Só por hoje

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— Você não queria saber sobre o meu passado? — ele puxa meu braço me fazendo sentar ao seu lado — Eu vou te contar.

— Heeseung, eu não quero que você me conte porque está bêbado, não precisa falar se não quiser.

— Eu me senti mal por não te contar — ele deita a cabeça no meu ombro — Eu deveria ter te falado quando você perguntou.

— Tá tudo bem, não precisa me falar nada — a minha curiosidade era gigantesca, mas tem algo por trás disso que o deixa assim, tão... Frágil, e eu não quero deixá-lo pior do que já está.

— O nome dela é So-hyun. Eu conheci ela no segundo ano do ensino médio. Estava realmente apaixonado. Namoramos por seis meses, os piores seis meses da minha vida. Sabe quando dizem que "o amor cega", no meu caso eu já tinha arrancando meus próprios olhos e jogado fora pra não ver quem era ela de verdade — ele deixa um longo suspiro — Meus amigos sempre me avisaram sobre ela, mas eu estava cego demais para acreditar. Haviam tantos rumores sobre ela, e eu como o idiota que era, ignorei todos...

— Heeseung, não precisa continuar-

— Um dia me disseram que ela estava me esperando em um jardim atrás da escola, eu fui até lá, imaginando mil e um motivos pra ela estar me esperando lá. Quando cheguei ao local, encontrei ela... com o Ji-hoon, aquele otário. Foi o suficiente para cair a ficha, eu finalmente pude perceber como estava enganado.

— Heeseung, já chega — insisti vendo as lágrimas rolarem pelo rosto dele.

— Depois disso eu nunca mais gostei de ninguém, era tudo passageiro, apenas divertimento, não conseguia me prender a alguém, não conseguia criar raízes — levei a mão até o rosto dele secando as lágrimas com meu polegar — Eu estava preso, condenado a ficar sozinho, sem previsão de algum dia preencher o vazio.

— "Estava"? — perguntei sem perceber.

— Estava, mas aí... — ele para de falar e leva a mão até a boca — Eu acho que eu vou... — Heeseung corre em direção ao banheiro e eu o sigo.

— Isso é sério? — levo a mão até o rosto vendo ele vomitar na pia do banheiro — Seu idiota — reclamo passando a mão nas costas dele.

Após por tudo pra fora, ele lava o rosto. Em seguida passa por mim ainda cambaleando e vai em direção ao meu quarto. 

Eu o sigo sem entender o que ele pretendia. Heeseung adentra o quarto e se joga sobre a minha cama.

— Yah! Você não pode dormir aí!

— Por que não? — ele indaga se ajeitando na cama.

— Porque essa é a minha cama, seu insuportável!

— Onde tá meu celular?

— E como eu vou saber onde tá seu celular? 

— Procura pra mim.

— Procurar? Olha aqui... — coloquei as mãos na cintura e dei uma voltinha enquanto tentava me acalmar.

— Avisa a minha mãe que eu tô aqui — ele pede manhoso.

— Ah seu grande idiota — Resmunguo mais pra mim mesma enquanto dava meia volta e ia até a sala.

Procurei o celular dele pelo sofá, mas só encontrei a carteira. Então voltei para o quarto. Eu tô mesmo me prestando a fazer isso? O que eu sou? Uma babá com um contrato? — reclamava mentalmente me aproximando da cama.

— Eu não encontrei.

— Ah! Espera, acho que tá no meu bolso.

— O que? — da minha boca saiu um simples "o que?" , Mas a verdade é que passaram vários chingamentos na minha cabeça.

A contract - Lee HeeseungOnde histórias criam vida. Descubra agora