Capítulo 17

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Maria:

Já eram duas da manhã e eu só ouvia o ronco do Kauã que sinceramente tava me irritando pra caralho, tirei o braço dele da minha cintura e levantei da cama indo até a carteira dele e peguei um saquinho de maconha e logo depois subi para a laje.

Sentei em uma cadeira de pegar sol e mandei mensagem para a Luan.

"Tá acordado?"

Voltei a minha atenção para a maconha, enrolei ela na seda, ascendi e comecei a fumar me sentindo muito melhor.

"Tô puta, qual foi?"

"Posso te ligar?"

Ele nem respondeu então pensei que não podia mas logo depois ele mesmo me ligou.

Perigo: Qual foi?

Maria: Tá sozinho?

Perigo: Nem, tô com uma pretinha me esperando na cama.

Maria: Ah então deixa.

Perigo: Sem essa, cê sabe que tu é a prioridade sempre, fala aí.

Maria: O Souza voltou para herdar o morro. -falei enquanto olhava para vista a do morro que era a coisa mais linda de madrugada

Perigo: Papo reto?

Maria: Aham, ele deixou bem claro que só veio para ver se o tráfico do Rio realmente valia a pena.

Perigo: Esse moleque só fala merda. -falou em um tom um pouco irritado- E cê tá de boa com isso?

Maria: Sei lá. -suspirei- é tão confuso! Juro que ás vezes não sei o que ele quer me dizer.

Perigo: Cês conversaram naquele dia do baile?

Maria: Aham, mas não foi nada de como os dois estão se sentindo agora, foi algo que precisava ser esclarecido pra deixar no passado.

Perigo: Boto fé.

Maria: Eu não sei se eu tô de boa com isso ou tô irritada, é tipo como se eu já esperava. -falei colocando o cigarro entre os dentes

Perigo: Tipo um déjà vu?

Maria: É... -soltei a fumaça- Meio que eu vejo ele indo embora de novo, tá ligado? Esses bagulhos aí.

Perigo: Peguei a visão...

Me levantei da cadeira e me sentei agora no chão, ficamos um pouco em silêncio até ele mesmo quebrar.

Perigo: Mas também cê não pode cobrar que ele fique, tá ligada né?

Maria: Eu sei disso, Luan.

Perigo: Mas...

Maria: Mas mesmo assim machuca.

Perigo: Vocês são novos ainda Maria, não devem se apegar por causa de um romance de criança tá ligada? Ainda mais você, tu é uma mulher fodona e não merece o desgaste de ficar provando que vale a pena.

Maria: Eu sei Luan, mas ao mesmo tempo que a gente não tem nada ele diz que é loucura dizer isso depois que a gente se envolveu tanto.

Perigo: Então o Souza é maluco, pirado da cabeça! Não sabe o que quer da vida, acha que tá na disney esse filho da puta.

Eu soltei um sorriso de lado e agradeci mentalmente por ter o Luan na minha vida.

Maria: Eu te amo.

Perigo: Eu te amo, Mali.

Desliguei a chamada e suspirei enquanto voltava a fumar, as palavras que ele tinha dito mais cedo estavam rodando a minha cabeça, me deixando ansiosa e ao mesmo tempo pensativa. Sei lá, tem sentimentos que nunca serão palavras.

Terminei de fumar e desci da laje, entrei dentro da casa e vi o Kauã parado me olhando da sala, o que me assustou um pouco.

Maria: Caralho que susto. -falei colocando a mão no peito e indo até a cozinha

Souza: Tava falando com quem?

Quando ele disse isso eu gelei, sem brincadeira nenhuma. Olhei para ele super assustada e neguei com a cabeça.

Maria: Tu ouviu?

Souza: Era pra eu ouvir? -cruzou os braços

Maria: Não.

Souza: Então eu não ouvi, sabia que era algo seu já que teve que ir para a laje. -se levantou e se encostou no balcão da cozinha

Maria: É, um bagulho meu. -falei indo em direção ao quarto

Souza: Fiquei pensando no que eu te disse mais cedo. -parei de andar- Me expressei mal tá ligada? O tráfico não é o único motivo de eu ficar. -olhei para ele- Tu é tão lerda que não consegue perceber que eu tô lutando por nós, lutando para saber se aquele sentimento era real ou não.

Eu não sabia o que dizer então só assenti com a cabeça e fui pra cama, esperei ele voltar mas ele não voltou e eu não consegui dormi.

...

O Destino Não Quis - Vol.2 [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora