Nunca me esqueça...

A decisão

P.O.V. Bella.

Cheguei em casa e subi correndo pro meu quarto. Não ouvi ninguém em chamar, então meu pai já deve ter ido trabalhar.
Precisa tirar aquela angustia que eu tava sentindo. Liguei uma música bem animada, troquei aquela roupa por calça jeans rasgada e um regata branca, peguei todos os salgadinho e doces que queria, coloquei um filme bem legal pra assistir e desliguei a música. Fiquei curtindo o resto da manhã inteira. Cheguei a me esquecer do que rolou. Mas depois que o filme acabou e meus doces também, aquele sentimento voltou. E sabia que não poderia comer pra sempre. Peguei meu caderno e comecei a escrever, tudo o que sentia e o que pensava sobre Jack Miller, a única pessoa que eu não conseguia escrever.
Tudo aquilo me aliviou e muito.
E sabia que tinha tomado a decisão certa.
Vou morar com a minha tia alguns anos e quem sabe ela pode me ajudar.
Por isso tratei de arrumar as minhas malas. Peguei duas malas grandes debaixo da cama e enchi as duas de roupas, livros e pertences necessários. E o mais importante, meu caderno.
Esperei meu pai chegar e explicar tudo.
- Oi pai.
- Filha, chegou mais cedo?
- Ah, mais ou menos isso. Preciso conversar.
- O que aconteceu?
- Pai, decidi que quero morar com minha tia, lá na Califórnia.
- Espera, como assim?
- Vou pelo começo. Não me adaptei a nova escola. Todos daquele lugar ficam fazendo brincadeiras e falando mal pelas minhas costas. E eu to cansada disso.
- E-eu não sabia disso...
- Não tinha como você saber.
- E por isso decidiu que quer ficar com sua tia, na Califórnia?
- É, talvez fosse bom ficar um tempo lá.
- Quanto tempo exatamente?
- Não sei ainda. Mas pai, tenta entender o meu lado. Estou perdida aqui. Preciso disso.
- Quer saber, vamos fazer um trato. Aguentaria ficar três anos longe do seu velho?
- Papai. - e o abracei. Senti ele sorrindo e sorri junto. Meu pai é um máximo. Não é a toa que minha mae era apaixonada por ele.
Nos dois ligamos e conversamos com minha tia, que topou na hora. Sabe como é, sou a única sobrinha dela. Meu vôo seria amanha de manha.
Pra quando chegasse a hora, eu e meu pai fizemos tudo que mais gostávamos de fazer junto. Fomos ate o campo e jogamos beisebol. Ele lançando e eu rebatendo. Assistimos a vários filmes com pipoca e também revemos o álbum de família que minha mãe fez. Foi a última coisa que ela fez antes de viajar e bem... Você sabem.
Quando dei por mim já era meia noite. Tinha que acordar cedo amanha para não atrasar meu vôo. Dei boa noite pro meu pai e fui deitar. Mas não conseguia dormir. Sabia o que faltava. Peguei meu caderno da mala e escrevia que de agora em diante tudo seria diferente. Tudo.