Capítulo 6

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P.O.V Bárbara Castro

Estávamos a caminho da casa dos pais de Nanda, depois de tudo o que aconteceu um momento em família faria muito bem a ela. Depois do café, Nanda se animou com a presença de Filipe e propôs isso, visto que os dois não viam os pais há alguns dias. O convite foi estendido pra mim, e por incrível que pareça não me senti desconfortável ou intrusa. A animação da Nanda me contagiou.

No caminho, Nanda e eu relembrávamos da época da faculdade. O trote, os primeiros dias de aula, as escapadas das aulas. Foi uma época divertida e relembrar de tudo aquilo me deu uma nostalgia boa. Lembrar de como nos divertíamos juntas me faz querer mais dias como aqueles. Nunca fui apenas escuridão, e eu precisava me recordar disso.

- Saudades de vocês meus bebês! - A mãe de ambos os abraçam forte e eu não consigo conter o sorriso. - Seja bem-vinda Babi, muito prazer em te conhecer! - Ela se vira pra mim e me cumprimenta com um abraço caloroso.

- Cadê o pai? - Nanda pergunta enquanto adentramos o enorme portão.

- Ah, na churrasqueira. Quando Nanda disse que vocês viriam ele logo se empolgou, seu tio também está a caminho. - Ela diz empolgada caminhando a nossa frente.

Passamos pelo jardim, aonde havia dois carros estacionados, e chegamos próximo a piscina. Do outro lado um senhor grisalho acenava para nós. Caminhamos até ele.

- Que honra ter a visita de uma moça bonita assim. - Ele diz pra mim após cumprimentar os filhos. - Acho que nem preciso dizer, mas fique a vontade.

Eu estava sorridente, a recepção calorosa de Solange e Márcio realmente me fizeram ficar a vontade. Pouco tempo depois haviam mais parentes de Nanda no local, todos extremamente simpáticos e conversativos. A essa altura do campeonato eu soube que Nanda já fez balé mas saiu depois que acordou dolorida, que já fez karatê mas achou que gritavam demais, que Filipe já havia quebrado o braço tentando pular fronha, e um monte de outras histórias da infância deles.

Me retirei por um estante para ir ao banheiro e minha mente entrou em reflexão. Desejei que por um momento meus pais estivessem aqui dividindo dessa mesma energia. Rindo, batendo papo, bebendo. Com toda aquela alegria, era impossível não pensar neles. Em como eu desejava isso todos os dias. Uma lágrima escapa mas logo me recomponho.

Saio do banheiro e uma varanda convidativa me chama atenção. Caminho até a mesma e me apoio ao batente que a separa do jardim. Aquelas flores, o sol brilhando e o céu limpo, me fizeram respirar fundo para sentir o ar que circulava ali. E novamente a sensação de querer fazer diferente me inunda, naquele momento eu estava sendo abençoada. Fui recebida tão bem desde o momento em que pisei na casa de Fernanda, que eu pude sentir finalmente a esperança dentro de mim.

- Tá perdida, doidona? - A voz de Filipe chama minha atenção. Ele acende um cigarro e olha a paisagem.

- Só apreciando um pouco da vista. - Continuo admirando o local.

- Obrigada. - Ele pigarreia e eu me viro para observá-lo. - Obrigada por se preocupar com a Fernanda. - Ele traga o cigarro.

- Filipe, você não imagina o tamanho da minha gratidão por ela. Querer ver ela bem é o mínimo que eu posso fazer. - Ele observa atentamente minha fala. Parece que está aliviado de tudo ter passado, assim como eu estou.

- Ela é incrível! - Ele ri parecendo lembrar de boas imagens da irmã. - Vocês... é... tem algo? - Ele coça a cabeça sem jeito. Primeiro demorei para entender mas depois foi inevitável não gargalhar. Ele realmente acha que temos um caso?

- Não, somos apenas amigas. - Ele ri sem jeito.

Caminhamos de volta para a parte da piscina, quando avisto de longe Nanda dentro da mesma com seus primos enquanto a água voava para todo lado. Ela se vira pra mim e põe as mãos na cintura.

- O que vocês ainda estão fazendo aí? - Ela se refere a mim e a Filipe que chega logo atrás.

- Ah não Nanda, eu não vo... - Sou cortada quando sinto uma pressão ao redor do meu corpo. Em um só movimento estou dentro da piscina.

Olho pra trás e vejo Filipe dentro da mesma também, ele havia me jogado aqui dentro. Nanda ria feito criança e eu entro na pilha, jogo água nela e em seguida em Filipe. Ambos retribuem fazendo eu me encolher, dois contra um é muito injusto. Por um momento volto a ser criança, me sinto leve e feliz como nunca antes.

Já havia escurecido quando decidimos sair da piscina para ir embora, pego uma das toalhas que Solange havia separado para me enxugar antes de ir ao banheiro. Cautelosamente caminho até o mesmo tentando evitar que o máximo de água caísse no chão. Abro a porta com velocidade e me deparo com tudo menos o que eu poderia ver.

Filipe me olha assustado com tal atitude. Meus olhos vagam rapidamente por seu corpo mas consigo captar cada detalhe. A cueca branca molhada chamava atenção dos meus olhos, seu peito másculo e braços fortes estavam a mostra. Meu coração estava acelerado, e eu estava estagnada. Filipe deu um passo em minha direção e eu bati a porta rapidamente. Não, não, não! Isso não vai acontecer. Não pode, não deve.

Voltei rapidamente para o lado de fora antes que notassem a minha ausência por tanto tempo. Me sequei como pude, e mesmo batendo o queixo de frio, não entrei na casa novamente para me trocar. Que caralho! Isso é a última coisa que eu preciso agora. A imagem de Filipe voltava a minha cabeça de novo, e de novo, e de novo. Apesar da expressão assustada, tudo nele é convidativo.

WAR com Filipe Ret • By ToryOnde histórias criam vida. Descubra agora