Capítulo 7

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P.O.V Filipe Ret

Cheguei no estúdio ainda atordoado. A garota havia me parado, pediu uma foto e eu todo educado fui abraçar ela pra selfie, e a mina me tascou um beijão. Essas garotas estão perdendo a noção mané. Subo as escadas limpando a baba da mina e dou de cara com os moleques, acho que só faltava eu mesmo.

- Coe mano, a mina acabou de me tascar um beijão ali. - Falo incrédulo.

- Ih, amassou? - Orochi pergunta e me cumprimenta com um aperto de mão.

- Tá maluco, filho? Sei lá onde essa mina passou a boca. - Ele tá achando que eu sou o que agora? Sento relaxado em uma das cadeiras.

- Falou o cara que amassava a Ana Estrella, valeu. - Cabelinho debocha e os moleques caem na gargalhada, eu revido o dedo do meio. Essas caras são muito bobos.

Debatemos sobre o som novo que iríamos lançar, revisamos letras, e começamos a pensar na batida. Já estava mais ou menos definida, mas pra ficar do jeito que queríamos faltava mais. Os miolos já estavam queimando, e então resolvemos parar pra ficar de resenha. Me servi com o whisky e gelo que estavam sob a bancada e parei ao lado da mesma.

- Da o papo, ret. O que houve com a Nanda na sexta? - Lennon pergunta preocupado. Não havia comentado nada pra ninguém desde o que aconteceu.

- Ah mano, é foda. - Dou um gole no copo e evito lembrar de tudo detalhadamente. - Ela fica chateada por que as minas só se aproximam dela por interesse, tá ligado?

- Po mano, pode pá. Percebi que quando tu começou a ficar com a Ana ela deu uma afastada. - Cabelinho fala. - Mas aí, qual foi dessa mina que tá andando com ela agora? - Sinceramente não sabia nem o que responder. Vou falar o que? Mal conheço a mina.

- Ah mano, sei lá. Ela é meio marrenta mas, sei lá mano. Não conheço muito ela.

Preferi não comentar da situação que aconteceu na casa da minha mãe. Não posso negar que ter ela olhando pra mim elevou meu ego em 100%, mas a Fernanda sempre vinha na minha cabeça em seguida. Não posso deixar isso acontecer de novo, principalmente quando sei que não vai dar em nada. Por isso evito até olhar muito pra Bárbara, só o básico.

Meu celular vibrou e nome do Tico apareceu no visor, caralho! Tinha me esquecido dele. Ultimamente ele não tem dado conta de tudo sozinho, mas também não posso reclamar. Isso significa que minha agenda de shows, contratações, publicidades e propagandas estava cada vez mais cheia. Eu fiquei de conseguir alguém de confiança para o ajudar com tudo, mas depois das coisas que aconteceram acabei esquecendo.

- Po, tô precisando de um auxiliar pro Tico. Vocês não tem indicação pra me fazer não? - Bufo pensando em toda a burocracia. - Essa semana eu sem tempo pra ficar fazendo entrevista, mano.

- Pior que não, veado. - Cabelinho puxa o baseado e passa pro Orochi. - Pior que em cima da hora assim, é foda. - Concordo.

Tico é meu braço direito, e se ele está sobrecarregado é porque realmente chegou no limite. O cara trabalha pra caralho, esquece. Quando vejo que o dia já está anoitecendo me despeço dos moleques e vou pra casa, precisava dormir direito. Aquele sofá da Fernanda me deixou com uma puta dor, e olha que já fazem 2 dias. Vou demorar pra me recuperar. No caminho ligo para a mesma pra saber como ela está.

- Relaxa, irmão. Eu já tô bem melhor, eu só não soube lidar com a situação no momento. - Ela fala e eu respiro fundo em alívio.

- Como estão as coisas aí? - Pergunto enquanto coloco o celular no viva voz, depois de eu ter jogado ele longe, ficou meio baqueado.

- Ah, tá tudo bem. Só a Babi que está um pouco pensativa, ela está tentando procurar um trampo. Por um acaso você não está precisando não, Lipe? - Parece que ela estava adivinhando. Torço o senho e penso se realmente é a coisa certa a fazer.

- Tô precisando de uma auxiliar pro Tico, mas é foda Fernanda, eu nem conheço ela direito. - Quando o assunto é trabalho eu sou extremamente profissional. A equipe que eu tenho hoje é a mesma que eu tenho ha anos, pois eles sabem e se adaptaram ao meu jeito de fazer as coisas. Novas contratações sempre me deixam com o pé atrás.

- Da uma chance pra ela, irmão. Ela realmente tá precisando, e é super competente. - Penso novamente se vale ou não a pena.

- Mas qual foi, ela tá morando contigo? Ainda não entendi essa história. - Aproveito a deixa para tirar a minha dúvida.

- Está. Não vou entrar em detalhes porque é particular, mas ela precisou sair de casa. Está tentando se recompor. Essa oportunidade seria ótima pra ela, pensa nisso. - Ela apelo, mas como Tico precisava dessa ajuda pra ontem, resolvi ceder.

- Eu vou falar com o Tico, ver se ele concorda, mas provavelmente ela deve fazer um teste com ele pra ver se consegue acompanhar o ritmo. - Dou um pouco mais de atenção ao volante quando já estava próximo de casa, mas consigo ouvir Nanda rindo do outro lado da linha.

- Amo você, obrigada! - Ela diz e eu me despeço. Espero que não me arrependa.

Entro no condomínio e estaciono o carro na vaga. Pego o elevador e quando vou abrir a porta do apê, percebo que a mesma já está aberta. Entro escaldado, mas quando eu vejo roupas femininas espalhadas pelo chão entendo do que se trata. Ana. Como essa filha da puta conseguiu entrar aqui?

Percorro o caminho de roupas até o meu quarto quando me deparo com a mesma deitada em cima da cama. Ela vestia uma lingerie preta que realçava cada parte do corpo dela, minha mente me chama para a realidade mas a cabeça de baixo está falando muito mais alto. Não podia negar, o que ela tem de maluca ela tem de gostosa.

- Demorou, em baby. - Ela engatinha de quatro até a ponta da cama e me puxa pela barra da bermuda. Porra!

Ana adormeceu ao meu lado e um choque de realidade percorre meu corpo. "Você não consegue enxergar além do seu próprio umbigo?" A voz de Bárbara ecoa novamente na minha cabeça. Fui egoísta de novo. Me levanto rapidamente para tomar um banho, me sinto sujo. A imagem da Fernanda tenso crise de ansiedade volta a minha mente, eu sou um merda! Eu só faço merda!

Olho para Ana deitada e lembro de seu instagram, repleto de fotos minhas sem lógica alguma. Ela fantasiava uma vida que nem se quer existia, não existia romance entre a gente, nunca teve.

- Rala! - Balanço seu ombro e ela acorda meio desorientada. - Bora Ana, rala!

- Filipe já é de madrugada, como você quer que eu vá embora? - Ela levanta puta e cata suas roupas espalhadas pelo chão. Continuo na mesma posição. - Me pede pra ficar, vai. - Ela se aproxima para me beijar e eu desvio.

- Vou chamar um uber pra você, se veste!

WAR com Filipe Ret • By ToryOnde histórias criam vida. Descubra agora