados do rei eram todos guardas reais, não mais soldados comuns. Isso significa que o Império havia perdido sua capacidade básica de ataque e precisava dos melhores no momento "Assim como ele havia orquestrado"  pensei  "o rei não deve ser subestimado, e é por isso que sirvo fielmente a ele."

Depois de pedir desculpas do lado dele, chegou o verdadeiro momento.

- Na verdade, majestade, temos algo a mais pelo que viemos. Disse eu, com já um sorriso arquitetado nos lábios.

- Bem, não há necessidade de esconder. Nos diga, por favor.

Tirei a capa, desfiz a magia e gritei:

- A SUA CABEÇA E A DE TODOS OS ORGÂNICOS!

Imediatamente o caos se instaurou das janelas.

obs.: escadaria para o céu = stairway to heaven, referências...

Me torno o rei rôbo em outro mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora