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— Nao gosto da ideia de ser feita de borracha. — Ozy disse se olhando no espelho.

— Não é feita  de borracha, é feita  de si mesma. — Samy afirmou mexendo no computador. — Seu corpo só passou por uma simples cirurgia de reparo, a única coisa que você tem nele que não é sua, é o chipe de reconhecimento.

— Péssima. — Ozy disse voltando a se sentar na maca. — Me sinto péssima.

— A maioria se sente. Perdemos uma maleta dourada. Sabe o que significa, vamos sofrer para recuperar. — Samy respirou fundo.

— Quantos rebeldes conseguiram capturar? — Ozy se deitou sentindo todo seu corpo doer.

— Cinco. Mas você sabe que eles não abrem a boca, mesmo que os torturem até a morte.

— O que disseram sobre eu ter desmaiado?

— A médica falou que você estava sobrecarregada, a missão de manhã e a invasão durante o dia fez com que você se sobrecarregasse. Além de que você mal se recuperou de uma explosão e saiu a campo. — Samy mordeu o lábio. — Não sei  como está viva. Isso também  explica o porque de ter dormido o fia inteiro.

— Pensei ter lembrado de algo. — Ozy sussurrou  chamando a atenção de Samy para si.

— Precisa  dizer aos médicos sobre isso. — Samy fez a cadeira levá-la  até a maca de Ozy.

— Não sei se quero dizer. — Ozy sussurrou olhando para cima.

— Mas precisa. — Samy afirmou quase que ordenando. — Zart mandou dizer que quando se recuperar precisa passar pelo interrogatório, disseram ver você conversando com um rebelde. — Ozy encarou Samy e não disse nada. — Agora descanse um pouco e quando acordar se sentirá melhor. Preciso ir. — A garota levantou e acenou para Ozy que apenas se ajeitou na maca e tentou  ignorou seus pensamentos, porém, aqueles olhos e aquela voz não saia de sua cabeça.


Valerie?

Quem era Valerie,  e por que esse nome mexe tanto com ela?

Aos poucos Ozy adormeceu por conta do efeito dos remédios que aplicaram-na.






— Promete voltar? — Ouviu -se a voz que parecia conhecer.

Ventava como se estivesse em uma forte tempestade. Estranho não poder ver nada ao seu redor, mas era como se estivesse em um lugar conhecido porém nunca esteve realmente lá.

— Promete voltar? — Os olhos tristes lhe encararam como se fossem chorar.

Estranho era sentir tudo mesmo não sentindo nada.  Era uma completa e estranha bagunça.

Sua cabeça doía, como se tentasse enxergar algo que está muito distante, entretanto, por mais que tente, não conseguia  ver.

— Apenas volte. — A voz saiu como um sussurro pedindo triste.

E foi rápido quando o corpo de Ozy caiu no abismo de sua mente então logo a despertou para a realidade.


Com falta de ar Ozy se sentou depressa na maca, chamando a atenção do médico que estava no local, Ozy sentiu uma pontada de dor em sua cabeça como de fosse explodir. O médico chamou a enfermeira e eles aplicaram um remédio para acalmar a garota que parecia desesperada, aos pouco  Ozy voltou a respirar normalmente enquanto sentia que tudo ao seu redor era uma grande história mal contada.

— Vejo que acordou. — Zart entrou no quarto acompanhado de uma mulher bem vestida.

Ozy respirou fundo encarando a mulher de pele clara e traços asiáticos, mas o que realmente lhe chamou a atenção foram os cabelos platinados e curtos.

— Essa é a Major Kyoto. — Ozy não conseguia dizer muito e uma enfermeira ainda estava ao seu lado. — Alguns agentes viram você conversando com o rebelde que carregava a maleta dourada. Isso é verdade? — Zart sentou-se na cadeira ao lado da maca que Ozy estava deitada e um suspiro pesado da parte da garota foi ouvido no silêncio que se instalou.

— Não diria que foi uma conversa. — Ozy  respondeu tentando se acalmar.

— O que diria que foi? — Zart perguntou e Ozy se sentou incomodada pelo fato da mulher não ter dito nada.

— Eu tentei recuperar a maleta, o reforço estava demorando e o rebelde estava quase atravessando a ponte quando ele acertou minha cabeça. — Ozy tentava não ficar nervosa. — Acho que eu não tinha me recuperado totalmente do acidente que ocorreu na missão anterior. — Explicou,  Zart juntou as mãos olhando por segundos para a mulher que colocou as mãos no bolso da calça social preta.

— Está me dizendo que não ouve troca de palavras entre você e o rebelde?— A mulher enfim disse algo.

— Sim. — Ozy respondeu firme e agradeceu por não estar em uma sala de interrogatório.

— Eu confio na minha agente. — Zart se levantou. — E acredito que ela diz a verdade.

— Pois eu acho que ela não é nada confiável. — A Major disse simples encarando Zart e logo encarou Ozy. — Ela não se lembra de seu passado e acho que gosta de ocultar a verdade. — Estreitou os olhos encarando Ozy que respirou fundo sentindo sua cabeça doer.

— Desculpe interromper, mas  a minha paciente precisa descansar, ela não está totalmente recuperada. — O médico disse chamando a atenção para si.

— Tudo bem. — A mulher sorriu.

Zart e Major Kyoto saíram lado a lado desconfiados. Ozy respirou fundo não caindo no papo de “eu confio na minha agente”. Zart não teria nem ao menos levado a Major até Ozy se não estivesse desconfiado. Os Wings são a todo tempo desconfiados uns com os outros, não confiam em ninguém e nem ao menos criam laços com  seus parceiros de equipe, tudo para facilitar caso haja traição.

— Preciso de alta. — Ozy se a levantou e médico  franziu o cenho.

— A senhorita não está cem por cento, não posso permitir que ganhe alta. — O médico falou, Ozy apenas revirou os olhos e sorriu.

— Pode sim, estou bem. — Falou ficando séria e o médico engoliu em seco.

— Se assinar um documento responsabilizando pelos seus atos irresponsáveis, posso liberá-la. — Ozy sorriu simples.

— Obrigada. — Agradeceu e esperou o médico sair para se vestir.

Uma coisa Ozy não conseguia tirar de sua cabeça, era seus pequenos resquícios de lembrança. Ela sabia que era lembrança mas não entendia o porquê de não contar para os médicos. Talvez por não confiar em nada e em ninguém dali.

Depois de assinar os documentos necessários Ozy saiu da ala médica e foi até seu armário. Pegou seus pertences e teve uma ideia, talvez uma das piores que já teve.

Contudo, Ozy tinha um objetivo e faria qualquer coisa para alcançá-lo.

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