Capítulo 57

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P.O.V Bárbara Castro

Ouço a risada de Filipe atrás de mim e coloco a mão no peito em susto. Eu estava tão concentrada que nem sei quanto tempo ele está parado na porta me observando. Ele não perde essa mania.

- Amor, tu já conferiu essa mala três vezes. Acha que tá bom não? - Ele ri e eu bufo perdendo as contas de onde eu estava. É a primeira vez que eu viajo para fora do Rio e quero ter certeza que não vou esquecer nada.

- Só quero ter certeza que não vou esquecer nada. - Digo enquanto volto a refazer a contagem que antes fui interrompida enquanto ele assiste.

- Se faltar alguma coisa podemos comprar lá. - Sinto ele se aproximar de mim e colar os lábios na minha nuca. - É melhor nós ir antes que o Tico mate a gente.

Assinto e pego a minha bolsa enquanto Filipe fecha e desce com a minha mala. Minha mãe estava na sala impaciente com a minha demora, mas eu estava ansiosa. Depois que voltamos do show Filipe sugeriu essa viagem para Búzios com apenas alguns amigos e nossa família, para podermos descansar um pouco. Eu acatei a ideia sem questionar, eu nunca conheci Búzios e fiquei extremamente ansiosa.

- Finalmente Dona Bárbara! - Minha mãe diz quando adentramos a sala. Ela estava mais animada, outra pessoa. Os óculos escuros no rosto e a mão da cintura fazem ela parecer até uma madame.

Há uns dias atrás Nanda fez questão de apresentar minha mãe para Dona Solange e elas ficaram íntimas mais rápido do que eu imaginei. Foram as compras, ao salão, e até luzes no cabelo minha mãe fez. Ela está feliz e isso enche meu coração de gratidão. Apesar de Nada ter feito a ponte entre as duas, eu estava tão pegada no trabalho que não consegui acompanhar. E só depois me dei conta de que ainda não fui apresentada a Dona Solange como namorada de Filipe, o que me constrangeu dos pés a cabeça. Me fazendo ficar ainda mais ansiosa com essa viagem.

Entramos no carro de Filipe e seguimos para o posto que encontraríamos o pessoal. Tico já estava me enchendo de mensagens impaciente com a demora, eles já estavam no posto há uns 30 minutos.

- Porra, até que enfim caralho! - Tico olha feio quando estacionamos o carro ao seu lado, mas logo muda a feição quando vê minha mãe no banco de trás. - Desculpa Dona Cecília, a senhora está linda hoje. - Ele manda um beijo pra ela e eu apenas me divirto com a situação.

- Bora puxar? Cabelinho vai depois e o meu pai já tá lá. - Filipe diz e Tico concorda acelerando o carro.

A estrada se fez presente e por ser dia de semana, poucos carros estavam na rua. Minha mente viajou quando Filipe e minha mãe começaram a conversar, eu simplesmente não conseguir prestar atenção em nada além da paz que me rondava nesse momento. Eu jamais me imaginaria assim, apesar de sempre ter comigo a esperança de mudar de vida. Meu passado finalmente estava se desprendendo de mim, me libertando para ser tão grande quanto eu quiser.

Mas uma coisa ainda martela na minha cabeça toda vez que deito em meu travesseiro para dormir e em momentos de extrema felicidade. Meu pai. Ele ainda está por aí, não sei se vivo ou morto. Eu ainda não sei se ele entra em contato com a minha mãe, pois preferi não saber. Mas, Juliana e eu conversamos sobre isso na última sessão e de como não fugir dos meus problemas me torna mais corajosa para enfrentá-los. Eu preciso resolver isso, e nunca vou estar cem por cento em paz enquanto ele estiver livre.

- Tu tá fazendo aquela parada com a boca de novo. - A voz de Filipe e o barulho da porta traseira batendo me tira do transe, me fazendo notar que o carro já estava parado. - Tá pensando em que? - Ele se vira para me olhar.

- Em nada, está tudo bem! - Digo e dou um sorriso simpático. Compartilhar meus pensamentos agora não iam fazer eles sumirem, além de tudo não quero preocupar ele também.

- Hm. - Ele balbucia e levanta sua palma até o meu rosto, alisando pra cima e pra baixo, observando cada detalhe. - Linda! - Ele sussurra mas consigo ouvir perfeitamente, o que me faz corar.

As batidas erram quando Filipe se aproxima devagar. Seu cabelo recém cortado e a regata branca embolam meu pensamento com facilidade. Ele molha lábios com a língua de devagar e se aproxima o suficiente para que nossas bocas estejam próximas, quase coladas. Todo seu movimento é lento e confiante, como se ele tivesse certeza de que aquilo me deixaria completamente excitada em questão de segundos.

- Minha linda! - Ele sussurra contra mim.

Sua boca cola na minha ainda devagar, e sua língua pede passagem no mesmo segundo. Seu gosto quente invade minha boca e sua mão sobe até minha nuca aprofundando seu gosto no meu. Correspondo o beijo na mesma intensidade e o calor sobe meu corpo quase imediatamente. É difícil se acostumar com um Filipe Ret só pra mim, principalmente assim.

As batidas frenéticas no vidro do carro me faz separar o beijo bruscamente, procurando de onde vinha o barulho. Filipe bufa e revira os olhos, indicando com o queixo para que eu olhe para trás. A imagem de Tico com as mãos na cintura e batendo o pé do chão me faz gargalhar alto. Apenas abaixo o vidro para que ele pudesse nos enxergar.

- Eu tô com fome, caralho! Tem como vocês colaborar? Preciso alimentar minha gatinha! - Ele aponta para Nanda que está distraída conversando com a minha mãe e a Dona Sol.

- Não sabia que precisava da minha boca pra comer. - Filipe diz ríspido e se vira para o volante de novo, desligando o carro e tirando a chave.

WAR com Filipe Ret • By ToryOnde histórias criam vida. Descubra agora