Kim Jisoo's point of view
O fino aparelho de celular em minhas mãos se torna pesado. A falta de notificações dele me faz mexer desesperadamente nas configurações, tentando arrumar alguma desculpa para o seu silêncio. Talvez, sem que eu tenha me dado conta, eu o coloquei no silencioso, ou tenha o programado para não avisar nenhuma mensagem ou ligação. Talvez esse seja o motivo do telefone manter-se silencioso e soturno.
Passaram-se cinquenta e um dias desde que Chaeyoung partiu para Melbourne, e eu ainda não consegui me acostumar com essa distância. Nas primeiras semanas, nosso contato era frequente, às vezes até mais do que quando ela estava em Seoul. Nos falávamos todas as manhãs e quase todas as noites. Ficávamos horas no telefone quando a Solar estava com Soohyun, e quando nossa pequena estrela estava em casa, eu sempre dava um jeito de fazer com que a Rosie pudesse ver nossa menina. Embora, quase todos as vezes Solar estivesse dormindo. Chaeyoung afirmava, com um meio sorriso, que seu coração se aquecia apenas ao vê-la dormindo agarrada com a Sisu e o Hank.
Hoje, o mesmo infortúnio que me aperta o peito e me tira da órbita, aconteceu. Assim como nas duas últimas semanas, meu telefone não tocou no momento esperado, me deixando parada em minha cama, sem tirar os olhos da tela e me perguntando o quando ela me ligará. Meu contato com Chaeyoung vem se tornado cada vez menor e mais difícil de se manter nos últimos dias. Nossas ligações matutinas diminuíram a duração e, por diversas vezes consecutivas nessas duas últimas semanas que se passaram, ela não me ligou no horário de sempre. E em alguns dias não ligou em momento algum, me deixando apenas com uma mensagem de texto com uma desculpa por estar atolada de afazeres do seu curso.
Eu entendo sua tamanha dedicação com seus estudos, afinal, nós combinamos que todos os dias que estivéssemos longe, ela se dedicaria o máximo possível para adiantar a conclusão de sua pós e voltar para nossa família. Mas não posso dizer que todas as vezes que não nos falamos, eu não me sinta completamente melancólica. As nossas conversas diárias são o que me dão forças para esperar por ela todos os dias enquanto estamos tão longe assim uma da outra.
O ar que está preso em minha garganta sai por meus lábios como uma mistura de suspiro e grunhido. Minhas pálpebras se fecham pesadamente, juntamente com minhas mãos, que se fecham em punho após pousar o telefone no colchão. Tento controlar minha respiração e pensar com clareza. Estamos em um domingo e Chaeyoung não tem aula hoje. Eu posso ligar para ela nesta manhã. Não está tão cedo para ela ainda não ter acordado, e não está tão tarde para já ter começado a estudar. Volto a segurar o aparelho em meus dedos e faço nossa habitual chamada de vídeo.
— Jisoo. – ela atende no quarto toque, depois do meu estômago ter se revirado ao imaginar que ela não atenderia a ligação. Mas agora as estrelas cadentes tomam conta dele ao ouvir a sua voz angelical.
— Rosie. – digo com um sorriso bordando meu rosto. Ela sorri leve e boceja – Eu te acordei, amor? – ela meneia a cabeça.
— Não. – Chaeyoung coça os olhos e depois boceja. Consigo perceber sua aparência abatida. Sua pele pálida, olheiras em seus olhos e os lábios levemente ressecados – Eu acordei cedo para ajudar minha mãe com as visitas de hoje.
— Eu estou atrapalhando? – minha voz sai cautelosa. Eu nem sei o porquê de todos os meus receios ultimamente.
— Você nunca atrapalha, Soo. – ela sorri e somente esse sorriso consegue fazer com que meu coração bata um pouco mais tranquilo.
— Você não me ligou... Eu pensei que pudesse..... – Rosie move a cabeça lentamente mais uma vez.
— Desculpa. – ela suspira – As coisas estão corridas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Inside Out • Chaesoo
FanfictionPara realizar seu sonho, Chaeyoung deixa seus pais em Melbourne e se muda para Coreia do Sul com sua irmã Alice e sua melhor amiga Lisa, para estudar em uma das melhores faculdades de psicologia da Ásia. Próximo a sua formatura, as emoções de Chaeyo...