Capitulo 4

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Filipe arregala os olhos quando entende a gravidade da situação. Saio do camarim e corro em direção a área de fumante onde Nanda estava, o mesmo chega logo atrás de mim.

- Fê, olha pra mim! - Ele pede e Fernanda desvia o olhar. - Respira, Fernanda! Por favor! - Sua ação era em desespero, ele entrelaça seus braços nela na tentativa de acalma-lá.

- Precisamos levar ela embora, aqui ela vai piorar! - Digo ao mesmo e ele concorda com a cabeça. Então, ele sussurra alguma coisa para Fernanda, ela envolve os braços ao redor do pescoço dele e ele a ergue do chão.

Ele sai da área de fumante e refaz todo o caminho que eu e Nanda fizemos quando chegamos aqui, saímos na saída de trás da casa de show.

- Lincoln, pega o carro! - O mesmo grita e rapidamente o cara obedece suas ordens. Seguranças surgem e cobrem a saída fazendo um caminho livre até o carro que estava em frente. Em um movimento rápido, Filipe corre até o carro com Nanda no colo e eu sigo o mesmo.

Ao fechar a porta do carro, sinto uma mão segurando a mesma e vejo a menina que discutiu com Fernanda mais cedo fazendo menção para entrar. Isso tudo é culpa dela, foi depois que elas dicutiram que Fernanda entrou em crise.

- Me deixa entrar! - A garota diz irritada quando forço para fechar a porta.

- Isso tudo é sua culpa, vadia! Vai pro inferno! - Puxo a porta com força deixando a mesma do lado de fora. - Anda, caralho! - Digo ao motorista enquanto ele olhava para trás assustado.Ver a Fernanda naquela situação me lembrou de todas as vezes em que eu passei por isso.

Flashback on

- Você é uma inútil, não sei porque ainda perco tempo com você! - Meu pai gritou e bateu a porta saindo de casa.

Eu observava toda situação de longe, minha mãe nunca me deixou intervir para que não sobrasse pra mim também. Assim que ele saiu pela porta, corri na direção da mulher que havia caído no chão sem forças. Me ajoelhei do lado da mesma e a abracei da maneira que pude. As lágrimas corriam o meu rosto e a raiva tomava conta de mim. Eu maquinava maneiras de fazer algo, de protegê-la, mas tudo era em vão.

Ela então ergueu o rosto e eu pude ver a mancha roxa em volta do seu olho e a marca vermelha ao redor do pescoço, mais uma vez. Seu peito subia e descia sem parar, as lágrimas haviam secado sem forças para jorrar, suas mãos me apertavam em busca de ar e eu simplesmente não sabia o que fazer. Meus olhos corriam por ela e meu corpo havia estagnado, eu estava em pânico.

Suas mãos me apertavam ainda mais e sua respiração estava quase falha, em um movimento só a abracei forte e respirei tranquilamente até que ela conseguisse acompanhar o mesmo ritmo. Seu corpo novamente enfraqueceu e soltou meus braços.

- Me desculpa, filha. - Seu olhar cabisbaixo despedaçou meu coração.

Flashback off

- Ela pegou no sono. - Filipe disse ao entrar na cozinha. Rapidamente seco as lágrimas que corriam o meu rosto ao lembrar de tudo o que já passei.

- Obrigada. - Digo ainda sem olhar para o mesmo. Fito o nada por um tempo, toda aquela situação havia me levado aos extremos muito rápido. Eu ainda estava digerindo o que tinha acontecido.

- Odeio ver ela assim. - Ele quebra o silêncio depois de um tempo. Suas mãos esfregam o rosto em agonia.

- Então deveria mudar suas atitudes. - Rebato sem pensar muito. Não ligo! Se Nanda teve uma crise como essa, Filipe tem sua parcela de culpa e precisa saber disso. Não posso ver ela nessa situação novamente.

- Do que você tá falando? - Ele me encara confuso e a raiva toma conta de mim. Sonso.

- Se não se aproveitasse de todas as amigas da Fernanda, talvez ela não tivesses essas crises de ansiedade. - Elevo um pouco meu tom de voz, sinto tanta raiva como se fosse comigo.

- Agora a culpa é minha se as minas dão em cima de mim? - Ele abre os braços e também levanta o tom de voz.

- Foi por causa da vagabunda que estava com você que ela começou a crise. Você não enxerga que as pessoas usam ela de ponte para chegar até você? Ela se sente sozinha! Ela não tem uma amiga de verdade porque TODAS se aproveitam dela pra chegar até você. E adivinha? Você cede, afinal, mulher é muito bom né? - Não consigo mais controlar meu tom de voz. - Se toca! Você não consegue enxergar nada além do seu próprio umbigo? - Disparo as palavras sem me importar se estão ou não fazendo sentido. O gatilho que despertou em mim bagunçou a minha mente. Meu sangue estava fervendo em ódio. A imagem da Fernanda na minha cabeça me levou diretamente a minha mãe.

- E eu te conheço de onde mesmo? Quem me garante que você também não tá aqui pra se aproveitar da Fernanda? - Ele rebate em deboche e a minha vontade é de voar na cara dele.

- Quer saber? Vai se foder! - Saio da cozinha o deixando sozinho.

Estava tão puta que achei que dormir naquele momento seria impossível, mas assim que deito na cama apago. O cansaço mental falou mais alto, eu já estava 100% sugada. Mas apesar de ter apagado rápido, havia dormido pouco. Eram 7 horas da manhã quando eu já estava acordada.

A ressaca moral estava me consumindo. Agir sem pensar é um defeito que me perseguiu durante toda minha vida. Me sinto mal quando lembro que xinguei uma menina que mal conheço, fiz grosseria com o segurança e discuti com Filipe ontem. Respiro fundo e levanto de uma vez, meus pensamentos estavam me torturando.

Entro no banheiro e quando saio, minha barriga ronca por café. A luz da manhã inundava o apartamento por conta das enormes janelas, me esforço para enxergar mas já era tarde demais. Quase deixei meu joelho no batente do balcão, resmungo um palavrão e me assusto quando ouço um gemido assustado.

- Ah, merda! É você, pensei que fosse a Fernanda. - Filipe se senta no sofá e esfrega os olhos e me dou conta que o mesmo passou a noite aqui.

- Desculpa te decepcionar. - Debocho mas logo me arrependo. Ele estava preocupado com a irmã. Desvio do balcão que separava a sala da cozinha, e caminho em direção ao fogão. - Passou a noite aqui? - Pergunto para quebrar o gelo mas logo me arrependo, de novo. Era óbvio que ele tinha dormido aqui.

- Tá cega? - Ele retruca. Podia ter dormido, ou melhor, acordado sem essa. Ele caminha até o balcão e se senta em um dos bancos.

- Queria te pedir desculpas por ontem, não foi minha intenção te ofender. - Digo enquanto coloco a água para ferver.

- Nós dois sabemos que foi, não precisa mentir. - Ele fita o nada por um tempo. - Mas você tem razão.

WAR com Filipe Ret • By ToryOnde histórias criam vida. Descubra agora