Capítulo 47

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P.O.V Filipe Ret

Os dias se passaram lento, e quando finalmente chegou a quinta-feira, eu não estava tão ansioso quanto deveria estar. Hoje é o lançamento do novo álbum e inauguração da Nada Mal, mas algo dentro de mim parece estar fora do lugar. Meu sentimentos estão confusos e eu fico puto comigo mesmo por estar sendo torturado assim, eu tenho que estar feliz porra. Meu celular vibra sem parar com mensagens de fãs ansiosos e confirmações de presença no evento, e eu respiro fundo tentando ao máximo me manter focado.

Eu estava nesse momento escondido dentro de uma das salas da Nada Mal, as pessoas já circulam o local e eu sei que alguns amigos já estão presentes e que eu tinha que sair para cumprimenta-los, mas eu simplesmente me recuso a sair até que meu humor melhore. Observo a blunch queimar lentamente depois de tragar mais uma vez o baseado mas sou distraído assim que vejo a porta sendo aberta.

Reconheço os cabelos escuros quando Bárbara coloca a cabeça através da porta, antes de atravessar todo o corpo. Automaticamente ajeito minha postura e me afasto da mesa em que eu estava apoiado assim que ela caminha na minha direção. Meu olhos correm seu corpo, mesmo sendo a última coisa que eu queria fazer nesse momento, mas o vestido de tecido fino realça ainda mais suas curvas. Seus olhos param nos meus e eu me odeio nesse momento por deixar isso fazer meus pensamentos embolarem ainda mais. Um meio sorriso estava pairado em seu rosto e então, ela pigarreia me trazendo de volta para o clima desagradável que está entre nós dois.

- Eu... - Ela passa os olhos pelo local antes de se voltar pra mim. - Eu estou orgulhosa de você. - Ela diz e se aproxima, fazendo todo meu corpo travar em questões de segundos. Eu simplesmente não sabia o que seria ético fazer nesse momento, até que ela entrelaça os braços pela minha cintura encaixando o corpo abaixo do meu. O cheiro do seu cabelo invade meu nariz e por um segundo me sinto relaxado. - Parabéns! - Ela sussurra contra minha nuca e me arrepio automaticamente.

Saio do transe quando ouço o barulho de seus saltos se distanciarem, até que a porta é novamente fechada. Respiro fundo e passo a mão forte no rosto, na tentativa de me recompor. O alívio de ter ela colada em mim percorre meu corpo, mas a confusão novamente vem logo em seguida. Por que isso? Ela não precisava vir até aqui. Por que ela tem esse poder sobre mim? Por que ela veio até aqui se ela simplesmente foi embora de novo? Por que ela me despertou todo esse mix de sentimentos se ela não vai cultivar nenhum?

Apago o baseado que ainda esta entre meus dedos e respiro fundo novamente, tomando coragem para sair da sala e encarar os convidados mesmo não me sentindo preparado. Meu corpo não estava obedecendo meus comandos, então eu simplesmente decido não pensar. Caminho até a porta e a abro, dando de cara com uma pequena multidão de pessoas reunidas e dançando sob a luz azul. O rosto de Djonga se destaca na multidão caminhando com um sorriso até mim, com Malu logo atrás.

- 'Tô feliz demais por você, irmão. É a matilha Nada Mal, porra! - Ele aperta forte minha mão e me puxa para um abraço. - Hoje é teu dia irmão, relaxa. - Djonga fala baixo para que só eu pudesse escutar, e concordo com a cabeça. Hoje é meu dia e nada mais.

- Está tudo lindo, Ret. Você merece! - Malu diz e se aproxima de mim para um abraço.

- Amo vocês pra caralho! - Digo sincero, Djonga é um irmão pra mim e um dos únicos que realmente me conhecem a ponto de saber se estou bem ou não sem eu precisar falar. - Obrigada pela presença!

Sou rapidamente puxado para fotos, stories e conversas superficiais que finalmente conseguem me distrair. Me sinto genuinamente feliz quando subo ao palco para apresentar em primeira mão o álbum para os que estavam presentes antes de ser lançado no spotify. PA, Cabelinho e Maneirinho sobem ao palco junto comigo e a energia deles me contagia, começo a beber e cantar o que me deixa mais relaxado.

Eu já estava alto quando a batida de Good Vibe tocou na caixa de som, o whisky sempre me pega rápido demais. Caio Luccas subiu no palco animado e eu fiquei feliz de apresentar para as pessoas a primeira contratação da Nada Mal. Passei os olhos pelo local até encontrar Bárbara no meio das pessoas, ela estava ao lado de Nanda e Tico e apesar de sorridente, eu sabia que tinha algo além disso.

"Viciante tipo a droga mais pura
mistura de fofura com putaria na cara dura
questão de honra te quebrar na cama
te deixar nua de corpo e alma
não é marra, é postura
nossa vibe tá sempre no alto
tem bala, tem doce, tem álcool
Sobe na garupa
Vamos lá pra Barra
Desfaz essa cara
Nós contra todo mundo e o nosso trem não para
Gosto quando tu vem por cima e quica
Gosto quando me pede tapa e grita"

Ela sabia que aquela letra era pra ela e isso ficou claro quando seu rosto corou assim que eu comecei a cantar. Essa foi a letra que eu comecei no dia em que fiquei sem sono por simplesmente não parar de pensar nela.

"Danadinha,
hoje eu vou sair com a polo branca
show do Lennon no Konteiner depois a gente transa."

Foda-se, não pensei muito bem na última parte pelo simples fato do whisky já está falando por mim. Não foi bem o que aconteceu pois depois do show do Lennon naquele dia, já que nós mal nos falamos depois, mas eu queria que ela entendesse que aquilo era mais do que uma direta.

WAR com Filipe Ret • By ToryOnde histórias criam vida. Descubra agora