P.O.V Bárbara Castro
Depois de todo aquele romantismo inesperado, eu e Filipe subimos para o meu apê e acabamos pegando no sono confortáveis no carinho um do outro, mesmo sabendo que uma hora ou outra nós teríamos que conversar. Acordo preguiçosa mas feliz ao sentir seu peito sob mim e ao lembrar da noite passada. Eu tô namorando. Eu estou namorando o Filipe Ret.
- Oi, boneca. - Ouço sua voz rouca quando me mexo um pouco.
- Já acordou? - Me desfaço do seu abraço para encara-lo melhor. Ele dá um sorriso e então sela nossos lábios.
- Já, namorada. - É inevitável não sorrir. Se me contasse que eu viveria tudo isso há uns anos atrás eu com certeza não acreditaria. - Acordei com o cheiro do café da manhã no vizinho e me deu 'mo fome, mas não quis te acordar.
- Então, acho que não é no vizinho. - Inalo o cheiro de ovos mexidos que minha mãe faz todo dia de manhã. - Minha mãe provavelmente está na cozinha. - Digo enquanto me sento e Filipe me olha com os olhos arregalados.
- Bárbara? Sua mãe está aqui? - Ele senta rápido, o que me faz rir. - Como eu vou conhecer sua mãe assim? - Ele aponta para o seu próprio corpo coberto só pela boxer branca. - É sério, não ri. Eu imaginei que seria diferente, e que eu estivesse pelo menos arrumado.
- Você imaginou esse momento? - O questiono e ele bufa. Foi a única coisa que eu consegui captar durante a frase inteira, e isso me conforta.
- Eu 'tô falando sério, cara. - Ele se levanta e me taca uma almofada que estava em cima da cama.
- Não precisa ter vergonha, minha mãe é de boa. - Digo e volto a deitar enquanto admiro ele caminhar para o banheiro do meu quarto.
- Deixa eu pelo menos tomar um banho, então. - Ele entra no boxe enquanto eu tomo coragem para ir escovar os dentes. É estranho nós termos intimidade de casal antes mesmo de ser um, mas é tão bom.
Enquanto escovo os dentes o pensamento que eu tinha sobre a situação da minha mãe retorna a minha mente, mas agora de forma diferente. Os hematomas da minha mãe já sumiram, ela estava mais conversativa e em alguma dessas conversas nosso assunto foi o Filipe. Eu não disse a ela que eu havia me afastado dele, apenas disse que ela o conheceria no momento certo. E saber que ela já espera um dia conhecer ele diminui um pouco o susto de ele simplesmente aparecer para tomar café da manhã com a gente.
- Antes da gente sair do quarto, eu preciso que... - Junto forças para dizer enquanto Filipe se seca na porta do boxe. - Eu preciso te dizer uma coisa. - Ele me observa atento quando ouve o meu tom sério. - A minha mãe sofria de violência doméstica, e foi por isso que eu vim morar com a Nanda, e por isso que agora ela está morando comigo.
Filipe tenta não demonstrar uma reação muito exagerada mas posso ver nos seus olhos o quão chocante aquilo é pra ele. Acho que ninguém a minha volta imaginaria que o motivo de eu ter saído de casa fosse tão sério e tão difícil de lidar, o que me desmotiva a contar pois não quero pena ou olhares tristes de ninguém para mim. Mas, eu sei que para esse relacionamento com Filipe de fato dar certo, eu preciso ser clara e honesta em relação a tudo. E como a Juliana havia me dito, eu preciso aprender a lidar com os meus sentimos e saber expressá-los.
- Eu sinto muito, eu não fazia a menor ideia. - Ele diz. Conto tudo que consigo para deixar a história mais clara possível e Filipe apenas escuta atentamente, quando finalizo sinto seus braços ao meu redor e um alívio percorre meu corpo. - Bom, tu 'tá ligada que pode contar comigo pra tudo, não tem ko. Não mais. - Ele segura meu rosto e eu assinto com a cabeça. Como Juliana também disse, eu não estou sozinha.
- Vem, vamos tomar café com a sua sogra. - Digo enquanto saímos do banheiro e entramos novamente no quarto. Filipe se veste e então posso notar seu nervosismo através da quantidade de vezes em que ele coça a nuca, o que me diverte um pouco.
Depois de muita insistência da parte de Filipe, tomo a frente e saio do quarto seguida de uma sombra envergonhada atrás de mim. Assim que adentramos a cozinha vejo o sorriso alegre da minha mãe para o cara atrás de mim e logo meus olhos pousam sobre a mesa de café montada para três pessoas. Ela já sabia que ele estava aqui.
- Bom dia, mãe! - Caminho em sua direção lhe dando um beijo e me viro para apresentar Filipe. - Esse é o Filipe, meu namorado. - As borboletas no meu estômago se agitam. - Filipe, essa é a Dona Cecília, sua sogra. - Os olhos brilhantes da minha mãe me encaram e depois se viram para Filipe ainda com o sorriso enorme no rosto.
- Muito prazer, Filipe. Ouvi muito falar de você, estava ansiosa para te conhecer. - Ela diz e eu a olho repressiva. Ela poderia esconder alguns detalhes né.
- Prazer, Dona Cecília. Posso dizer o mesmo. - Ele estende a mão e minha mãe a puxa para um abraço. Posso ver o garoto corar da cabeça aos pés em questão de segundos.
- Vem, vamos comer! - Ela caminha em direção a mesa e nós fazemos o mesmo. - Depois de ver aquele tênis enorme ali na porta imaginei que teríamos visita, então fiz um café da manhã caprichado. - Eu e Filipe nos entreolharmos e logo caímos da gargalhada.
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WAR com Filipe Ret • By Tory
Fanfic"Somos reféns da nossa chama, réus do desejo que arde. A ilusão nos acompanha e o fim segue desconhecido. Luxúria ou Trauma? Não se preocupe, sou obstinado e, só pra você lembrar, estou louco para voltar." - Obra ficcional. Nada escrito condiz com a...