Capítulo 15 - Universo

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Kim Jisoo's point of view

Se alguém me dissesse há quatro anos que em três meses a minha vida se transformaria completamente, e que a Jisoo de Tóquio, a mulher que sempre tentou agradar seu pai, a diretora de inovações da Kim's Corporation Japão, a esposa compreensiva e amiga, e a mãe super dedicada e presente, passaria por uma transformação interior, certamente eu não acreditaria.

Eu não deixei de querer o apoio e o respeito do meu pai, também não me transformei em uma esposa fria e distante, muito menos deixei de cuidar da minha filha. Mas de certa forma, algo mudou dentro de mim. É como se a Jisoo de 19 anos voltasse a todo vapor, querendo o mundo. E a Jisoo de 24 anos a acolhesse de braços abertos. Agora eu consigo ter meus planos, meus desejos e conciliar tudo isso com meus deveres e afazeres de uma mulher de negócios e de casa.

Ainda penso em assumir um cargo na empresa do meu pai e que ele tenha orgulho com aquele departamento. Mas também quero dar asas aos meus sonhos, e tentar fazer, mesmo que por hobby, algo que eu sempre gostei. Ainda converso com Soohyun, tento ajudá-lo com seus problemas, e aceito suas vontades e necessidades. Nossa amizade, sinceridade e apoio às nossas escolhas, sempre foi algo forte no nosso casamento e continuamos assim, mas hoje eu percebo que isso não é o suficiente para manter um casal quando se falta o principal em um relacionamento, o amor. Já a Solar sempre foi prioridade desde o seu nascimento, e continuará assim.

Ver minha filha conseguindo se adaptar a pessoas novas e se permitir a fazer amizades, mesmo que com adultos, é extremamente exultante. A Solar sempre foi tímida, insegura e sozinha. Não se permitia conhecer pessoas novas e nem sair do seu círculo de convívio. Suas aulas eram particulares, dificilmente ela ia na rua, a parques, shopping. A amizade dela com Lisa e Jennie é extasiante para nós duas, e vê-la com Chaeyoung me traz alegria e paz.

Chaeyoung é um pedido a uma estrela cadente realizado, um presente de um anjo que fez bem não só a Solar, como ao meu eu interior. Ela ajudou a trazer a Jisoo sonhadora de volta, me fez acreditar que devemos correr atrás de nossos sonhos e sermos nós mesmos. Chaeyoung é uma pessoa atenciosa com todos e não foi diferente com nós duas. Com toda a delicadeza, felicidade e benevolência que só a Chaeyoung tem, ela acolheu Solar como ninguém tinha feito antes. O jeito como ela trata minha filha, conforta meu coração inquieto, como jamais foi confortado. Hoje eu sei que Solar tem pessoas que dariam o mundo pela felicidade dela.

– Jisoo? - Mei chama a minha atenção e eu volto dos meus pensamentos diários. Todos os dias pela manhã, ao tomar meu café, eu faço uma retrospectiva da minha vida. Adotei isso depois de uma sessão com Irene, ao qual ela pediu que, como dever de casa, eu pensasse um pouco mais em tudo o que aconteceu e o que eu quero melhorar no futuro.

– Sim, Mei? - encaro a senhora de meia idade. Mei é nossa governanta desde o meu primeiro dia em Tóquio. Ela se tornou uma mãe para mim e uma avó para a Solar. Ela foi a família que não tínhamos por perto.

– Vou verificar como a Solar está, tudo bem? Já deixei a mesa do café da manhã pronta. - ela aponta para a mesa repleta de frutas, ovos, cereais, sucos e café.

– Tudo bem, qualquer coisa me chame pela babá eletrônica. - coloco o dedo no pequeno objeto eletrônico que está na mesa.

Olho para o meio da mesa e percebo o vaso de rosas deixado por Mei no dia de hoje. Minha mente viaja até Chaeyoung e nossa pequena brincadeira de mil rosas roubadas, e logo depois me faz lembrar que ainda não entrei em contato com ela, conforme prometi ontem. Não mandei nenhuma mensagem, pois não sei o que dizer. A feição de Chaeyoung com a atitude estranha de Solar ao irmos embora, me fez doer o peito, e não saber o motivo disso, não me ajuda a melhorar a situação.

Inside Out  •  ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora