Capítulo 70

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Maria;

Não ouvi o barulho da porta se abrindo, só fui perceber que eu estava acompanhada quando senti a cama afundando, eu sabia quem era apenas pelo cheiro.

Souza: Fala comigo, linda. -sussurrou baixinho no meu ouvido- Me fala como você tá se sentindo.

O tom da voz soava preocupação total, não queria que ele se preocupasse demais comigo.

Pela primeira vez em dois dias eu olhei para alguém, ele se assustou por saber que finalmente eu estava ouvindo.

Maria: Eu não consigo sair desse estado. -olhei para ele- Você não tá vendo? Eu nunca vou sair. -voltei a olhar para a janela

Minha voz estava saindo como se fosse um sussurro ou melhor, ela estava saindo muito falhada...Era como se eu não tivesse mais ela.

Ele não sabia mais o que fazer, tava na cara! O Kauã estava preocupado demais e tinha medo de falar alguma coisa errada.

Maria: Obrigada por estar aqui. -falei enquanto fechava os olhos

As suas mãos percorreram pelo o meu corpo todo me fazendo arrepiar em cada toque que ele dava.

Souza: Você tem que se permitir sentir alguma coisa, Mali.

Quando ele me chamou por aquele apelido, meu corpo todo tremeu.

Maria: Não me chame assim. -me sentei na cama e olhei para ele- Não me chame assim nunca mais. -neguei com a cabeça

Esse apelido quem me deu foi o Luan, ouvir ele pela primeira vez pela boca de outra pessoa depois que ele se foi não era a mesma coisa...Aquele apelido me machucava.

Souza: Foi mal, pisei na bola, eu não sabia, desculpa.

Eu apenas assenti com a cabeça, me levantei da cama e fui em direção a minha janela.

Maria: Desculpa, não queria ser grossa.

Minha mãe tinha mandado colocar grades desde a época que eu tinha entrado em depressão, ela sempre teve medo que eu me matasse. Nunca passou pela minha cabeça realmente essa possibilidade e também não está passando agora.

Pra falar a verdade, não está se passando nada.

Souza: O velório vai ser daqui a pouco. -falou enquanto se levantava e guardava o celular no bolso

Ele caminhou até o meu lado e olhou para o mesmo lugar que eu estava olhando, não era nada de especial era apenas as porras das nove gotas de água.

Maria: Por que tem que ser tão específico? -perguntei e logo depois senti o olhar dele em mim- Por que nove gotas? -apontei para a janela- Não são oito e nem dez, são nove.

Ele voltou a olhar para a janela e pude sentir que ele estava contando agora mesmo, quantas gotas estavam escorrendo.

Souza: Também tinham nove gotas lá na janela do postinho, né? -olhei para ele

Eu apenas confirmei com a cabeça, ele chegou mais próximo de mim e colocou a sua mão na minha cintura enquanto me envolvia em um abraço totalmente aconchegante.

O Destino Não Quis - Vol.2 [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora