Bônus II

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Empurrei a porta da cafeteria e encontrei o lugar vazio. Recentemente tenho saído tarde do trabalho e quase nunca pego o lugar com clientes. Era um pouco decepcionante encontrar tudo vazio.
Um rajada de vento congelante se chocou contra mim e lembrei de fechar a porta. Arrumo o sobretudo no meu corpo e tremo um pouco. O inverno com certeza chegou. Segundos depois um Jin carrancudo passou pela porta da cozinha.
— Deixa a porta fechada, vai molhar tudo!
— Não briga comigo! Nem tá chovendo!
— Aish, tá fazendo o quê aqui? Eu já fechei.
Faço um bico chateado e ele suspira.
— Desculpa, o dia foi estressante hoje. — ele corre a mão pelos fios negros.
— Tudo bem, eu te perdoo. — ando até o mesmo para abraçá-lo.
— Só tá procurando um lugar pra se aquecer, né? — solto um risinho. — Seu marido é outro, desgruda.
— Seu velho chato. — resmungo procurando uma mesa para sentar.
— Eu sei que sou mais bonito que ele, mas não vou ser seu amante. — ele anda rumo à cozinha. — Aigoo, tenho que ficar repetindo isso toda hora.
Acabo sorrindo dele.
Um momento depois ele aparece com uma fatia de torta de limão. Sei disso porque eu sempre como uma quando venho aqui.
— Eu devia tirar umas férias e vir aqui todo dia? — pergunto. Jin puxa uma cadeira para se sentar.
— Férias? — ele pondera sobre algo. — Definitivamente não combina com você.
— Eu sei. — pego o garfo e corto um pedaço de torta. — Mas eu não tiro férias desde o casamento. — suspiro. — Estou tão cansada esses dias.
— Você? Cansada? — Jin solta um riso contido. — Essa é nova.
— Eu não sou uma máquina, tá? — levo o pedaço de torna à boca. O saber parecia estranho e diferente do normal.
— Às vezes parece que é. — Jin provoca.
Mas estou ocupada demais ficando enjoada.
Levanto abruptamente e corro até o banheiro nos fundos da cozinha. A voz de Jin é distante e não ouço seus questionamentos quando me ajoelho na frente do vaso sanitário, colocar as estranhas para fora era meu foco. Ele gentilmente segura as mechas soltas que caiam no meu rosto enquanto eu vomitava.
Um tempo depois o enjoo dissipou e eu consegui levantar para lavar o rosto.
— Droga, o que foi isso? — Jin pergunta quando caminhamos de volta para a mesa.
— Você me deu comida estragada? — questiono. Jin faz uma cara de quem estava extremamente ofendido.
— Eu não sirvo comida estragada aqui.
— Essa droga de torta não tá normal. — me sento na cadeira, e só olhar para ela me faria vomitar de novo, se tivesse sobrado algo na barriga.
Jin dá uma garfada na torta e leva até a boca, provando.
— Não parece estranho pra mim.
— Pois pra mim parece. — faço uma careta ao lembrar o gosto. — Ew, nojento.
Jin repentinamente estreita os olhos na minha direção.
— Tem certeza que o problema é a torta?
— Bem... na verdade... — forço a mente. — o cheiro da comida do refeitório da empresa me embrulha o estômago, não vou lá há dias.
Seokjin solta um suspiro e se costa na cadeira.
— Acha que eu tenho alguma doença?
— Na verdade... — ele olhou para fora por um momento. — Espera aqui, eu já volto.
Abro a boca para perguntar onde ele está indo, mas desisto. Assisto Jin sair pela porta. Me pergunto se ele foi comprar algum remédio.
Procuro pelo meio celular e abro a tela. Considerando marcar uma consulta no médico. Me distraio olhando as fotos que minha sogra mandou do Mi-sun. Agora que ela se separou e está morando sozinha, acabo deixando ele passar um tempo com ela. Antes que eu perceba Jin já está de volta. Ele joga uma sacola encima da mesa. Abro e vejo que são testes de farmácia. Duas caixas.
— Mas que... — encaro ele. — Eu não tô grávida, caralho!
— Aposto que está.
— Não! Eu não estou!
— Sério? — ele cruza os braços. — Enjoos, cansaço, humor mudando...
— Q-que... merda você tá... — soltei uma risada incrédula.  — Quando foi que meu humor mudou?
— Você está toda melosa esses dias.
— Ao inferno que estou! — meus olhos lacrimejam. Contenho a vontade estranha de chorar.
— Aí! Tá vendo? Quando foi que eu te vi chorar assim?
— Eu não tô chorando, caralho! — Sinto as lágrimas rolarem pela bochecha e esfregou o rosto com as mãos.
— É mesmo?
— Que merda. — agarro uma das caixinhas e ando furiosa até o banheiro. — Que se foda, é só a droga de um resfriado.
Ao terminar, olho o resultado, ignoro, saio do banheiro e pego o outro teste, Jin que estava sentado apenas observa em silêncio.
Faço o segundo teste, o resultado é o mesmo.
Saio ainda mais furiosa do que entrei.
Jogo os dois testes na mesa e pego meu celular.
Jin analiza os dois e exala um ar de "eu te disse".
— Daebak! — ele ri. — Vou ser tio de novo.
— Cala boca, esses testes de farmácia não são eficazes. Vou marcar um exame de sangue.
— É quase improvável que dê errado duas vezes. — ele diz.
— Não tem como isso ter acontecido!
— Não? Então ele espirrou perto de você e de repente você apareceu grávida? — cubro o rosto com as mãos. — Não faz nem ideia de como aconteceu?
— Não tem como... — no entanto, ao forçar a mente, lembro de algo. — A não ser que...
Recordo o dia de três semanas atrás, quando Jin me convidou para sair.

A contract - Lee HeeseungOnde histórias criam vida. Descubra agora