Melancolia 02 - Inui Lacroix

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Sua riqueza não faz diferença por aqui.

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Algumas longas semanas se passam, não há ninguém por ali, tudo que Inui pode fazer é se esconder dentro de sua enorme casa dada pelo seu próprio pai, muito normalmente entocada em seu quarto, onde ninguém pode ou consegue entrar com tanta facilidade.
Sua paranoia está acima de seu limite, qualquer som estranho ouvido pode ser considerado um invasor em sua mente, nada está seguro para a garota de cabelo rosa-claro.
— Preciso sair daqui... Estou ficando louca pra valer... — Ela vai até a cozinha em busca de alimento, mas tudo que encontra não é o suficiente para comer nos próximos 4 dias.
— E pra piorar, estou sem comida... Que merda! — A garota suspira enquanto segue se lamentando.
Ela olha para fora pela janela e acaba percebendo algo.

A noite já caiu, o céu noturno ao menos não é totalmente diferente da dimensão original, a não ser a Lua brilhando em  intenso Verde todos os dias.
— A noite por aqui deve ser mais segura... Vou em algum mercado buscar alguma coisa, senão morro de fome aqui... — Ela pega um objeto diferente, o mesmo que a trouxe até esse mundo diferente do que ela está habituada.
Indo em direção a porta, ela abre e olha para todos os lados possíveis, sempre cautelosa com qualquer possibilidade de ser pega ou roubada.
— Pelo que eu me lembre, tem um mercado aqui por perto... Só preciso refazer o mesmo caminho que faço para ir para a escola. — Inui desce a rua pela sombra, tentando evitar ser vista por qualquer um que esteja por ali.

Aproveitando de sua baixa estatura de 1,48m, ela consegue se esconder muito bem pelos cantos da parede.
Barulho de metal batendo pode ser ouvido por perto, feixes de luzes e até gritos também podem ser visualizados e notados.
Há uma certa aflição correndo a espinha dorsal de Inui, como se ela sentisse que algo de errado vai acontecer em pouco tempo.
— Preciso acelerar meus passos, sinto que tem alguém me observando... — Ela começa a andar ainda mais rápido em direção ao mercado.
Olhando para suas costas inúmeras vezes, ela tenta se distanciar de quem ou o que está te seguindo durante esse tempo todo, seu medo do que está por vir pode ser percebido.
Passando na frente de um beco, ela sente um tranco puxando seu corpo para dentro, no exato momento em que ela consegue ar para gritar o mais alto possível, uma mão tampa sua boca, a mesma perde toda a força e acaba indo para o chão junto com quem a puxou.

"O medo e desespero que acabaram virando alivio e esperança..."

A garota está ofegante, olhando para o que está atrás dela, pode se ver uma figura de um garoto minimamente 2 anos mais velho que ela fazendo sinal de silêncio com os dedos.
— Você tem sorte de eu ter te encontrado justo agora, não dá pra saber o que aqueles caras iriam fazer contigo se te pegassem... — O garoto tenta controlar a situação e tira a mão da boca de Inui.
— E quem caralhos é... — Uma pequena memória na mente da garota faz ela lembrar de ter visto esse rosto em algum lugar.
— Estamos na mesma escola, apesar de eu ser 2 anos mais velho e já estar no 3° Ano... — Ele solta Inui, a mesma desmonta em seus braços depois de tanta tensão.
— E o que mais um daqueles pobres vai querer comigo agora? — Um certo nojo pode ser sentido em sua voz.

De forma séria e sincera, o rapaz suspira e dá um tapa bem dado na cabeça de Inui, deixando a mesma confusa sobre o motivo de ter o levado totalmente de graça.
— Te salvo de um possível abuso sexual eterno e é assim que você me agradece? — Ele a confronta, pedindo ao menos um pouco de consideração.
— Desculpa... — Ela coloca a mão na cabeça e pequenas lágrimas podem ser vistas se formando em seus olhos.
— Tá tudo bem... — Ele suspira e se levanta.
— Eu sou Akihiko Nakamura, você aparentemente tá perdida por aqui e não sabe onde acabou se metendo. — O rapaz estende a mão para Inui com o objetivo de ajudar a mesma a se levantar.
A garota acaba percebendo que seu rosto está completamente vermelho com tudo o que aconteceu.
— Meu nome é... Inui Lacroix, sim... Eu sou uma das filhas do atual Ministro do Reino de Kirgraad. — Ela desvia seu olhar, mas mesmo assim agarra a mão de Akihiko.

Assim que se levanta, ela começa a bater em sua roupa para tirar qualquer sinal ou indício de sujeira, já que ela esteve no chão por aproximadamente 10 minutos, Akihiko segue a observando.
— O que foi? Tem algo de esquisito na minha roupa? — Inui olha sua roupa inteira tentando achar algo de diferente.
— Não é nada, Só estou me perguntando do motivo que faz você estar por aqui. — Ele olha fixamente no rosto dela, a mesma desvia o olhar novamente.
— Estava sem comida, então decidi vir comprar ou pegar um pouco... — Inui olha em direção ao mercado, dando a entender que já estava perto do seu objetivo.
— Entendi... Se quiser vir comigo, até o momento, tenho comida o suficiente para um mês inteiro, você deu azar de estar na região mais perigosa desse lugar, aqui normalmente brigas imensas acontecem, por pouco você não caiu no meio de uma... — Akihiko vai andando na frente, de forma calma e esperando que a garota o acompanhe.

"Confie em mim... Confie em mim..."

Após um longo tempo de caminhada e algumas pausas para descanso da parte de Inui, eles enfim chegam a uma casa aparentemente muito bem protegida, com algumas barreiras na frente, dando o início do domínio de Akihiko na região, atualmente sendo apenas duas casas.
— Aqui estamos, aparentemente fiz você se cansar de tanto andar, tanto que tive que te dar carona nas minhas costas. — Ele coloca Inui no chão.
— Apenas não olhe para meu rosto agora, não olhe... — Ela segue até a casa sem olhar para o rosto de Akihiko.
Algumas coisas aconteceram antes, dignas de total vergonha para Inui, sua sorte está totalmente do avesso nesse momento, primeiramente, enquanto ela acompanhava Akihiko, escorregou e torceu seu pé, ainda mais caindo no chão.

Em sequência, teve que pedir para vir de carona nas costas de Akihiko por não aguentar a dor em seu pé que foi torcido, ela não queria que isso acontecesse de jeito nenhum.
E como nada que não possa piorar, durante o caminho, houve momentos que seu corpo deslizava nas costas do rapaz, assim se esfregando quase que totalmente nele.
Sua situação ficou ainda mais constrangedora quando ela mesma quase caiu e Akihiko fez um movimento brusco, assim a agarrando pela bunda, foi algo tão inesperado para ela que não conseguiu segurar sua voz, soltando um pequeno gemido, seu azar só não foi maior pelo motivo do garoto não ter percebido que isso tudo aconteceu.

A primeira coisa que Inui está afim de fazer é se esconder por pura vergonha de ter passado por tudo isso, mas para sua terrível falta de sorte, ela dá de cara com uma garota um pouco mais alta que ela, a olhando com curiosidade.
— Ah, enfim você voltou, Aki... Quem é a garota? — Sagiri aponta para Inui e olha para o garoto.
— Bom... Essa é a Inui Lacroix, aluna da mesma escola que estamos, estava andando por aí e acabei encontrando ela perdida. — Sua voz é serena, uma leve brisa bate no corpo de Inui, que estava perto dele.
— E por que o rosto dela está tão vermelho assim? — A garota de cabelo parcialmente loiro com raízes pretas se questiona com um olhar de dúvida.
— Deve ser por vergonha... Ela não costuma interagir com pessoas assim, por isso não tinha ninguém próximo na escola. — Ele se senta em uma cadeira e balança seus pés.

Um certo clima diferente pode ser sentido no lugar, não é como se Sagiri não quisesse que Inui estivesse ali, mas como se ela sentisse que por algum motivo, perderia algo de certa importância para ela.
— Tudo bem... Sinta-se a vontade, garota, tem espaço o suficiente para você aqui, então pode escolher um quarto e... — Ela olha para a mão de Inui, ela carrega um objeto relativamente longo e fino.
Akihiko acaba olhando também e se aproxima para ver.
— Ah, isso deve ser sua espada, um motivo em comum que todos que estão nesse mesmo lugar que nós possuem... — Ele olha de perto a espada de Inui, a mesma tenta se afastar um pouco.
— Motivo em comum? Como assim? — Sua curiosidade a impede de se afastar o suficiente, sua busca por uma resposta a faz ficar parada e ouvir as explicações de Akihiko.

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