Inside Out • Chaesoo

Capítulo 43 - Verdades

Kim Jisoo's point of view

As rodas do avião batem com brutalidade na pista de pouso e o solavanco que a cabine do jato particular da minha família faz me causa uma forte dor de cabeça. O voo de duas horas de Tóquio para Seul foi arduamente torturante e enjoativo. Voltar para essa cidade me traz lembranças e desejos que eu não queria ter nesse momento, mas não posso me dar ao luxo de decepcionar pessoas que permaneceram ao meu lado mesmo depois de tudo o que aconteceu.

Hoje é a reunião de acionistas da empresa, onde meu irmão concorre ao cargo de CEO, após a aposentadoria do meu pai. E também é aniversário de Jennie. Eu não poderia deixar de vir em um dia tão importante para minha melhor amiga. Mesmo que eu passe pouco tempo com ela, eu preciso dar-lhe um abraço bem apertado e dizer o quanto ela foi e é importante em minha vida.

Apesar de Jennie não aprovar o que eu fiz e embora ela tenha todo o seu jeito debochado e peculiar de demonstrar sua insatisfação quando não concorda com algumas coisas, minha amiga jamais deixou de ficar ao meu lado nos momentos em que mais precisei de apoio. E por todo apoio, compreensão e amor que eu tenho dela, que eu jamais poderia deixar o seu grande dia passar em branco.

Antes mesmo que ela e Lisa voltassem de Tóquio, elas pediram que eu viesse até Seul no aniversário de minha melhor amiga, e ao menos almoçasse com a Jennie. E apesar de Lisa saber que a última coisa que eu e Chaeyoung precisamos é de um encontro frente a frente, nossa amiga acha que esse é o melhor presente de aniversário que sua namorada poderia receber. Ela insiste em dizer que, pelo bem da amizade que temos, e pelo bem de minha filha, Chaeyoung e eu precisamos nos dar bem e aprendermos a sermos ao menos colegas. Mas para ser sincera, meu peito dói toda vez que eu vejo aqueles olhos castanhos, que sempre foram tão calorosos e agora são tão indiferentes comigo.

Passaram-se um pouco mais de trinta dias depois da nossa separação, e Chaeyoung continuou me evitando. Ela seguiu a sua vida, e eu não a culpo por isso, mas vê-la seguir a sua vida estava me machucando imensamente, por esse motivo, escolhi seguir a minha longe daqui.

Todas as noites antes de dormir me pergunto se fiz a escolha certa. Não referente ao ficar com a minha família, ficar ao lado da minha filha. Mas sim, escolher ir embora. Em dar adeus ao meu país e aos meus amigos. Em afastar minha filha de seus amigos, de sua melhor amiga. Solar se adaptou tão rápido a Seul, que sua volta a Tóquio foi uma mudança brusca em sua rotina, e é perceptível o quanto ela sente falta daqui. O quanto nós sentimos falta daqui.

— A senhora já pode desembarcar, senhora Kim. - a comissária anuncia ao meu lado, me despertando de todos os pensamentos que tenho ao chegar em solo Coreano.

— Obrigada, senhorita Yui. - respiro fundo, antes de desafivelar o cinto de segurança e levantar da poltrona.

— Suas malas serão levadas por nossos colaboradores, não se preocupe. - ela se curva e se retira do espaço.

Respiro fundo mais algumas vezes, olho ao redor da cabine de luxo do jatinho e pego a minha bolsa. Sempre achei muito exagero viajar nesse avião particular sozinha. Mas nessa ocasião, Hyeri fez questão de preparar toda essa viagem, uma vez que, segundo ela, meu voto era de extrema importância para meu irmão. E assim como eu, alguns acionistas da empresa estavam vindo de suas cidades em jatos e helicópteros da Kim's Corporations só para essa reunião.

Soohyun se reservou ao direito de não vir, e deu uma procuração para votar por ele. Seu argumento foi que o CEO de Tóquio não poderia deixar seu posto. Mas eu sei que ele ainda não aceitou o fato de que meu irmão assumirá o cargo que ele sempre quis.

A ideia dele de sair daqui e se estabelecer novamente em Tóquio, além de ser pela liberdade que ele tem para seus casos extraconjugais, é que assim ele pode dizer que ele preferiu assumir as filiais no Japão, ao contrário de concorrer e perder a presidência interina das empresas.