Naquela noite

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Após jogar aquela bomba em cima de mim, Jay simplesmente seguiu em direção ao amigo. E eu? Eu estava imóvel. Apenas tentava raciocinar, ou pelo menos encontrar uma forma de encarar Lee Heeseung mais uma vez. Vendo que não conseguiria se quer chegar perto deles naquele momento, recuei. Sai da varanda, mas não em direção aos dois garotos, e sim em uma direção contrária. 

A praia era grande o suficiente para que eu pudesse fugir por um tempo. Caminhei pela areia até que não pudesse mais ser vista por eles. A água se movimentava calmamente e ameaçava molhar meus pés. Simplesmente tirei os tênis e permiti que ela o fizesse.

Cheguei mais perto e pude finalmente sentir a água me molhar. Era fria, porém confortável. A sensação de ter a areia fugindo por entre meus pés era inacreditávelmente relaxante. E aquilo era tudo que eu queria poder fazer agora. Dispersar todos os meus sentimentos e deixar que a água os leve embora. Era como um turbilhão na minha cabeça. E era tão difícil entender. Eu poderia apenas ficar alí, a tarde inteira. Só até que eu consiga assimilar tudo que está acontecendo; só até que eu aceite por completo o que vem a seguir.

— Mas... O que vem a seguir? — Deixei a pergunta no ar enquanto me sentava sobre a areia. 

Estava explícito há muito tempo; o contrato acaba. E estava mais explícito ainda, que eu não vou trazer isso átona. Se eu tiver que pagar uma maldita multa para não ter o coração dilacerado mais uma vez, eu farei. Eu acabo com tudo isso antes mesmo desse sentimento fincar raízes em mim. Eu rasgo esse contrato e corto qualquer tipo de relação com Lee Heeseung antes que ele quebre meu coração em pedacinhos. Eu farei o que tiver que fazer. 

O sol alaranjado começava a se esconder atrás do horizonte azul. O céu tomou um tom rosa e água não era mais azul claro. Puxei o celular do bolso e tirei uma foto. Era bonito demais para que eu não resgistrasse. Analisei a foto e desliguei o aparelho novamente deixando-o ao lado dos tênis. Apenas ouvia atentamente o barulho da água se movendo. Era tão relaxante. A brisa fresca tornava tudo ainda mais natural. Era o mais próximo que eu tinha ficado da natureza nos últimos meses. Depois de um bom tempo convivendo com concreto e eletrodomésticos, isso era um refúgio.

— Fugindo de algo? — A voz melodiosa se misturou aos sons e aumentou o meu êxtase. Olhei-o por cima do ombro e acompanhei seus movimentos preguiçosos. Estranhamente não me causou nenhum efeito colateral.

— Talvez. — respondi. Voltei-me novamente para a paisagem à minha frente. Senti, então, Heeseung sentar-se ao meu lado. Há um tempo atrás eu não conseguiria manter a calma estando tão perto dele, mas agora eu percebo que não era grande coisa. Era só o Heeseung. — Como me encontrou?

— Não foi tão difícil — ajeitou-se —, Só segui a praia.

— Ah. — vagueei os olhos pela praia. — Você está bem agora? Parecia um zumbi durante a viagem.

— Eu estou bem. Só é difícil relembrar algumas coisas, sabe?

— Não é como se eu soubesse de algo. — susurrei inaudível.

— O quê?

— Nada. — murmurei sem encará-lo. 

— Você quer mesmo saber o que aconteceu? — voltei-me rápdamente para ele ao ouvir sua pergunta. Heeseung parecia distante, talvez não fosse a melhor opção fazê-lo reviver isso, seja lá o que for.

— Você não precisa me contar nada. — neguei. — Não é uma obrigação sua.

— Foi há dois anos... — ele começou.

— Heeseung.

— Fica quieta. — reclamou me olhando sério. — Um dia eu teria que te contar, então é melhor falar agora que já estou revivendo tudo de novo.

A contract - Lee HeeseungOnde histórias criam vida. Descubra agora