Dois adolescentes problemáticos.
Dois adolescentes tóxicos, cegos pelo orgulho. Uma mistura perigosa de fogo e petróleo que a qualquer momento poderia entrar em combustão, mas acima de tudo, duas almas quebradas que podem escolher entre unir uma a o...
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— Olhe bem para esse espelho, Isabelle. Porque é a última vez que você verá essa Isabelle — Alan aponta para o enorme espelho em minha frente.
Encaro meu reflexo, suspirando. Meus cabelos não estavam no seu melhor estado, estavam longos e ressecados, os fios vermelhos disfarçavam um pouco seu estado decadente. Meu rosto não está diferente do meu cabelo, meus olhos estão com olheiras profundas e meus lábios estão secos. Me encaro decidida a não mudar apenas minha aparência física, queria me tornar um novo eu.
— Já se despediu? — pergunta e eu aceno.
— Vamos logo a isso, antes que eu me arrependa — peço, faltava muito pouco para eu me levantar daquela cadeira e sair correndo dali.
Alan chama uma das moças que logo se apressa em lavar meus cabelos, naquele momento eu estava muito nervosa e inquieta. A única pessoa que eu já permiti com que mexesse no meu cabelo foi Kate, era ela quem cortava meus cabelos quando eles estavam longos demais, eu só não permitia que ela pintasse, porque nisso Kate era um desastre.
Passei por vários procedimentos, de pessoa para pessoa fazendo não sei o quê no meu cabelo, eles não permitiram que eu me visse no espelho. Nesse momento me encontro de pé, depois de terem lavado, secado, pintado, cordado e passado chapinha. Alan me encara boquiaberto e nesse momento eu quis mais que tudo ter um espelho pois ele só me olhava e não falava nada.
— Alan, juro que se você não falar nada eu vou jogar isso — pego um secador — Na sua cara.
— Como ficou? — pergunto impaciente.
— Wow — é a única coisa que ele falou e a paciência que eu nunca tive se esgotou.
— Eu não posso falar muito mas você está linda — ele diz segurando minha mão e me fazendo dar uma volta.
— Val.. Obrigada.
— Agora vamos que ainda temos muita coisa pra fazer.
Desde que ele disse aquilo o que eu mais fiz foi andar. Passamos por várias lojas, provei muita roupa e desfilava para meu colega de trabalho para ele aprovar ou descartar minhas roupas novas, ele até quis tentar me fazer colocar salto alto mas eu falei que não aceitaria que mexesse em meus sapatos. Por um tempo me esquci do ocorrido mas cedo, mas decidi manter aquilo longe dos meus pensamentos, eu tinha coisa melhor a fazer que me lamentar.
Nesse momento estou dentro de um provador. Provando um vestido que eu achei extravagante demais mas Alan falou que ele era perfeito e eu me vi obrigada a provar. Por incrível que pareça aqui dentro não tem nem se quer um espelho, aquele idiota pensou em tudo. Ajeito o vestido depois de colocá-lo e me sento desconfortável dentro dele. Ele era justo, com costas nuas e seu comprimento não era grande coisa, ele ia até um palmo do joelho e tinha detalhes brilhantes. Eu estava brilhando mais que o sol.
Saí caminhando até ele e dando um giro.
— Está horrível, não está? — pergunto — Eu avisei que esse vestido não era pra mim.
