Me abrace

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- Entao, vai me dar uma chance pra um encontro?
- Ei, vai com calma. Falei que podíamos recomeçar, não começar algo novo. Então, volte pra sua namorada que esta logo ali embaixo, que eu vou procurar meus amigos.
- Ok. - ele disse quando sai andando.

Ta bem, resolvi deixar as coisas bem com Jack.
Mas não pense que me esqueci de tudo.
Continuo achando ele um idiota.

Fui pro vestiário e me arrumei. Logo seria o intervalo e estava morrendo de fome. O problema é que quando fui ver, perdi minha corrente. É uma dourada que meu pai me deu de aniversário de sete anos. E é a mesma que ele deu a minha mãe no dia do pedido de casamento. Ele não deu uma aliança, como é de costume.
Droga, mil vezes droga. Onde foi parar?
Sai do vestiário, olhando pelo chão pra ver se caiu. Foi quando vi Julliane falando sem parar e suas amigas olhando pra ela sorridentes. E notei que era sobre uma corrente dourada, que parecia a minha. Mas não dava pra ter certeza desde que eu olhasse atrás, tem que ter as iniciais S.W.
- Julliane. - disse alto. - Posso ver sua corrente?
- Por que quer ver?
- Ah é tão bonita. Posso dar uma olhada?
- Não. Não quero que a toque.
- Você parece nervosa. Será que não é porque... Essa corrente é minha? - sorri e a encarei bem nos olhos. Estava fazendo meu olhar mortal, como meu pai dizia.
- N-Não sei do que tá falando...
- Não se faça de boba. Vamos terminar logo com isso. Ninguém precisa sair machucado.
- Olha, não sei qual é o seu problema, mas não vai me ameaçar.
- Me deixa ver, se não for a minha, te peço desculpas e te deixo em paz. Prometo.
- Ok, toma.
E sabe o que tinha no verso? As iniciais da minha mãe, e a data que meus pais se conheceram. Senti meus olhos marejarem, mas não ia dar esse gostinho pra essa idiota. Só levantei a cabeça e a empurrei. Com um pouco de força. Por sorte ela consegui se segurar. Cheguei perto dela e agarrei seu ombro.
- Da próxima vez que você fazer alguma coisa assim, não vou me segurar como estou fazendo agora. Então toma cuidado, sua idiota insuportável. Seu rostinho lindo pode virar algo trágico. - praticamente joguei o ombro dela, e vi seu rosto meio surpreso, como se quisesse fingir. Me levantei e empurrei com raiva as pessoas na minha frente.
Sai correndo da quadra e fui até a biblioteca. Me lembro daquela área que ninguém nunca vai e fiquei lá chorando e agarrada a corrente. Aquilo sempre foi especial pra mim. Foi o meu segredo. Não devia ter deixado sozinho.
- Me desculpa, mãe. - sussurrei.
- Bella? - ouvi alguém atrás de mim. - Bella, está tudo bem?
Sequei as lágrimas e me virei. Chris.
- Não é nada.
- Tá na cara que não é nada. O que houve?
- Julliane aconteceu. Ela pegou a minha corrente. - mostrei pra ele.
- E por isso você está chorando? - ele arqueou a sobrancelha e se agachou do meu lado.
- Não é só uma corrente. Era da minha mãe, quando meu pai a pediu em casamento. E ele me deu quando tinha sete anos. Sinto falta dela, e essa era uma lembrança que eu mais guardava. Foi como se ela tivesse roubado a minha mãe.
- Sinto muito. Não sabia que era tão importante.
- Não foi culpa sua.
- Tá, só não fica chorando. Me dói te ver desse jeito.
Sorri pra ele, limpei os olhos e o abracei forte. E ele me abraçou forte também. Me senti segura, algo que só sentia ao abraçar meu pai. Me afastei um pouco e senti a respiração dele tão próxima da minha. E seus olhos olhando os meus.
É cada vez nos aproximávamos mais...
Não sei como aconteceu, mas me lembro de como me senti quando ele me beijou, tão doce e calmo.
Nos separamos aos pouco, e ainda estava de olhos fechados. Mas sabia que eu estava sorrindo.
Quando o olhei de novo, ele me olhava. Não falamos mais nada. Ele só continuou abraçado a mim.

Ficamos ali até ouvirmos o sinal tocar. Era hora do intervalo. Mas não queria sair dali agora.
- Bella, acho melhor irmos.
- Tá, não queria ir, mas você tem razão. - ele se levantou e me ajudou a levantar. Fiquei olhando a mão dele com a minha.
- O que está pensando?
- O que rolou agora, era o que você queria?
- Não vou dizer que não era. - ele sorriu.
Coloquei minha mão no seu ombro e dei um beijo rápido nele. E ele sorriu mais ainda.
Então saímos de lá e fomos pro refeitório. Encontrei meus amigos e ficamos rindo e conversando como sempre.
Mas algo estava diferente. Talvez seja Chris, talvez seja eu... Talvez seja o fato daquele ter sido meu primeiro beijo...
Ainda não sei.
Mas não ligo. Ainda é muito confuso...

Nunca me esqueça...Onde histórias criam vida. Descubra agora