Melancolia 16 - Agonia

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Sua maior fraqueza é se subestimar.

1

Horas depois, no mesmo dia, Akihiko se encontra no centro de sua base, novamente sentado em um dos bancos ao redor da fogueira, apenas curtindo o clima que no momento, está ameno, enquanto o céu está limpo, apesar de sua tonalidade cinza com o Sol negro, o rapaz se encontra pensando sobre o tal confronto que terá com uma garota do primeiro ano que age como uma criança criativa.

Dentro de casa, com os curativos, Sagiri peepara alguns petiscos para levar para o rapaz, apesar disso, seus olhos demonstram sua enorme angústia e agonia pelas coisas que aconteceram mais cedo, suas mãos tremem enquanto ela coloca os alimentos na bandeja, tentando se concentrar e não lembrar do que passou antes.

Ali perto, já sabendo das coisas que aconteceram, está Mugishiro, acompanhado pelas outras garotas, com exceção de Sanae, que está em seu quarto, tirando um cochilo, prosseguem o treinamento, dessa vez apenas entre eles, sem as duas pessoas mais fortes de todo o grupo.

— Você percebeu algo de estranho? — Akemi, com o cronômetro na mão, olha para sua irmã gêmea.
— O que, mana? — Tamaki devolve o olhar, de forma curiosa.
— Sagiri parece bem abalada, ela sequer me respondeu antes de sairmos. — A garota parece um pouco preocupada.
— Sinceramente, não notei isso, deve ser porque eu estava pensando em outras coisas. — A irmã responde, compreendendo o que sua irmã quis dizer.
— Não deve estar sendo fácil para ela lidar com isso, visto que é uma garota que se cobra demais. — Mugishiro entra na conversa, sabendo do que elas estavam falando.
— Aquela garota que apareceu deve ser muito acima da média para ter causado tanto dano assim nela, não? — Akemi apoia seus braços na mesa, olhando para a cratera.

— Na real, não era nem para ela ter acertado aquele chute. — O rapaz olha de forma séria, para o mesmo lugar de sua amiga.
— Como assim? — Ela parece bem confusa com tal resposta.
— A verdade é que Sagiri é no mínimo do nível do Akihiko se utilizar todo o seu potencial, por algum motivo ela se contém muito. — Ele leva a mão ao seu queixo, voltando seu olhar para o duelo amigável entre Toshi e Inui.
— Entendi... — Akemi parece se conformar com a resposta.
— Então quer dizer que... — Tamaki olha para o rapaz.
— Sim, toda essa aura que ela possui, é apenas uma pequena fração de seu verdadeiro potencial, e temos duas monstruosidades ao nosso lado. — Mugishiro sorri, de forma agoniada.
— Assustador... — Akemi pega a lata de refrigerante que Yves e Pietro trouxeram da base, os rapazes se encontram sentados ali perto enquanto conversam.

Voltando para o que acontece na base, Sagiri termina de organizar os petiscos, com dois copos de refrigerante, ela leva até o lado de fora, na direção de Akihiko, do qual apenas está sentado, apreciando o som das espadas se batendo ali perto.

— Aqui está... — Ela deixa a bandeja ao lado dele, se sentando enquanto suas mãos tremem.
— Ah, obrigado. — Ele olha e começa a se alimentar dos saborosos petiscos.
— De nada. — Como é algo feito para os dois, Sagiri também se alimenta.
— Você deveria parar de pensar assim. — Akihiko segue olhando para frente enquanto se alimenta.
— Ah... — Essa é a única resposta que ela consegue dar agora, por não ter percebido que estava um pouco óbvio o que ela pensava.
— Pare de se subestimar, levante a cabeça. — Ele a olha, com uma expressão séria.
— Eu não sou tudo isso que você pensa. — Sagiri olha de volta, com uma expressão completamente agoniada.
— Você normalmente não teria tomado aquele chute, o que aconteceu? — Akihiko olha no fundo dos olhos dela.
— Eu não sei... — Ela começa a se tremer ainda mais, enquanto o suor gelado escorre de sua testa.

— Você tem medo de enlouquecer, né? — Ao dizer isso, ele provoca uma reação nunca vista antes na garota.
— Eu só quero voltar para casa... — Ela abaixa a cabeça, tampando seu rosto com as mãos.
— Não vamos conseguir voltar se você não se esforçar de verdade. — Akihiko troca de lugar com a bandeja de petiscos, ficando ao lado da garota.
— Não posso perder a cabeça, quem vai cuidar de você se isso acontecer? — Em desespero, ela começa a chorar, com as mãos em seu rosto.
— Sagiri, eu preciso de seu esforço para que possamos sair daqui. — Ele a puxa para perto, ela não reage.
— Eu sei, mas... — Suas mãos tremem ainda mais, seus dentes começam a ranger.
— Deixe todo o seu potencial fluir, acredito que voltaremos ao normal assim que sairmos daqui. — Akihiko acaricia a cabeça dela, de forma tranquila.

Kirgraad: MelancholyOnde histórias criam vida. Descubra agora