Capítulo 32

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P.O.V Filipe Ret

Estacionei o carro em frente ao prédio de Nanda para deixar a Babi em casa depois de um longo dia de estúdio. Tem sido assim todos os dias da semana e eu tô feliz pra caralho. Além de faltar só alguns dias pra inauguração da Nada Mal, Babi estava me ajudando a não ficar tão nervoso e ficar mais focado em terminar o álbum. Os dois seriam lançados juntos e eu tava ansioso pra caralho por isso.

- Até amanhã! - Bárbara disse antes de me dar um beijo na bochecha. Parece que ela só faz pra me provocar.

- Tem certeza que não quer dar um rolê no TTK comigo? - Pergunto de novo, por mais que eu estivesse cansado eu prometi passar lá nos moleques.

- Tenho, estou exausta. Prometo que vou com você outro dia, sem falta. - Ela se apoia na janela depois de fechar a porta. - Se cuida, Ret. - Ela da um sorriso e adentra o prédio.

Parecia até impossível, mas cada dia que passa ela consegue ficar ainda mais gostosa. Olho pro banco do carro vazio e rio sozinho lembrando do que fizemos mais cedo. Aumento o volume da música e dou partida no carro, seriam só alguns minutos até o Catete mas faço questão de apreciar a playlist durante o caminho. Dom Laike tá amassando demais e eu ainda ia trazer ele pra Tudo Bom, é só questão de papo. Avisto os irmãos na praça no meio da fumaça e estaciono o carro próximo.

- Dobranlem os lhosve postem? - A gualin chama a atenção deles. Comprimento um por um e sento no banco também.

- Esse é o homem! - Bk fala me deixando todo sem graça. - Já é álbum do ano, esquece!

- Falta só alguns detalhes, tá ligado? Mas tô confiante mano. - Ele me estende o baseado e eu pego puxando forte.

- É isso, irmão. - Sain fala lento e eu tenho certeza que esse não era o seu primeiro baseado da noite. - Como tá a família? 'Mo saudade de vocês, menó.

- Tudo suave, os coroa estando bem, eu tô bem também. - Olho a praça envolta e a nostalgia percorre meu corpo.

Anos atrás éramos um bando de menózin correndo e pixando os muros. Foi aqui onde eu e minha família passamos maior parte da vida, onde passando perrengues e onde conseguimos nos reerguer. Foi a força do TTK que me levantou e me fez ser quem eu sou hoje, foi às ruas do KGL que criaram o Ret e me ajudaram a transcrever minha alma e vivência pra letra. Sempre serei eternamente grato a esse lugar, e foi por isso que de certa forma não quis sair daqui.

Em cada rua e cada esquina desse lugar, eu vou ter uma história pra contar. Agora são 36 anos muito bem vividos, e hoje eu posso dizer que finalmente estou na minha melhor fase, ao lado das melhores pessoas, e podendo proporcionar tudo de bom pra minha família. E, sempre que posso, encontro com os moleques aqui na pracinha para fumarmos e ficarmos trocando ideia, mas acima de tudo pra me lembrar das minhas raizes pra que eu nunca perca minha essência. É aqui quem de fato eu sou, nu e cru.

- Caralho tava vendo a Nanda no instagram menó, tá diferentona. - Sain me tira dos pensamentos e lanço uma olhada torta pra ele.

- Sai dessa, neguin. Supera. - Os moleques começam a rir quando veem minha feição. Nunca fui de ser muito ciumento com a Fernanda, mas sempre fui protetor. E só de lembrar dela novinha chorando por causa do Sain, já me estressa.

- A mina não é mais pro teu bico não, Sain. Futura doutora agora, segura. - Bk fala e Sain ri todo sem jeito. Sou o mais neutro possível.

- Papo reto, nem parece que ontem nós era menózin. - Digo ainda reflexivo.

Trocamos tanta ideia que eu nem vi a hora passar, quando o sono bateu firme eu vim pra casa e só quando cheguei vi que já eram mais de meia noite. Adentrei o apartamento e quando sai do banho, deixei na cama pesado. Apesar do sono, meus pensamentos estavam me incomodando e eu resolvi deixar que eles me levassem pra loucura que estava em minha mente.

Minha semana tinha sido um puta mix de sentimentos, e apesar de ter sido semana passada, o fato da Bárbara ter tomado aquela atitude ainda estava na minha mente. A Bárbara em si ainda estava na minha mente. Como a forma rápido que tudo aconteceu entre a gente foi tomando conta de mim e como jeito dela faz com que eu queira ela por perto a porra do tempo todo. Minha postura não mostra isso, mas até a respiração dela consegue me manter na linha, manter tudo em ordem.

Eu ainda não sei exatamente o que eu sinto por ela, tá ligado? Eu nunca gostei de definir nada na minha vida, mas eu só sei que eu sinto. E não importa quantas vezes ela vá embora, eu sinto que como um imã ela sempre vai voltar. É como se fosse uma engrenagem automática, como se aqui fosse o lugar dela. Isso me tonteia demais, porque ao mesmo tempo que é tão claro, é tão confuso. É diferente de qualquer coisa que eu já senti em toda a minha vida.

Reviro de um lado para o outro na cama, é como se o sono estivesse ali mas algo o impedia de finalmente me pegar. Puta que pariu! Fecho os olhos em mais uma tentativa falha de dormir e nada, a batida no fundo dos meus pensamentos toma proporção quando começo a me concentrar. A inspiração toma conta e em um pulo, ligo o computador e no áudio do celular começo a fazer a batida do trap com a boca para eu não esquecer. Abro o programa e tento chegar o mais próximo que consegui, quando a batida soa no computador, a letra vem imediatamente na minha cabeça. Essa era a música que faltava pro disco ficar pronto. Caralho!

WAR com Filipe Ret • By ToryOnde histórias criam vida. Descubra agora