Capítulo 9

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Tico e Nanda me fazem sair do transe quando surgem. O clima entre os dois estava nítido e eu me questionei como não percebi antes. Os risinhos bobos estavam me contagiando, e agradeci por eles chegarem para deixar o clima mais leve. Filipe levou minha animação todinha com ele para dentro da água. Minutos depois Orochi e Cabelinho retornam também.

- Eai amiga, não sabia dessa em. - Digo a Nanda me referindo a situação dela com o Tico.

- Ah amiga, a gente já ficou algumas vezes no passado mas agora resolvemos nos conhecer melhor. - Ela sussurra toda bobinha e apaixonada. - Você se importa se eu e ele saírmos agora? Ele me convidou pra jantar. - Faço cócegas nela e ela ri parecendo animada com o convite.

- Claro que não me importo amiga, aproveita. - Ela se levanta da canga e se arruma para sair. Antes de ir ela me abraça e fala com Filipe, e eu observo os dois seguirem de mãos dadas pela areia. Como isso passou tão despercebido? - Usem camisinha! - Grito e tico me manda um dedo do meio gargalhando.

Pouco depois de Nanda sair Orochi sugeriu que fôssemos embora, concordei sem pensar duas vezes. Meu corpo pede cama. Guardo a canga na bolsa e visto o shorts e uma blusa, me despeço de Orochi e dou um abraço forte em Cabelinho que decidiu ir fazendo companhia para o amigo.

- Vai com o Filipe, Babizinha? Qualquer coisa a gente te deixa lá. - Cabelinho sugere e eu nego com a cabeça.

- Não precisa amigo, vou pedir um Uber. - Digo e como uma assombração Filipe e Licoln aparecem atrás de mim.

- Eu te deixo lá, é caminho da casa do Licoln. - Filipe fala e eu percebo que os meninos se entreolham. Concordo sem dizer nada e seguimos em direção aos carros.

Grande parte do caminho foi silencioso, Licoln e Filipe trocam piadas vez ou outra, mas nenhum assunto relevante. Mantenho meus olhos fechados tentando relaxar o máximo possível, mas simplesmente não consigo relaxar estando no mesmo lugar que Filipe. Não depois da conversa que tivemos na praia, se é que aquilo pode ser chamado de conversa. Mas no fim não resisto, pego no sono.

- Bárbara? - Filipe me desperta e eu respondo em murmuro. - Vem pro banco da frente. - Bufo sem questionar e faço o que ele pediu.

- Achei que fosse me deixar primeiro. - Digo quando sento ao seu lado me dando conta de que Licoln já havia saído. Sinto o cheiro do seu perfume ainda forte, mesmo depois de um dia de praia.

- Por que esse medo tão grande de ficar sozinha comigo? - Ele pergunta parecendo inconformado.

- Não é medo! - Afirmo rapidamente.

- Então o que é? - Ele para o carro, puxa o freio de mão e se vira pra mim aguardando uma resposta. Não tenho.

Ele olha nos meus olhos e continuo sem resposta. Eu não sei o que era, mas antes mesmo de conhecer Filipe a coisa a certa a se fazer sempre foi me manter longe. Cautela talvez? Meu coração acelera a cada segundo que passa mas não consigo desviar meus olhos dos seus, nesse momento eu sinto não ter poder sobre meu próprio corpo e muito menos sobre minha mente. Meus pensamentos param de fazer sentido quando reparo em suas feições. Filipe estava sem camisa, vestindo apenas um short fino preto. Os cordões de ouro e as tatuagens se destacam sobre o banco de couro caramelo.

Em um piscar de olhos sinto suas mãos envolvendo o meu rosto. Sua língua pede passagem e, sem raciocínio algum, eu dou. O beijo se intensifica e sua mão que antes estava em meu rosto, segura forte minha nuca e nos afasta por falta de ar. Seus lábios ainda molhados do beijo fazem uma trilha até o pescoço e sinto todo meu corpo se arrepiar. Sua mão livre percorre minha perna e pede abertura.

Como um balde de água fria sobre o fogo, me dou conta do que estou fazendo. Com a pouca força que tenho nos afasto e ele me olha assustado. Tudo isso não passava de um jogo de ego. Filipe estava apenas alimentando seu ego e a última coisa que eu queria era fazer parte disso, mas olha aonde eu estou.

Olho para os lados e novamente o encaro, mas desse vez seus olhos não me passam confusão. Ele sabe o mesmo que eu, ele sabe que eu estou certa. Filipe liga o carro novamente e da partida, ficamos em silêncio até que ele estaciona em frente ao prédio de Nanda. Eu apenas saio, sem dizer nada. Não olho pra trás, só sigo até os elevadores.

Uma onda de culpa passa sobre mim, além de trair a confiança de Nanda, eu estava traindo os meus princípios. E pra Filipe nada disso passa de um incômodo, afinal eu fui a única amiga de Nanda que não se importou nenhum pouco com quem ele é. Adentro o apartamento evitando pensar, ouço a campainha tocar e refaço o caminho até a porta.

- Me desculpa - Felipe está em pé a minha frente. Ofegante e ainda descalço. - Eu fiz sem pensar. Não quis te ofender, eu só... - Ele parecia confuso com as palavras.

- Você só está acostumado a fazer isso, não é? Não queria mas ofendeu. Será que você não entende que eu não tô fazendo tudo isso por interesse? Muito menos por brincadeira. - Eu abro a boca para continuar mas o mesmo me interrompe.

- Porra, será que você não entende que te ver amiguinha de todo mundo e fugir de mim como se eu fosse bicho também machuca. - Nossos tons de voz estão no mesmo nível, ele parecia tão agoniado quanto eu.

- Isso é ego ferido, Filipe. Você vai aprender a lidar com isso. - Digo olhando no fundo de seus olhos, dessa vez, sã do que estou dizendo.

- Tem razão, boa noite! - Ele molha os lábios e sai.

Fecho a porta e me pergunto em que momento minha vida se bagunçou dessa forma. Os pensamentos se embolam novamente na minha cabeça sem nexo algum, e decido simplesmente não pensar. Não preciso de mais um problema agora e também não preciso ser um, seja para quem for.

WAR com Filipe Ret • By ToryOnde histórias criam vida. Descubra agora