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Yoongi sempre foi um jovem quieto. Ele era facilmente levado pelo impulso e não gostava das consequências disso. Por isso começou a ser mais quieto, tentar controlar seus atos, pensar antes de agir. E funcionou bem, Yoongi se tornou uma pessoa calculista. Seus passos eram contados, suas ações eram detalhistas, porque ele gosta do controle que suas escolhas geravam.

Yoongi não se lembra de uma vida sem os Angels. Seus pais faziam parte da rebelião, e ensinou Yoongi a agir em diferentes situações, mas eram pais perfeitos. Yoongi os amava. Yoongi os perdeu fácil demais.

Um pouco após conhecer Valerie, um ataque, comandado pelos Wings, surgiu inesperado. Em várias explosões, tudo foi por água a baixo. E em um piscar de olhos tudo desabou. Seus pais faleceram, os pais de Valerie se foram.

Yoongi acredita que a dor foi o ponto chave na união entre ele e Valerie, que a vontade de vingar a morte de seus pais os fizeram forte, e que a luta pela mesma causa os tornou família.

E agora ela era como uma desconhecida. Dormindo debaixo do mesmo teto, compartilhando suas missões, seus ideais, mas não era como antes. Isso irritava Yoongi, no entanto, ele entendia que não era culpa dela. Nada disso era.

Hoseok, por outro lado, parecia estar cego, perdido na própria dor. Yoongi também não o culpava, também entendia a forma dele agir. Porém, não concordava.

Quando abriu os olhos, Hoseok não sabia se o incômodo que sentiu foi pela luz forte do consultório de Seokjin ou a imensa dor de cabeça por conta da ressaca. Sem contar a dor em seu corpo, a forma que parecia que seus ossos estavam se desfazendo lentamente.

Se amaldiçoou por ser tão imprudente em meio a horas de uma missão importante. Mas passará, ele ia se levantar e seguir como o planejado.

Hoseok se sentou devagar na cama improvisada, se perguntando quando chegou la, e como. Analisou a sua volta, viu os utensílios que seokjin usava na enfermaria, viu também os analgésicos que provavelmente o ajudaria muito no momento, e então por fim, de uma forma quase tão desagradável quanto a luz daquele lugar, Min Yoongi encarava Hoseok esperando que de alguma forma as explicações viessem.

— Espero que tenha dormido bem. — Yoongi disse, de certa forma rude, mesmo que no fundo, Hoseok sabia ter pelo menos uma pequena quantidade de preocupação.

— Fiz merda, eu sei. — Hoseok sorriu, sem humor, distante. Um ato quase que devastador.

— Sim, você fez. Cheguei na boate e. vez de flores, álcool, ou seja lá o que faz parte de uma boa recepção, eu dou de cara com quatro caras desmaiados. — Yoongi se sentou no banco perto da mesa de metal e cruzou os braços. — Normal! Briga de bar acontece toda hora. Mas eles não eram um grupo comum de bêbados. Eram a porra dos fornecedores de drogas dessa bendita C3. — Hoseok Piscou devagar tentando nao reclamar da dor em sua cabeça.

— Eles me atacaram Yoongi, eu só revidei. — Justificou encarando os curativos em sua mão.

— Hoseok, você quase matou eles. — A voz de Yoongi soou decepcionada, sombria ao ponto de fazer Hoseok sentir calafrios. — Isso se Dom sobreviver, porque acredito que ele já está em um ligar melhor... ou pior. — Yoongi respirou fundo.

— Eu tentei não fazer nada.

— Eu imagino. — Yoongi debochou. — Você devia ter chamado alguém. Você é inteligente Hoseok, sabe agir em momentos críticos, sabe o que fazer em momentos de confusão, sabe se defender e defender os outros, eu confio em você de olhos fechados. — Hoseok encarou Yoongi, triste, por ouvir aquilo, por sentir que mais uma vez ele decepcionou Alguém. — Mas espero que você não estrague tudo tendo atitudes inconsequentes que coloque sua vida em risco sem pelo menos um motivo plausível.

Hoseok não disse nada, o silêncio era uma forma de aceitar as palavras de Yoongi, mesmo que doessem, eram a verdade.

— Quem me encontrou? — Perguntou depois de alguns minutos.

— Valerie. — Respondeu rápido encarando Hoseok com curiosidade. — Não se lembra do que aconteceu?

— Não. — Yoongi viu o desespero no olhar de Hoseok. Sentiu seu medo, medo de sua suas palavras e seus atos. Hoseok tentava clarear as coisas que fez na noite anterior.

— Ela não contou tudo, mas disse que você estava delirando e chorando um pouco antes de desmaiar. — Yoongi esclareceu.

A mente de Hoseok gritou. Em um instante ele entendeu, ele constatou o que aconteceu. Suas palavras, o que disse a ilusão, que, na verdade, era real. Valerie ouviu sua lamentação e suas desculpas.

— O que você disse a ela Hoseok? — A pergunta soou quase como uma ordem.

— Eu me desculpei. — Era fácil ceder as perguntas de Yoongi e Hoseok não tinhas forças para revidar. Mesmo que omitisse boa parte do que realmente disse.

— Se desculpou?! Pelo que exatamente? — Yoongi perguntou desacreditado.

— Lembro-me vagamente... Foi o que aconteceu na ponte. — Hoseok encostou na parece, encarando o teto. A dor de cabeça nem era tão forte assim.

— Hoseok — Yoongi o chamou rígido. — Qual foi a primeira coisa que Seokjin contou a Valerie após trazê-la para o esconderijo?

— Ele contou do acidente. — Hoseok respondeu encarando Yoongi.

— Exatamente. Ele contou na esperança que fosse um gatilho para ela se lembrar. E o que aconteceu depois? — Yoongi estralou os dedos.

— Ela chorou...— Yoongi esperou que hoseok continuasse. — Ela se esqueceu da conversa com Seokjin.

— Sabe, o que aconteceu naquela ponte, pode ter sido absolutamente nada para nós, mas para Valerie foi algo tão terrível ao ponto dela simplesmente bloquear a lembrança. O subconsciente dela se recusa a lembrar do trauma. E não é sua culpa. Você não a deixou cair, você não a empurrou da ponte, nem mesmo obrigou ela a ir à missão Hoseok. — Yoongi se afastou passando as mãos no cabelo platinado — Não somos os culpados nessa história Hoseok. Você tem que entender que Valerie não precisa de mais confusão em sua mente, ela precisa de esclarecimentos. E você não esta ajudando ela agindo dessa forma, só a deixando mais confusa.

— Yoongi eu não consigo...

— Não! — Yoongi o interrompeu. — Hoseok, Valerie era importante para todo mundo. É difícil para todos. Ela era minha irmã Hoseok, minha família, sabe como foi perder minha família de novo? — Hoseok se calou percebendo o tom de voz de Yoongi se alterar um pouco. — Hoseok tentar não custa nada. Pode ser difícil, mas no momento ela precisa disso, ela precisa que estejamos aqui por ela.

— Estou atrapalhando algo? — Seokjin entrou no consultório andando diretamente a Hoseok. — Como se sente? — Perguntou baixo segurando o queixo de Hoseok o analisando.

— Dores por todo o corpo. — Hoseok respondeu agradecendo mentalmente por Seokjin estar naquele cômodo.

— Era de se esperar. — Seokjin andou até a mesa com os analgésicos.— Podem continuar a discutir, aproveitem que Valerie não está presente, porque é possível ouvir tudo do lado de fora. — Seokjin esclareceu fazendo Yoongi suspirar.

— Mudamos o foco por agora. Precisamos pensar na missão e nada pode dar errado. — Yoongi andou até a porta. — Mas pensa no que eu disse. — Hoseok afirmou vendo o Min sair pela porta.

— Sabe que ele tem um ponto certo nisso tudo. — Seokjin se levantou segurando um saquinho de analgésicos.

— Eu sei. — Hoseok afirmou descendo da cama devagar.

— Hoseok, tome dois por dia. Nada mais que isso. — Hoseok sentiu a seriedade na voz de Seokjin e afirmou segurando o pacote. — Agora levante-se e recomponha. Temos uma missão.

Hoseok fez o que foi dito. Ou pelo menos parte. Hoseok fingiu estar bem e tomou o analgésico. tomou um banho e lançou suas preocupações a missão, deixando de lado seus devaneios pessoais. Por hora. 




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Até logo🦋💜

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