Inside Out • Chaesoo

Capítulo 21- Revelações

Kim Jisoo's point of view

Busan

A água quente do chuveiro cai sobre mim, massageando cada nó tensionado em minhas costas, queimando cada pedaço de pele e deixando toda a extensão do meu corpo vermelha, devido a temperatura.

Desligar a água do chuveiro é doloroso e colocar o roupão de banho nunca foi tão difícil, tanto fisicamente, como emocionalmente. O roupão e o banheiro dessa casa me trazem memórias de momentos que eu queria que perdurasse.

A cidade de Busan sempre foi um refúgio em minha vida. Todos os momentos que me senti exausta, fatigada e pressionada, Jennie e sua mãe me traziam para cá. E mesmo que sem a permissão do meu pai, eu passava meus dias aqui, apenas para fingir ser alguém normal.

Depois de um dia desalento ontem, Jennie me cedeu seu antigo quarto em sua casa de praia. Minha melhor amiga ficou com a suíte de sua mãe e Chaeyoung, com sua irmã, ficaram no quarto de hóspedes.

A decoração do banheiro e a decoração do quarto de Jennie, não mudaram nada. Jennie continua com seu gosto dark e extravagante para suas cores e seus objetos decorativos.

Uma cama grande, um quadro preto e branco e uma TV extremamente grande no quarto, me faz lembrar do que vivi e do que perdi durante anos da minha vida.

Ir embora não me doeu porque eu perdi o meu grande amor, mas sim, me doeu de forma mais dilacerada, pois eu estava perdendo minha única e verdadeira amiga. Eu deixei Jennie sem quaisquer notícias, sem nenhuma despedida, ou se quer uma carta. Apenas fui embora, por ordem de meu pai, sem olhar para trás.

A minha vida sempre foi baseada nas ordens do meu pai, e em agradar a minha família. Buscar aprovações e orgulho deles era o meu objetivo de vida, por mais exaustivo que fosse. E foi assim até o dia de hoje.

O que teria acontecido se eu não seguisse as ordens dele? Quem eu seria atualmente?

Olhar para o pequeno e frágil corpo da minha filha deitado na cama à minha frente, abraçando firmemente o dragão de pelúcia, me faz ter a certeza que eu faria tudo novamente, se necessário fosse para ter ela ali comigo.

Solar pode não ter sido gerada em meu ventre, pode não ter meus genes, mas ela tem todo o meu coração. Todo o amor que cabe em mim é dela, e eu faria tudo novamente, se eu soubesse que no final, eu sorriria ao ouvi-la me chamar de mamãe.

Antes de deitar novamente ao lado da minha filha, escolho uma roupa confortável para o agradável clima de hoje. Um moletom cinza e uma t-shirt lisa de cor branca é o suficiente até decidirmos o que será feito ao longo do dia.

O corpo de Solar se aninha perfeitamente ao meu, assim que repouso meu corpo na cama. Seus olhos fechados, bochechas coradas e a boca levemente aberta, fazem meu coração explodir de amor por ela. A forma que ela procura por meu calor e, ao mesmo tempo, não larga a pelúcia dada por Chaeyoung, me arranca um sorriso espontâneo.

Solar se apegou tanto a Chaeyoung, que me pergunto o que Chaeyoung fez para conseguir tirar minha filha de sua bolha social. É verdade que Solar se permitiu a fazer amizade com Alice, Jennie e Lisa também, mas nada chega perto ao imenso fascínio que ela tem por Chaeyoung.

Uma batida na porta faz Solar se mexer inquieta na cama e murmurar algo inaudível. O som da maçaneta se mexendo e a fraca luz do corredor que entra pela porta que se abre lentamente, me leva a encarar a pessoa que entra por ela, tentando não fazer muito barulho.

– Bom dia. - Jennie sussurra ao parar no pé da cama - Vamos tomar café? Já são 10h.

– Claro. Estou faminta.