Um gole;

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— Su-ho?

— Eu quase não acreditei que fosse você saindo daquela casa, como o destino é imprevisível.

— Você nem imagina o quanto. — murmurei me desvencilhando de sua mão.

— Eu realmente preciso falar com você.

— Me pergunto o que de tão importante você teria pra falar comigo depois de tantos anos. — falei. Ele está sendo incrívelmente persistente sobre isso, e eu já estava começando a me incomodar.

— Escuta, eu não terminei com você por conveniência, eu iria embora e não queria te magoar.

— Não queria me magoar? — sorri amarga — e o que você acha que aconteceu depois que eu li aquela maldita mensagem? Fiquei feliz?

— Eu sabia que você iria querer me esperar, e não poderia fazer isso com você, não seria justo parar a sua vida por mim-

— Já chega Su-ho. — o interrompi. — Por quê falar tudo isso agora? Não vai mudar absolutamente nada. Deveria ter dito isso aquele dia, ao invés de mandar uma mensagem terminando friamente seja lá o que nós tínhamos.

— Eu só não queria que você continuasse sentindo raiva de mim, eu não sou o monstro que você acha que eu sou.

— Eu nunca te considerei um "monstro", Su-ho. Mas também não melhorou muita coisa vindo falar comigo depois de tantos anos.

— Eu só quero que você me desculpe, só isso, me senti muito mal depois de te ver, fiquei me sentindo um babaca completo — pegou a minha mão — Só diz que me perdoa, por favor.

— Tudo bem, eu te perdôo. Não é como se eu gostasse de guardar mágoa. 

— Obrigado. Talvez você não acredite, mas a minha consciência estava realmente pesada.

— Eu acredito — puxei minha mão de volta sutilmente — Eu preciso ir.

— Ah, certo.

Dei as costas e sai caminhando pela calçada. Deixando para trás alguém que eu não esperava reencontrar novamente. E por incrível que pareça, só queria me pedir desculpas. Eu não sei explicar o que sentia agora, me sentia mal por tê-lo interpretado errado e ao mesmo tempo dizia a mim mesma que não precisava me sentir assim, que apesar dele ter se desculpado, não muda o fato de que agiu errado um tempo atrás.

Após comprar a ração do Mi-sun, voltei para casa. Escolhi a dedo uma das garrafas de vinho que tinha no armário. A dias ansiava por elas. Tenho um pequeno intervalo entre hoje e domingo — ou seja, o sábado —, sem problema. O que me impedia de beber era o trabalho no dia seguinte, mas é final de semana, a deixa perfeita, para encher a cara.

Comecei a beber. Sem pausa. Continuamente. Desesperadamente. Tão impulsivamente, que nem sequer percebi quando sequei a primeira garrafa. Exatamente; a primeira de mais duas garrafas. Eu nem ao menos sabia porquê estava bebendo. Sempre julguei pessoas que bebiam para esquecer os problemas, mas acho que esse não é meu caso. Não tenho tantos problemas, estou bebendo porque... porque... Eu sei lá porque estou bebendo.

Acertar a porta do quarto agora parecia o meu maior desafio — ri de mim mesma por estar em uma situação como essa; de novo. Finalmente entrando no quarto, me joguei sobre a cama, ainda agarrada a uma garrafa de vinho. Vestida com o sobretudo de Heeseung, o que me trazia o seu cheiro. Coisa que só me fazia querer beber ainda mais, desconheço os motivos de tais sentimentos, apenas bebo; um gole; e outro; e mais outro.

[...]

Acordei com a campainha sendo tocada incessantemente, alguém não quer me deixar dormir. EM PLENO SÁBADO. Sem contar que minha cabeça parece que vai explodir, e esse barulho não ajuda muito. Tapei o ouvido com o travesseiro, mas era inútil. Levantei derrotada. Atravessei o quarto e me arrastei até a porta da sala, a abrindo.

A contract - Lee HeeseungOnde histórias criam vida. Descubra agora